Ela superou 11 anos de abuso e está na Rio 2016: "libertador"

Larissa Miller, à esquerda / Foto: Julian Finney / Getty Images

Rio de Janeiro - A australiana Larissa Miller tem uma história de superação capaz de chocar o mais preparado dos corações. Além das dificuldades inerentes a um atleta de alto rendimento, ela precisou enfrentar outro desafio para estar nas Olimpíadas Rio 2016. 

Dos 5 aos 16 anos, ela foi vítima de um crime brutal e covarde, que lhe impediu de crescer como suas colegas da escola, em Queensland, na Austrália. Larissa sofreu 11 anos de abuso sexual por parte de alguém da sua própria família, cuja identidade ela mantém em segredo.

Depois de ter participado em Londres 2012, a atleta resolveu tornar pública sua história. Há menos de um ano ela se libertou e hoje, aos 24 anos, busca encorajar outras pessoas a fazerem o mesmo. 

"Eu cresci muito como pessoa nos últimos anos. Passei a me descobrir melhor. E isso foi muito libertador. A última Olimpíada foi mais para vivenciar a experiência olímpica. Agora estou muito mais focada para alcançar meus objetivos", afirmou, em coletiva no Rio de Janeiro. 
 
Ela conta que a decisão de denunciar o que ocorria contando à família ocorreu quando ela tinha 16 anos. "Cheguei ao ponto onde não havia outra escolha. Eu tinha quase 17 anos e sofria com depressão, ansiedade, insônia e transtorno de estresse pós-traumático. Por mais que eu tentasse esconder, as pessoas ao meu redor percebiam mudanças em mim. Eu mal comia. Brigava muito com minha mãe, que pensava que eu era uma adolescente temperamental. As coisas não podiam continuar daquela forma", contou.
 
Ela primeiro se abriu para a irmã, que contou tudo para sua mãe. A família naturalmente a apoiou e ninguém nunca questionou a veracidade de suas histórias. O esporte então tomou conta da vida e da cabeça da atleta. "A ginástica foi minha salvação", admite. 
 
Depois de Londres foi quando Larissa formalizou as queixas contra o abusador, que foi julgado e preso no ano passado. Em setembro do ano passado ela resolveu divulgar sua história, e se tornou embaixadora da ONG australiana Bravehearts, que ajuda crianças vítimas de abuso como ela. 
 
"Eu não preciso mais esconder. Eu não sou isso. É uma coisa que aconteceu comigo, mas não me define. Eu me sinto mais leve não carregando esse grande peso mais. Mesmo sabendo que, de alguma forma, sempre estará lá", conclui.

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