Sentidos, nadadores comentam ausência de Cielo nas Olimpíadas: "difícil"
Rio de Janeiro - O clima era mesmo de tensão. Nas arquibancadas do Centro Aquático do Parque Olímpico ninguém mais aguentava esperar. Depois de um problema que interrompeu a distribuição de luz, as finais do último dia de natação do Troféu Maria Lenk, sofreram atraso de 45 minutos.
Com isso, a primeira prova da noite foi remarcada para 17h45. Nos bastidores, correria para consertar o que fosse necessários para que a luz voltasse. E não era pra tanto, a primeira prova decidiria o destino do maior astro da natação brasileira: César Cielo.
O campeão olímpico dos 50m livre em Pequim 2008 buscaria, na piscina da Rio 2016, sua última chance de alcançar o índice estabelecido pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) para disputar as Olimpíadas em casa.
Quando pulou na piscina, Cesão, como é chamado pelos amigos, levou consigo a última esperança de sacramentar sua volta por cima, depois de problemas pessoais e meses de recuperação por uma lesão no ombro.
Com todo o esforço, ele conseguiu baixar o tempo feito nas eliminatórias no mesmo dia, de manhã. Mas Bruno Fratus e Ítalo Manzine também baixaram seus últimos tempos e deixaram Cielo em terceiro, fora das Olimpíadas.
"É difícil, muito difícil. Mas não posso dizer que foi completamente uma surpresa. Ano passado foi muito ruim. Esse ano, eu não tive força para levantar. Tentei o máximo que eu podia, mas, realmente, não consegui colocar uma boa prova. Fiquei bem aquém dos meus melhores tempos. O tempo que eu ganhei o Pan-Americano do Rio foi melhor do que o de hoje. No esporte de performance é assim: você não pode parar no tempo. Os adversários vão crescendo. O mérito é todo do Ítalo e do Bruno. Eu perdi para mim mesmo", refletia um Cielo distante e resignado.
Ao pedir desculpas ao pai, à mãe e à família pelo que ele considerou uma "falha", não aguentou e caiu no choro. Foi impossível não relembrar o mesmo choro que, em outros momentos, era de alegria, seja pelo título olímpico em Pequim 2008 ou pelos mundiais que conquistou.
"É difícil, parece que o time está incompleto, é estranho mas o esporte de alto rendimento é isso, essa é a beleza do esporte competitivo. Não tem favorito, não tem melhor absoluto... Eu vou ter que assumir isso abertamente, eu sou fã do César, foi um dos caras que conversou comigo quando eu estava começando a nadar. É difícil, dá uma sensação de time incompleto, mas essa é a beleza do esporte, o Ítalo batalhou muito, estava todo mundo competindo em condições iguais", analisa Bruno Fratus, vice-campeão mundial e melhor tempo do Brasil no ano nos 50m livre.
Thiago Pereira, que figura ao lado de Cielo como um dos maiores nomes da natação brasileira, também lamentou a ausência do amigo.