Izabela vive rotina dos campeões no Mundial de Juvenis
Rio de Janeiro - Izabela Rodrigues quase não dormiu na noite de sexta-feira para sábado por causa das emoções da conquista da medalha de ouro no lançamento do disco no Campeonato Mundial de Juvenis de Atletismo, no Estádio Hayward Field, em Eugene, nos Estados Unidos. Teve de enfrentar o roteiro dos campeões, como dar entrevista internacional e passar por quase duas horas pelo controle de dopagem e, com tudo isso, teve de jantar fora dos alojamentos porque o refeitório da Universidade do Oregon já havia fechado quando estava pronta para voltar para "casa".
O título mundial é a joia da carreira vencedora de Izabela em cinco anos de Atletismo. Não tem ideia de quantos títulos paulistas e brasileiros já conquistou no lançamento do disco e no arremesso do peso desde 2010. No disco, foi campeã do Pan-Americano de Medellín, na Colômbia, e do Sul-Americano de Resistência, na Argentina, ambos no ano passado.
Nascida na cidade de Adamantina, no interior de São Paulo, Izabela comemora 19 anos no próximo sábado 2, e já leva na bagagem para o Brasil "um belo presente de aniversário". As comemorações serão pequenas, já que vida de atleta não permite muito descanso. Ela retorna nesta segunda-feira com o restante da delegação ao Brasil, chegando na terça-feira pela manhã ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em Cumbica. Já no domingo 3 representará a seleção brasileira na prova do arremesso do peso no Campeonato Ibero-Americano de Atletismo, no Ibirapuera, em São Paulo.
"Sou campeã mundial juvenil do disco, mas havia garantido vaga na seleção no peso", lembrou, sorrindo. "Ainda tenho competições importantes este ano como o Campeonato Brasileiro Sub-23 e o Troféu Brasil Caixa de Atletismo."
No último ano como juvenil, Izabela já projeta seu futuro no esporte. Depois de ganhar a desejada medalha de ouro em Eugene, os sonhos passam a ser mais altos. "Vou sentar para conversar com o meu treinador e, certamente, definir planos de preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Serão dois anos de muito treino e de muita dedicação para garantir uma vaga na delegação olímpica", disse Izabela, referindo-se ao técnico João Paulo Alves da Cunha.
Prova perfeita - Para conquistar o ouro - o terceiro na história do Brasil na competição -, Izabela fez uma prova perfeita. Venceu com 58,03 m, novo recorde brasileiro e melhor marca no Ranking da IAAF da categoria, em 2014. Com 57,39 m e 57,12 m, obtidos em outras tentativas, ganharia também a prata e o bronze. A medalha de prata acabou ficando com Valerie Allman, dos Estados Unidos, com 56,75 m, e a de bronze foi para Navjeet Kaur Dhillon, da Índia, com 56,36 m.
"A Izabela é um talento. Está comigo há cinco anos e se continuar nessa evolução que tem apresentado pode brigar pelo índice para a Olimpíada do Rio. Ainda não brigará por uma medalha porque certamente precisará mais tempo de treinamento", comentou João Paulo, que recebeu a atleta por indicação do técnico Aristides Junqueira, o Tide, que orienta Mauro Vinícius Duda da Silva, bicampeão mundial indoor do salto em distância.
Por mais algum tempo, Izabela vai continuar se dedicando ao disco e ao peso, segundo João Paulo. "Ela ainda é nova e tem resultados consistentes na duas provas", lembrou o treinador. Ela teve de abrir mão do arremesso do peso no Mundial de Eugene por causa do programa-horário da competição. "Ela não tinha como fazer a qualificação e eventual final do peso e no mesmo dia disputar a final do disco. Ela foi para a prova em que tinha mais chances e, felizmente, deu tudo certo", observou.