O primeiro medalhista olímpico do atletismo brasileiro

 José Telles da Conceição, então com 21 anos,fez história no atletismo brasileiro / Foto: Arquivo/CBAt

Bragança Paulista - Ele era conhecido como o "homem-equipe", por se destacar em várias provas. Mas foi no salto em altura que o carioca José Telles da Conceição, então com 21 anos, consagrou-se na história do atletismo brasileiro, ao conquistar a primeira medalha olímpica da modalidade, nos Jogos de Helsinque-1952.
 
Nascido em 23 de maio de 1931, no bairro de Olaria, no Rio de Janeiro, Telles já era um trabalhador da indústria quando disputou os Jogos Operários organizados pelo Sesi. Participou de provas de atletismo, mas também jogou futebol, vôlei e basquete.
 
A convite de um amigo, fez teste e ingressou na equipe do Vasco da Gama. Logo depois, transferiu-se para o Flamengo, e virou uma estrela da equipe rubro-negra. Por ser o "homem-equipe"– competia em provas de velocidade, de barreiras, no saltos horizontais e verticais –, ajudava seu clube a conquistar muitos pontos nas competições. O Flamengo dominou o cenário do atletismo carioca e foi tricampeão do Troféu Brasil nos anos 1950 e 1960.
 
Nos Jogos de Helsinque, classificou-se para o salto em altura e o salto triplo. Chegou à disputa da primeira prova como recordista sul-americano, com a marca de 1,98 m, em uma época em que os atletas saltavam em estilos variados e caíam em cima da areia (não havia colchão). Logo, sua presença no pódio não foi uma surpresa. 
 
O salto em altura foi disputado no primeiro dia de provas da Olimpíada, em 20 de julho de 1952. Para ser medalhista de bronze, Telles igualou na final olímpica o seu melhor resultado: 1,98 m, que passou de primeira tentativa. Ainda tentou saltar 2,01 m, mas falhou nas três chances. O ouro ficou com o norte-americano Buddy Davis, que fez 2,04 m, recorde olímpico. A prata foi para seu compatriota Ken Wiesner, com 2,01 m.
 
O brasileiro ainda voltou à pista do Estádio Olímpico de Helsinque no dia 23 de julho, para a qualificação do salto triplo. Ele saltou 14,46 m e ficou em 17º lugar, muito perto de passar à final – a marca mínima de qualificação era 14,55 m, e 15 atletas foram para a decisão, vencida por Adhemar Ferreira da Silva.
 
Telles ainda disputou mais duas edições dos Jogos Olímpicos, em Melbourne-1956 e Roma-1960. Na Austrália, foi à final dos 200 metros e ficou com a 6ª colocação. Também disputou o salto em altura e o revezamento 4x100 m, mas não foi à final. Na Itália, aos 29 anos, correu mais uma vez os 200 m, mas não superou as eliminatórias.
 
Em toda a vitoriosa carreira, Telles estabeleceu 23 recordes brasileiros. Só no salto em altura foram três. Foi o primeiro atleta a superar a marca dos 2,00 m na prova: saltou a exata medida pela primeira vez em 1954, em São Paulo, no Campeonato Sul-Americano. Nos 200 m, bateu o recorde nacional sete vezes – marcou 21.27 nos Jogos Pan-Americanos de 1955.
 
As duas marcas foram superadas apenas na década de 1970: no salto em altura, em 1973, com Irajá Chedid Cecy, que marcou 2,01 m, em Brasília. Nos 200 m, o recorde só foi batido na Olimpíada de Montreal-1976, no Canadá, quando Rui da Silva ficou em quinto lugar, com 20.76.
 
Nos 100 m, Telles movimentou o recorde nacional cinco vezes. Fez 10.76 na semifinal do Pan de 1955 até avançar a incríveis 10.2, em cronometragem manual, dois anos depois, em São Paulo – o recorde também só foi superado na década de 1970. Ainda foi recordista dos 110 m com barreiras (14.2, em 1960) e do decatlo (6.393 pontos, pela tabela atual, em 1954). E integrou seis equipes recordistas no revezamento 4x100 m. A última marca batida ocorreu em 1956, ao lado de João Pires Sobrinho, Ary Façanha de Sá e Jorge Machado Barros, com 41.70.
 
Telles, que sempre conciliou o atletismo com o trabalho em várias funções, deixou as pistas em 1966, já formado em Educação Física. Morreu jovem, aos 43 anos, em 17 de outubro de 1974, quando foi assassinado no caminho de volta do trabalho – Telles teria reagido a uma tentativa de assalto, mas o crime jamais foi esclarecido. 
 
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