Fabiana lamenta doping geral na Rússia: ‘diziam que 99% usava’
Rio de Janeiro – Se o escândalo de doping envolvendo os atletas russos veio a tona há pouco tempo – nesta segunda-feira, um relatório feito por uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada), concluiu haver um esquema do governo russo que acoberta o uso de doping dos atletas -, dentre os atletas o burburinho era grande desde muito tempo.
É o caso de Fabiana Murer, maior atleta brasileira do salto com vara e recordista sul-americana da prova. A atleta afirma ter ouvido conversas a respeito do fato de que a grande maioria dos russos competiam dopados no atletismo. Mas, como os exames atestavam negativo para as substâncias ilícitas, tudo ficava como fofoca.
“A gente ouvia falar algumas coisas, mas ninguém tinha provado nada. Diziam que quem não se dopava não estava na equipe e não tinha os melhores técnicos, que eram 99% usando. A gente fica em dúvida de quem faz uso e de quem não faz. O atletismo perde com isso, mas o legal é que estão investigando, indo atrás para descobrir os casos. É triste para o esporte e chato para os atletas que competem limpos saber que tem gente burlando o sistema”, declara a saltadora.
Prata no último Mundial de Atletismo, em Pequim, a atleta ressalta a qualidade técnica de sua principal rival, a russa Yelena Isinbayeva, campeã olímpica, mundial e detentora do recorde mundial, o qual ela já quebrou 16 vezes.
“Não é só ela (que corre o risco de não vir), mas todas as modalidades do atletismo.Yelena é uma grande atleta, que conquistou várias coisas, parou um tempo e voltou. Ela fez o salto com vara ser reconhecido, mas há outros atletas fazendo show e aqui quem vai fazer o show são os brasileiros. Eu estou fazendo o meu trabalho e só que pensar em saltar alto. Não vai fazer diferença se ela vai estar ou não. Se eu não saltar alto, a medalha não vem”, analisa.
Isinbayeva, por meio de seu técnico Trofimov, disse não estar preocupada com o risco de a delegação de atletismo da Rússia ser expulsa dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, como recomendou o relatório da Wada em sua conclusão. A russa treina para voltar com força total naquela que deverá ser sua última Olimpíada.
Quem também seguiu a linha de Fabiana foi Mauro Vinícius da Silva, o Duda, do salto triplo. “Foi uma grande surpresa. Pela forma como está sendo divulgado, é porque é algo verídico. Nos bastidores, sempre se ouviu dizer que atleta A, B ou C da Rússia estaria tomando substâncias proibidas. A gente passou a ouvir isso em 2012. Mostra que a falação de antes era concreta. Infelizmente, isso mancha o esporte”, finalizou o atleta.
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