Diretora do COB mente para aparecer em livro sobre atletas olímpicos
Rio de Janeiro – A pesquisadora Kátia Rubio, da Escola de Educação Física e Esporte da USP (Universidade de São Paulo), passou mais de uma década reunindo informações sobre os atletas olímpicos do Brasil. Como resultado, lançou o livro “Atletas Olímpicos Brasileiros”, publicado em agosto pela editora Sesi-SP.
A professora juntou, em uma só obra, todos os dados dos atletas que já disputaram alguma modalidade nos Jogos Olímpicos representando o Brasil. É, possivelmente, a maior obra literária sobre o assunto já publicada no País. Importantes nomes que fizeram parte dessa história conversaram com Kátia, como Romário, Bernardinho, Anderson Varejão, Joaquim Ccruz etc.
Mas, um caso em especial chama a atenção, como relata em seu blog a pesquisadora, replicado depois no blog do Daniel Brito, na UOL. Confira a explicação de Kátia:
“Uma história nos escapou. Uma pessoa se passou por atleta olímpico sem sê-lo, e diferentemente de outras que conseguimos conferir antes da publicação, essa está lá no livro. Isso porque seu caso foi um dos que teoricamente não chegou a competir por motivo de lesão. Até aí, estaríamos cobertos de razão exceto pelo fato de ela nem ter alcançado índice olímpico, nem tampouco ter chegado à Vila Olímpica.
Em seu depoimento, gravado em vídeo, ela conta detalhes do embarque para os Jogos Olímpicos, do uniforme que era feio, do treinamento no qual se lesionou e do retorno ao Brasil. Para mim, teria sido mais um dos casos pitorescos que exprime o desejo de ser olímpico, facilmente explicável pelas teorias psicológicas, não fosse a indignação das colegas de modalidade que no mesmo dia do lançamento do livro me alertaram sobre o erro.
Sei que no princípio pareceu falta de rigor da minha parte, o que levou ao questionamento da pesquisa em si, por parte delas, e a uma revisão detalhada da entrevista gravada para a confirmação de um mau entendimento da minha parte. Mas não. Lá estava a entrevistada, oferecendo detalhes, impressões, análises e posições sobre os feitos ocorridos com ela, com as companheiras de time e com a delegação brasileira naquele evento.
A sensação de alívio por não ter cometido um erro grosseiro como esse não apagou, nem minimizou, o mal estar das colegas de geração. Sentindo-se desrespeitadas por verem invadida uma seara construída com o esforço e o trabalho que só um atleta que chegou a esse nível pode experimentar, solicitam-me uma providencia em relação a esse fato.
Desmascarar?
Publicar uma errata?
Tornar público o vídeo com a entrevista para que minha condição de pesquisadora não seja maculada?
Ou oferecer ajuda, uma vez que a criação de situações como essas parecem ser constante?
Procuro ainda escolher o caminho que dê às atletas olímpicas atingidas a justiça que lhes cabe e também, quem sabe ajuda, a quem provocou essa situação constrangedora. Penso que preciso de um pouco mais de tempo.”
A revelação - Kátia não havia dito o nome de quem contou a mentira para constar em seu livro. O jornalista Juca Kfouri, porém, revelou que a atleta foi a atual diretora cultural do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Christiane Paquelet, ex-nadadora do Fluminense.
A diretora do COB deu um depoimento como se tivesse participado das Olimpíadas de Munique, em 1972. A guardiã da memória olímpica do Comitê, com sala ao lado do presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, não chegou nem a conseguir índice olímpico. A farsa revelada fez com que o número de atletas passasse de 1.796 para 1.795.
Nuzman comentou o ocorrido. “Nós, do COB, lançamos o livro "Sonho e Conquista", sobre os atletas olímpicos do século passado, e a Christiane Paquelet não consta do livro. E agora entendemos que ela deve dar as explicações que ela entender que sejam cabíveis neste momento”, pediu o cartola.
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