Sonho tatuado na pele
Rio de Janeiro - Tammy Galera leva, tatuadas nas costas, duas carpas que se encontram formando o símbolo chinês do yin e yang, segundo o qual o mundo é dividido por energias opostas. A atleta de saltos ornamentais explica que uma das carpas, a que aponta para o alto, representa tudo o que ela quer conquistar.
A outra, apontando para baixo, aquilo que já conquistou. No dia 7 de agosto, um domingo, às 16h, um sonho que a carpa carrega vai se realizar quando Tammy subir no trampolim sincronizado 3m ao lado de Juliana Veloso e disputar sua primeira edição de Jogos Olímpicos. “E a carpa também se adapta ao ambiente, é flexível. Se a colocarem num aquário, ela cresce o suficiente para viver bem ali. Se a jogarem no rio, ela cresce bem mais. E eu sinto que tenho o mundo inteiro para crescer”, diz a atleta de 25 anos.
Uma outra tatuagem será realizada logo em seguida. “Vou botar os aros olímpicos no antebraço esquerdo. E, depois, um lobo na batata da perna. Porque lobo é selvagem, mas também tem essa coisa de lealdade, confiança e da matilha, de viver em grupo, em família”, conta. Aos 25 anos, Tammy tem nos seus companheiros de saltos ornamentais uma segunda família. Ela e Juliana, por exemplo, já saltam juntas há quase 10 anos. Disputaram juntas duas edições de Jogos Pan-americanos, inclusive. Juliana, dez anos mais velha, está em sua quinta olimpíada. E Tammy reforça a ideia de que, como as carpas, se adapta bem ao que for exigido dela.
“Quando cheguei, ela já estava aí. Fui aprendendo com ela e me adequando ao estilo dela de saltar. Ao longo desses anos, ela foi me preparando aos poucos para esse momento de viver uma olimpíada”, conta Tammy, que é irmã do ex-jogador de futebol Roger Flores. Bom, nesse momento, o Roger é que é irmão da Tammy, como ela mesma frisa. “Ele agora já até dá uma de comentarista de salto”, brinca, enquanto confere o celular e descobre que a mãe compartilhou uma entrevista dela para a TV em todas as redes sociais: “Ai, minha mãe já me botou no facebook, já mandou para a família inteira”.
Ao seu lado, Giovanna Pedroso, de 17 anos, também estreante em Jogos Olímpicos, ri e conta que a mãe também tem feito isso. “Mas eu nem falo nada, esse é um sonho que ela sonhou comigo”, comenta a caçula da equipe de saltos ornamentais, que vai disputar a plataforma sincronizada 10m junto com Ingrid Oliveira, no dia 9 de agosto. Tem que ter coragem para saltar de tão alto. Mas foi justamente para vencer o medo de se machucar que ela migrou da ginástica artística para o salto. “Quando eu tinha 8 anos, caí da trave e paralisei. Travei mesmo, não conseguia fazer nada, de tanto medo. Aí mudei para nado sincronizado, mas não gostei. Vi um treino de salto e me apaixonei”, lembra.
Tammy e Giovanna pretendem participar tanto da cerimônia de abertura quanto da de encerramento, para aproveitar cada minuto da experiência olímpica. “Eu quero tudo”, diz Tammy, lembrando que o grau de dificuldade de sua série com Juliana só é inferior ao da favoritíssima dupla canadense.
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