Campeã brasileira de ciclismo relembra conquistas no Triathlon do Exército

Margarete Altoé / Foto: Pauta LivreEspírito Santo - Campeã brasileira de ciclismo em 1992, em Goiânia (GO), a capixaba Margarete Altoé foi referência nesta modalidade em âmbito nacional, competindo por equipes conceituadas e nos eventos dos mais elevados níveis técnicos, quase sempre subindo, com esforço e competência, ao pódio.


Mas não é somente no ciclismo que a bela atleta, hoje aos 50 anos, deixou o seu legado. No triathlon, Margarete brilhou mais do que o sol, vencendo duas edições do Triathlon do Exército, nas duas vezes que participou.

“Só disputei o Triathlon do Exército em 1989 e 1990. Fui campeã nos dois anos. Não participei mais, pois me mudei de Vitória”, lembrou.

Margarete sempre foi atleta determinada. “Primeiramente que, quando a gente quer muito algo, nada é impossível.  Digo isto, pois, em 1988 quando tomei conhecimento sobre triathlon, não sabia nem nadar. Nunca tinha tido aulas de natação. Mas achei a combinação das três modalidades tão interessante que disse que iria treinar para o Triathlon do Exército do ano seguinte e assim fiz”, comentou.

A atleta já participava de algumas provas de corrida e usava a bike como veículo. Ia para a faculdade e o trabalho sempre de bicicleta, o que já a condicionava, de certa forma.

“Soube que meu vizinho de prédio, Morris Brown, era pai de Billi Brown, um dos melhores triatletas no Brasil. Perguntei a ele se poderia me ensinar sobre Triathlon. Ele era engenheiro da Vale, mas aficionado por esportes, e topou. Foi com ele que aprendi tudo sobre este esporte”, recordou Margarete.

Segundo ela, seu iniciador no triathlon assinava a revista americana "Triathlete Magazine" em inglês e duas vezes por semana lia para ela tudo o que acontecia neste esporte como treinamentos e alimentação.

“Passou-me uma planilha de treinos visando ao Triathlon do Exército do ano seguinte. Conseguiu que eu treinasse natação no Clube Álvares Cabral, e foi muito importante pra mim. No final dos anos 80, aqui no Estado só tinham duas provas de triathon por ano, uma entre Iriri e Piúma e a do Exército”, disse.

Motivada, Margarete começou a fazer também provas de ciclismo. “Com um mês de treino fiz minha primeira prova de ciclismo e fui campeã, e assim foram por dois anos consecutivos. Não perdi nenhuma prova ciclística e de triathlon  no Estado. Também ganhei um Triathlon em Campos, no Estado do Rio”, recordou.

“Ah, mas, nem todas ganhei. Com três meses de treino, em janeiro de 1990, fiz um Triathlon Internacional em Búzios (RJ) e como ainda não sabia nadar fiquei em 15º (décimo quinto) feminino”, comentou.

“Disseram-me que eu era um martelo sem cabo na água e que deveria só fazer ciclismo e esquecer Triathlon, mas eu não desisti e sete meses depois fui campeã do  V Triathlon do Exército”, lembrou.

Margarete lembra que a sua geração considerava o esporte algo fascinante e desafiador. Mas geralmente somente os atletas de ponta treinavam com técnicos. “Os outros faziam mais por diversão. Mas aos poucos isso foi mudando e o Triathlon passou a ser muito difundido no Brasil”, disse.

Um fato engraçado com Margarete ocorreu no Triathlon do Exército de 1989, exatamente em sua estreia.

Tênis na natação
 
“Avisaram-me que a maré estaria baixa na hora da largada da natação e que teríamos que caminhar na água por alguns metros. E que com a presença de muitos ouriços naquele dia poderíamos nos machucar. Fomos aconselhados a entrar na água com um tênis velho, que seria jogado fora assim que começássemos a nadar. Acho que foi uma das coisas mais engraçadas que já fiz e antiecológico também (risos)”.
 
Em 1991, Margarete foi morar em Santos (SP). Lá havia o Troféu Brasil de Sprint Triathlon Puma com cinco provas ao ano e uma expressiva participação de atletas de todo Brasil como Fernanda Keller, Armando Barcellos e Leandro Macedo.
 
Os equipamentos na época não contavam com o apuro técnico atual. “Naquela época não havia bicicletas importadas no Brasil, nem bons equipamentos. Os que tinham condições iam importando bikes e equipamentos novos que surgiam, como capacetes, sapatilhas específicas para triathlon, pneus e até o famoso Guidom Scott”, lembrou.
 
“Morris, meu técnico e grande incentivador, via estas novidades nas revistas e tentava adaptar. Fez pra ele e pra mim um destes guidons com um cano de alumínio e apoio para os braços. Chamava a maior atenção, ninguém entendia o que era aquilo, mas fazia uma grande diferença na questão de aerodinâmica”, disse.
 
Em 1993, Margarete foi morar nos Estados Unidos e se encantou. “Fiquei umas duas horas dentro de uma loja de bicicletas, encantada com as novidades que vi lá”, disse bem humorada.
 
Curiosamente, Margarete lembra que o circuito do Triathlon do Exército tinha distancias que não se enquadravam, por exemplo, nas metragens atuais.
 
“Não era nem sprint triathlon e nem olímpico. Era desproporcional, favorecendo mais aos corredores. Eram 800 metros de natação, 27 km de ciclismo e 12 km de corrida. A largada da natação era na Praia da Marinha contornando a pedra até chegar na praia do 38º BI, onde ocorria a transiçao para bike”, disse.
 
“Dalí íamos até um certo trecho da Rodosol retornando pra transição da corrida que passava por lugares conhecidos de Vila Velha, Praia da Costa, com chegada dentro do BI”, comentou.
 
“Era muito legal sentir o apoio do público presente em todo o trajeto da prova. E a chegada dentro do BI era emocionante”, recordou.
 
Crescimento
 
Na época ninguém indagava que o Triathlon do Exército seria ou não uma prova tão constante no calendário. O pessoal preferia curtir o desafio.
 
“Não pensava muito nessas coisas naquela época. Hoje é que valorizamos, pois é uma das provas mais antigas da América do Sul”, disse.
 
O triathlon na verdade se expandiu muito, observa a atleta. “Acho que o triathlon ter se tornando olímpico foi uma grande conquista. Tornou o esporte conhecido em vários países, e os investimentos cresceram. Algumas regras mudaram, equipamentos foram sendo criados para melhorar a performance dos atletas, trouxe apoio publicitário, o que é necessário para a permanência de atletas de ponta na modalidade”, avaliou.
 
Margarete pretende prestigiar o 30º Triathlon do Exército, no dia 23, na Praia de Itaparica. E esboça interesse de voltar às disputas.  “Com certeza.  Irei lá prestigiar como espectadora e gostaria muito de estar treinando para poder participar. Somente para me divertir, é claro”, disse.
 
Conforme Margarete, Pâmella Oliveira enche os capixabas de orgulho com suas conquistas.
 
“Isto é fruto de um trabalho  iniciado com a Associação Capixaba de Triathlon (ACATri) e depois com a Federação Capixaba de Triathlon (FECATri). Deve-se muito ao Carlos Fróes que esteve à frente destas entidades e hoje dirige a CBTri. Não estava aqui na época, mas sei que aumentaram o número de provas e o profissionalismo, incentivando o treinamento e a competição dos atletas”, disse.
 
Ciclismo
 
Impossível falar de Margarete Altoé sem lembrar sua brilhante passagem pelo ciclismo.
 
“O Triathlon é como um bichinho que nos morde e você nunca mais se cura desta paixão.  Mas devido ao trabalho e falta de tempo pra treinar as três modalidades não tinha como participar de provas de Triathlon sempre e acabei me dedicando mais ao ciclismo, esporte em que tinha mais facilidade”, disse.
 
“O ciclismo, às vezes,  era cruel, pois você ficava num pelotão, o tempo todo tentava fugir e não conseguia e, às vezes, aquele atleta que ficou a prova inteira ‘chupando’ sua roda, no vácuo, dava um sprint final e a ganhava”, comentou.
 
“Aí sentia saudades do Triathlon, onde corria o tempo todo sozinha. No Triathlon existe uma competição que você trava consigo mesmo, e fazer as transições e completar a prova é tão prazeroso! É uma vitória sobre si mesmo, entende? “, relatou.
 
A atleta acredita que “nasceu  adaptada” para as provas de ciclismo “Era muito fácil para mim e eu me sentia com asas nos pés, quando pedalava”, comentou.
 
Ela morou dois anos em Santos (SP) e participou ativamente das disputas. “Nos dois anos que morei em Santos dei muita sorte, ganhei minha primeira prova ciclística lá com duas voltas de vantagem sobre as outras participantes”, recordou.
 
“Logo fui convidada pra fazer parte de uma equipe e as portas se abriram. Fiquei sempre entre as três melhores nos campeonatos paulistas, fomos campeãs por equipe em provas de resistências, e outras provas importantes como a tradicional 9 de Julho e o campeonato brasileiro”, recordou.
 
“Subi ao pódio na 9 de Julho com dois ícones do ciclismo feminino na época, Claudia Carceroni e Ieda Botelho, fiquei em quinto”, ilustrou.
 
“E um dos dias mais felizes da minha vida foi quando conquistei o campeonato brasileiro em Goiânia em 1992”, disse.
 
Estados Unidos
 
“Seis meses depois fui morar nos Estados Unidos. Devido à dificuldade com a língua e a distância das provas que nunca eram próximo de onde eu vivia, acabei abandonando o ciclismo. Mesmo assim continuei usando a bike como veículo e fazia longos e maravilhosas pedaladas pelas ciclovias da Califórnia. Lá participei da minha primeira maratona em 1994. 42 km muito sofridos. Aqui no Brasil fiz mais três maratonas e algumas meia maratonas”, destacou.
 
Margarete retornou ao Espírito Santo e mesmo sem treinar para Triathlon conseguiu um segundo lugar geral numa prova em Camburi em 1998.
 
O esporte foi e sempre será importante na vida da Margarete. “Como gostava de fazer esportes e também ser campeã, vi que para ganhar, tinha que ter disciplina, treino e bons hábitos. Dormia cedo, me alimentava bem, não fumava, nem bebia e nem usava drogas. Queria ter boa saúde para ter bons resultados”, disse.
 
“Então acho que o esporte me ajudou a ser uma pessoa saudável, ter disciplina, seguir uma rotina, ser determinada, ter espírito de campeã.  O esporte me ajudou também a conhecer pessoas muito bacanas e aumentou meu ciclo de amizades. Estava sempre em boa companhia. E o melhor de tudo, estava sempre feliz e com saúde”, finalizou.


Grande Final da Copa Brasil de Sprint Triathlon 

Neste ano, o Triathlon do Exército será válido para a Grande Final da Copa Brasil de Sprint Triathlon.
A Grande Final da Copa Brasil de Sprint Triathlon reunirá os três primeiros colocados de cada categoria das seletivas realizadas pelas federações estaduais. Estarão em ação, com largadas diferentes, atletas das categorias de idade e atletas das categorias júnior, sub-23 e elite. A prova terá 750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida.
 
A programação do evento começa no dia 22, as 18h30, com a entrega de kits, no 38º BI, na Prainha em Vila Velha. Às 19 horas será promovido no mesmo local o congresso técnico. Logo a seguir ocorre o tradicional jantar de massas.

No dia 23
Das 7 às 7h15 - Aquecimento
7h30 Largada da Categoria Única Triathlon do Exército
8h30 Largada Categorias de Idade (Grande Final)
9h30 Largada Elite, Sub-23 e Junior (masculina/feminina)
11h30 Premiação  

Os horários de largadas poderão ter alteração. Isto será informado no Congresso Técnico.
Premiação em dinheiro da elite, sub-23 e júnior por ordem de chegada, menor tempo (homens e mulheres).

1º) R$ 1.980,00 - Troféu
2º) R$ 1.650,00 - Troféu
3º) R$ 1.320,00 - Troféu
4º) R$ 990,00 - Troféu
5º) R$ 660,00 - Troféu
 
Nas categorias de idade os primeiros receberão troféus e os segundos e terceiros ganharão medalhas. E todos os atletas receberão, ao completar a prova, uma medalha de participação da Grande Final.


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