Com varal e canos de PVC, escola risca futebol e ensina tiro com arco
Rio de Janeiro - O futebol não é mais o esporte principal das aulas de educação física. Pelo menos não na Escola Estadual Gustavo Marcondes, em Campinas, no interior de São Paulo. Buscando modificar as aulas e ensinar modalidades novas, a escola inovou.
"Nossa proposta é usar o esporte para a melhoria da aprendizagem. Com aulas de futebol, todo mundo já sabe jogar. O aluno não vem para aprender. Vira aula de recreação, não existe aprendizado. Por isso, usamos esportes alternativos, que além do aspecto físico, trazem um aspecto de aprendizado", detalha a diretora da escola, Helen Bitencourt Peruche, em entrevista ao UOL Esporte.
A partir das verbas que a própria escola recebe do estado, modalidades como atletismo, vôlei de praia e badminton vêm ganhando instalações próprias. Recentemente, o tiro com arco ganhou, com canos de PVC e cordas de varal, o equipamento necessário para iniciar as crianças no esporte.
"Sou professora há 18 anos. Quando comecei a trabalhar com tiro com arco, percebi que a prática era limitada pelo alto custo do equipamento. Coincidentemente, em 2013, em uma conferência de técnicos em Saquarema, dois colombianos, Diego Torres e Ivan Gomes, mostraram um projeto mais barato, com o arco feito com PVC. Então, resolvemos tentar", explica Joice Simõmes, responsável pelas aulas e membro técnico da seleção brasileira.
Hoje a escola contabiliza 64 crianças, entre 12 e 15 anos, no projeto. Há uma lista de espera com 150 nomes e o sucesso foi tão grande que a Federação Paulista já doou, recentemente, seis arcos-escola, versão mais próxima do equipamento oficial, que está sendo utilizada por alunos em fases mais avançadas.
Não bastasse o desenvolvimento dos alunos na modalidade em si, a escola conseguiu inserir lições de história (sobre a evolução do arco), física (como o ar resiste e como o vento influencia na mira) e matemática (ângulos e direções da flecha) durante os treinos.
"Além disso, é um esporte que trabalha capacidade de concentração, postura, disciplina e inteligência interpessoal. Se usássemos o futebol, seria uma mera recreação", conclui Helen.