Atletas falam sobre igualdade de gênero no hipismo
Rio de Janeiro - A igualdade de gênero luta para que homens e mulheres desfrutem das mesmas oportunidades, direitos e obrigações em todos os campos: educação, trabalho, saúde e poder e influência.
Infelizmente, ainda há muito a se fazer para que a igualdade entre homens e mulheres seja de fato alcançada. Porém, em uma das modalidades olímpicas, essa já é uma conquista, e de longa data. O hipismo é o único esporte onde homens, mulheres, jovens e atletas mais maduros disputam uns com os outros pelo ouro, nas provas individuais, e lado a lado, pelas medalhas por equipe, sob a mesmas condições.
No Rio 2016, 40 dos 60 cavaleiros de adestramento são mulheres, segundo a Federação Equestre Internacional (FEI). A atleta brasileira Giovana Pass será a mais nova da equipe de hipismo e uma das mais jovens dos Jogos. Na mesma arena, em disputa pelo ouro, estará a veterana de 62 anos Julie Brougham, da Nova Zelândia.
Dos 11 times equestres que vão disputar os Jogos, cada um com quatro conjuntos (cavalo-cavaleiro), a Austrália é a única a ter uma equipe somente com mulheres. A Dinamarca, Alemanha, Suécia e os Estados Unidos têm, cada um, três amazonas, enquanto os Países Baixos e a Espanha possuem três cavaleiros em seu time.
Abaixo, alguns dos renomados atletas do hipismo falam sobre a igualdade de gênero no esporte.
Luiza Almeida – Brasil - Adestramento - “No hipismo homens e mulheres podem competir por igual e eu acho isso maravilhoso. Essa é uma característica que torna o hipismo um esporte muito nobre, não somente por essa questão de igualdade de gênero, mas também de idade. Eu bati o recorde nas Olimpíadas de Pequim sendo a atleta mais jovem e, ao mesmo tempo, tinha um atleta japonês batendo o recorde sendo o mais velho. Essa nobreza do esporte só fortalece a ideia de que, independente do seu gênero ou idade, se você se dedicar e trabalhar com disciplina, foco e amor, os resultados poderão aparecer independente de todas essas coisas. Tenho muito orgulho de representar o Brasil nessa modalidade tão nobre.”
Giovana Pass – Brasil - Adestramento - “Uma das características especiais do hipismo é a competição em igualdade de condições entre homens e mulheres. Isso acontece porque a força física usada no esporte vem do cavalo. Fica com o cavaleiro a parte técnica e artística. O corpo do cavalo, junto com a mente do cavaleiro e os dois corações unidos. Isso é lindo demais! É único e de arrepiar!”
Manuel Almeida – Brasil - Adestramento - “Quando saberemos que a igualdade de gênero foi alcançada? Quando nós nem pensarmos mais nisso. Quando você nem pensa mais se o homem está fazendo mais, ou se a mulher está fazendo mais. Quando não há essa discriminação isso não passa pela nossa sua cabeça. Nós, atletas do adestramento e do hipismo em geral, já temos essa sensação. E se vocês não tivessem nos lembrado que no hipismo homens e mulheres competem em pé de igualdade, eu não teria pensado nisso. Isso já é comum em nosso esporte, e nem passa pela nossa cabeça. É por isso que eu acho que nosso esporte é uma prova de que a igualdade de gênero pode ser alcançada”
Doda Miranda – Brasil - Salto - “O cavalo não distingue ninguém por raça, cor ou gênero. Isso me fascina muito no hipismo. Bem antes de se falar no empoderamento feminino, em cima do cavalo mulheres e homens competem em condições de igualdade”
Thomas Bach – Presidente do COI - “Nós alcançamos a igualdade de gênero como um objetivo principal da Agenda 2020 e o hipismo sempre foi o palco dessa questão, com homens e mulheres competindo uns com os outros em pé de igualdade pelas medalhas”
Kristina Bröring-Sprehe – Alemanha – Adestramento - “O hipismo é o único esporte olímpico onde homens e mulheres competem uns com os outros pelas medalhas em todas as modalidades. É somente quando você se torna um pouco mais velho que você percebe o quanto isso é especial. E esta é uma das muitas razões de o esporte ser tão popular com mulheres de todas as idades. A igualdade de gênero é muito importante para o Movimento Olímpico.”
Yuko Kitai – Japão –Adestramento - “No hipismo, a questão não é poder, mas sim habilidade. Ao se pensar no cavalo como um atleta, ser um cavaleiro requer muita habilidade e, para tal, não importa se você é homem ou mulher. É por isso que ambos os sexos competem juntos no esporte. No hipismo, não importa o gênero. Desde que eu era criança, homens e mulheres sempre competiram na mesma arena juntos, por isso, eu nunca pensei nessa questão de gênero. ”
Charlotte Dujardin – Great Britain – Adestramento - “Eu acho que o hipismo é o único esporte que tem homens e mulheres competindo uns com os outros. A maioria dos outros esportes separam os gêneros. Não importa se você é homem ou mulher, nós tomos fazemos a mesma coisa e encaramos as mesmas provas e precisamos ter uma boa performance. Eu acho isso maravilhoso.”
Isheau Wong –Taipei Chinesa– Salto - “O hipismo é um esporte único, ao contrário de alguns outros esportes, onde há predomínio do gênero masculino. Salto não leva em consideração o gênero do cavaleiro, a aparência, o formato ou tamanho do cavalo, desde que o cavaleiro e o cavalo alcancem um objetivo comum e completem o curso e se tornem um excelente conjunto. Não importa o sexo do cavalo ou do cavaleiro.”
Alex Hua Tian – China – CCE - “O hipismo não somente testa o talento do cavalo e cavaleiro, mas, mais do que isso, a parceria entre ambos. Dois corações competindo como apenas um é a chave para o sucesso, e isso nada tem a ver com o sexo do cavaleiro ou do cavalo. É por isso que, no hipismo, homens, mulheres, cavaleiros jovens e maduros podem todos competir entre si em todos os níveis”.
Michael Jung – Alemanha – CCE - “Ter homens e mulheres competindo lado a lado é tão natural para nós e nosso esporte não seria o mesmo sem essa peculiaridade. Eu fiquei tão orgulhosa de subir no pódio nas Olimpíadas de Londres junto com Sandra Auffarth, Ingrid Klimke e Dirk Schrade. Juntos formamos um ótimo time, mas eles também são alguns dos meus rivais mais difíceis. Nosso esporte é talento, dedicação e a parceria que temos com nosso cavalo. Quando você tem esses três elementos juntos, o gênero não é relevante. A verdadeira igualdade de gênero é o que torna nosso esporte tão único.”
Carl Hester – Grã-Bretanha - Adestramento - “Trabalhar junto com um cavalo para se tornar o melhor que você puder ser requer habilidade, dedicação, paciência e trabalho duro. E o gênero do cavaleiro pouco importa. O esporte é sobre ser o melhor que você puder. Eu sempre tive muito orgulho pelo fato de que, no meu esporte, todos podem competir igualmente lado a lado e não o imaginaria de outra forma. É ótimo dividir os altos e baixos com meus companheiros cavaleiros, homens e mulheres. E acho que isso traz algo muito especial às Olimpíadas.”
Ludger Beerbaum –Alemanha – Salto - “O hipismo é único em tantas formas – nossa parceria com o cavalo, homens e mulheres competindo lado a lado e todas as idades competindo no maior nível do esporte – é isso que o faz tão especial. Eu ganhei minha primeira medalha olímpica com 25 anos de idade e tenho orgulho de representar meu país novamente na Rio 2016 com 52 anos. A trajetória de nossa carreira em nosso esporte traz uma incrível diversidade de pessoas e talento para competir umas com as outras e juntas em um time. Isso é algo que poucos esportistas podem experimentar. E o fato de que homens e mulheres competem uns com os outros em cada passo das provas – isso não se vê em qualquer outro esporte.”