Fim de uma era como campeão olímpico
Rio de Janeiro - “Uma lenda, um cavaleiro completo e um homem que está profundamente envolvido no desenvolvimento do esporte." Essa foi a descrição dada pelo diretor de salto da FEI, John Roche ,em referência ao cavaleiro olímpico Ludger Beerbaum, após o anúncio de aposentadoria de sua equipe nacional.
Beerbaum, que completa 53 anos de idade esse mês, tem sido o destaque nos campeonatos de seu país por mais de 30 anos. Ganhou sua primeira medalha olímpica por equipe em Seoul (Coreia), com o cavalo The Freak, em 1998, e duas mais em Atlanta (EUA) em 1996, com a égua Ratina Z, e com Goldfever, em Sydney (Austrália) em 2000. O ouro individual conquistado em Barcelona (Espanha), em 1992, foi particularmente memorável, alcançado após um momento assustador nas primeiras etapas da competição, quando caiu do cavalo.
Em sua sétima participação olímpica no Rio de Janeiro nesta quarta-feira ele levou o bronze por equipe para sua coleção de medalhas. Sem contar com os dois ouros, uma prata e um bronze, em campeonatos mundiais, e seis ouros, três pratas e dois bronzes em europeus.
Beerbaum sempre quis parar no topo e fará sua última aparição no time alemão durante a final de salto da Copa das Nações da FEI, em Barcelona (Espanha), mês que vem. “Foi uma decisão difícil”, ele diz. Mas ele não está deixando o esporte completamente. “Estou trabalhando em uma série de projetos e vou focar nos meus estábulos em casa e no treinamento e venda de cavalos”. Sua influência será sentida de muitas formas, pois seu centro equestre, Riesenback International, aberto no ano passado, vai sediar torneios, palestras e seminários. “Eu não ficarei entediado”, disse o cavaleiro alemão. “Estou grato em ter representado a Alemanha como cavaleiro. Agora esse é um trabalho para meus colegas mais jovens”.
Lamaze e sua “boa senhora” - Hoje, o canadense Eric Lamaze, será o último a entrar na arena na primeira rodada. Com sua égua de 13 anos de idade, Fine Lady, ele completou as três primeiras qualificações individuais sem derrubar uma barra em um curto tempo.
Essa vantagem sobre o americano Kent Farrington (Voyeur), os suecos Peder Fredricson (All In) e Maikel van ver Vleuten (Verdi), no entanto, nada contam, uma vez que todos os conjuntos iniciam a competição no zero a zero. Mas isso não impede que o campeão olímpico esteja positivo quanto a sua atuação.
Sentindo-se bem - “Estou me sentindo muito bem até o momento e é muito bom liderar o ranking da competição, apesar de isso não significar que a posição se mantenha. Essa é uma prova do quanto seu cavalo está saltando”, disse o cavaleiro canadense de 48 anos. É claro que há sempre o desconhecido, esse esporte pode trazer más notícias de forma muito rápida, e o último dia é o Grande Prêmio. Mas, lembremos de Hong Kong (Jogos Olímpicos de Beijing 2008), quando os que lideravam mantiveram-se na liderança até o final.”
Ele está ciente de que outros cavalos se superaram essa semana, mas está muito confiante em relação a sua égua. “Ela é muito previsível, não é afetada pelo calor, e quando vamos ao ringue, ela brilha”, observa. E ele não teve que competir no emocionante “jump off” de quarta-feira por equipe na disputa pelo bronze. “Nós realmente queríamos ganhar o bronze, mas foi bom para mim, não ter que ir ao “jump off”. Teria ficado muito feliz em fazê-lo, mas no final não foi necessário”, explica.
Muitos dos destaques em sua carreira vieram de sua notável parceria com seu cavalo garanhão Hickstead, que o levou à medalha de prata por equipe e à vitória individual em Beijing, porém, o animal faleceu tragicamente três anos atrás. “Ele era um tipo e tanto”, diz Lamaze com orgulho, “com ele eu fui a Beijing como favorito e ele é que foi o favorito – não se pode evitar sentir a alegria de ter ido à final lá. Mas, o cenário hoje aqui é diferente, pois há outros 12 cavaleiros com boas pontuações indo para o último dia.”
Mesmo cavalo - Ele conta que Fine Lady é “muito simples, ela conhece sua rotina e quando compete, ela é o mesmo cavalo de sempre”. E sua confiança é reforçada pelo fato de que a égua está em um estado mental equilibrado. Acho que, na maioria das vezes, quando você chega em uma competição e o cavalo está atento, então ele está atento – quando o cavalo teve uma boa semana ele permanece assim”, explica.
E quanto às pistas desenhadas pelo brasileiro Guilherme Jorge, ele faz elogios: “estou acostumado com suas pistas, ele é um talentoso designer de percursos, muito técnico e amigável em relação aos cavalos”, afirma.
Ele comentou sobre o penúltimo obstáculo duplo na primeira pista do último domingo, que causou muitos problemas, e diz que acredita que o obstáculo com água será um diferencial hoje. “Eu gosto quando a água é um obstáculo independente e os cavaleiros devem encontrá-la. No primeiro dia, dava para encontrarmos por nós mesmos, mas, no segundo, ela estava colocada de uma forma em que era difícil saltar a uma distância suficiente.
Surpreso - Ele está realmente surpreso em como Fine Lady se tornou um cavalo de competição de primeira linha. “Nós nunca a compramos para se tornar um cavalo olímpico, ela simplesmente cresceu por si só, originalmente era um cavalo de velocidade de 1.50m. Foi somente depois de ela saltar tão bem em Genova (Suíça), no ano passado, que eu pensei em testá-la, e eu mal posso acreditar no quanto ela avançou.
Ela é tão boa quanto Hickstead e tão competitiva quanto ele. Ela tem 13 anos, mas está em boas condições, e quem sabe o que falta para ela ganhar. Aos poucos eu a trouxe para onde ela está agora e ela tem me surpreendido cada vez mais.
Ao ser indagado sobre o que pensa quanto às chances de uma medalha hoje, ele responde: “todos nós sonhamos com medalhas, mas tantas coisas precisam dar certo – vejam o caso dos franceses na quarta-feira e como funcionou!, referindo-se à vitória da equipe apesar da má sorte que tiveram no começo da semana. “Independentemente do resultado, eu vou dar meu melhor e com certeza ela vai dar o seu melhor também. Seria maravilhoso ganhar outra medalha, mas não ficarei destruído se eu não ganhar", diz Lamaze.
Ele ainda fala sobre o que torna um cavalo “olímpico”. “Eles devem ter muito sangue, agilidade e versatilidade. Eles nunca devem olhar para baixo ao saltar um obstáculo, precisam manter o nível do seu olhar, medir e saber exatamente onde e para onde estão indo. “O Hickstead tinha olhos nas pernas e Fine Lady é como ele. Ela é puro ritmo e velocidade”.