Atleta tem lesão e pai invade pista para terminar prova

Jim, pai de Derek, se aproxima para ajudar filho a completar a prova / Foto: S&G / Empics

Rio de Janeiro - Os Jogos Olímpicos são o ápice do esporte para qualquer pessoa que se interesse pelo tal. Por isso, a quase um ano da primeira edição sediada pela América do Sul do maior evento esportivo do mundo, as Olimpíadas Rio 2016, o Esporte Alternativo resolveu reunir, a cada semana, os momentos mais incríveis desse evento único. 

Após dez semanas de pesquisas, textos, fotos e vídeos contando a história dos momentos marcantes do esporte, muitos de superação, no limite da dor, o EA chega ao fim do Top-10 de momentos olímpicos incríveis com um acontecimento memorável ocorrido nos Jogos de Barcelona, na Espanha, em 1992. 

O protagonista de hoje é Derek Redmond. O britânico não ganhou nenhuma medalha nem subiu ao pódio. Na verdade, o atleta quase não terminou sua prova de atletismo, os 400m rasos. No entanto, seu nome estará para sempre na história do esporte olímpico. 

Derek mostrou ao mundo todo pela TV - e às mais de 65 mil pessoas que acompanhavam a prova no Estádio Olímpico - que não há limites quando o assunto é superação. 

Antes de chegar para correr sua principal prova em Barcelona, o britânico vinha de um retrospecto complicado: lesões constantes que já haviam gerado grandes pesadelos antes. Em Seúl 88, por exemplo, precisou abandonar a bateria qualificatória dos 400m dois minutos antes da largada, com fortes dores. 

Derek também é habitué da mesa de cirurgias, passou por cinco, inclusive no tendão de Aquiles. Chegava nos Jogos de Barcelona bem posicionado, mesmo tendo treinado apenas quatro meses para a ocasião. Haviam chances claras dele chegar à final e de vencer a prova, já que havia liderado a primeira rodada e as quartas de final. Parecia que dessa vez tudo daria certo. 

Na reprodução do vídeo é possível ver o momento em que Derek sente a perna / Foto: Reprodução / COI

O dia X - Mas o fantasma da lesão o assombraria novamente. Dada a largada, Derek já liderava as semifinais quando de repente parou. O impulso repentino e totalmente inesperado surpreendeu as arquibancadas, os narradores, os telespectadores. O atleta da raia do meio, o melhor posicionado até então na prova, havia parado. O motivo parecia ser dores ou cãibra.

Mas era mais do que isso. Derek, saberíamos depois, havia rompido o músculo do tendão direito. Mas ele não sabia disso e, mesmo que soubesse, talvez não mudaria sua decisão. 

Após cair de joelhos e se dar ao luxo de chorar por alguns poucos segundos o atleta se levanta, surpreendendo novamente o público. A dor era grande, mas a vontade de continuar se sobrepunha a ela. Os assistentes médicos se aproximavam para auxilia-lo, mas Derek se levantou, deixou eles para trás e mostrou que queria terminar a prova, mesmo assim. 

"Estava fazendo por mim. Não importava se as pessoas pensavam que eu era um idiota ou um herói, eu queria terminar a corrida. Eu era o único que teria que viver com isso", justificou-se o atleta anos mais tarde. 

Era claro, porém, que ele não estava conseguindo se movimentar. No começo, após se levantar, mancava. Alguns passos dados e o choro já se tornava mais intenso que a velocidade com que Derek trocava de pés. 

Foi quando entrou o coadjuvante não menos importante da história do atleta. Se pai, Jim Redmond, havia discutido com um dos auxiliares de pista antes e havia conseguido chegar até o filho.

"Aqui estou filho", disse após furar o bloqueio. "Vamos terminar isso juntos", completou.

E terminaram. A poucos metros do fim, Jim se separou de Derek, que concluiu a corrida cruzando a linha de chegada aos prantos, para logo depois abraçar seu pai. "Estou mais orgulhoso dele do que se tivesse ganhado uma medalha de ouro. É preciso muita coragem para fazer o que fez. Sou o pai mais orgulhoso neste momento", disse ele à época. 

A história de Derek foi escolhida para figurar no topo dos momentos mais incríveis das Olimpíadas por causa da superação e da dor passadas pelo atleta britânico. O ocorrido fez com que ele deixasse de competir profissionalmente. A história, porém, encarregou-se de guardar para ele um espaço, na estante dos grandes momentos do esporte. 

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