Maratonistas fecham a Olimpíada e estão em fase final de preparação
Tóquio - Os três maratonistas convocados pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que terá a prova de 42,195 km disputada em Sapporo, a 800 km da capital japonesa, no dia 7 de agosto, a partir das 19 horas de Brasília, estão na última etapa de preparação. Os estreantes Daniel Nascimento e Daniel Chaves estão treinando no Quênia, enquanto Paulo Roberto de Almeida Paula, experiente de Londres-2012 e Rio-2016, está em Saitama, no Japão, junto com boa parte da seleção brasileira no período de aclimatação.
O Brasil tem uma ótima lembrança de uma das provas mais nobres da Olimpíada, quando Vanderlei Cordeiro de Lima conquistou a medalha de bronze nos Jogos de Atenas-2004, depois de ser sido empurrado por um manifestante quando liderava a prova. Vanderlei lembra o fato com a humildade dos campeões e serve de exemplo de fair play.
A história da especialidade remonta a 1896, na primeira edição dos Jogos Modernos, quando o grego Spiridon Louis venceu a prova, fazendo uma homenagem ao soldado Feidípides, que no século V a.C teria corrido da localidade de Maratona até Atenas para avisar da vitória grega sobre os persas. Diz a lenda que Feidípedis morreu após informar e dizer “Vencemos”.
Longe dessa história dramática, os brasileiros terão outro desafio no circuito a ser montado no Sapporo Odori Park, em Sapporo, Hokkaido. O atleta mais jovem da especialidade é o paulista Daniel Nascimento, que completa 23 anos na quarta-feira (28/7), um dia antes de viajar do Quênia para o Japão.
O atleta nascido em Paraguaçu Paulista realiza um período de 45 dias de treinamento no Quênia, junto com alguns dos melhores corredores do mundo em Kaptagat. Ele viajou logo depois de vencer a Maratona de Lima e obter a qualificação olímpica no dia 23 de maio, com 2:09:04. Antes de viajar para o Quênia, o atleta ainda ganhou a medalha de ouro nos 10.000 m do Campeonato Sul-Americano de Guayaquil, no Equador, com 29:18:06, no dia 29 de maio.do mundo.
Além da companhia do treinador Neto Gonçalves, também convocado para a Olimpíada, Danielzinho, como é conhecido, teve o auxílio de duas integrantes da equipe multidisciplinar da Associação Bauruense de Desportes Aquáticos, de Bauru, clube que defende: a médica Daniela Moraes Seda e a nutricionista Carol Bernardino.
Daniel disse que teve apoio importante nessa preparação e procura trabalhar a parte psicológica. “No meu momento de descanso, coloco as pernas para cima e ouço músicas de motivação. O mais importante é dar uma descansada também na parte psicológica para que no momento crítico da maratona, quando começa a doer dos pés à cabeça, eu esteja preparado”, explica Daniel. “A minha rotina é muito focada, não temos distração nenhuma no Quênia. Além dos treinamentos, temos massagistas e preparação com treinador especialista em mecânica. A rotina é somente treinamento e descanso, treinamento e descanso, vivendo 100% focado para os Jogos Olímpicos.”
Além de atletas quenianos, Daniel faz parte de um grupo de corredores da Coreia do Sul, que também se prepara para os Jogos. “Espero chegar bem preparado e ficar entre os 10 primeiros da maratona”, planeja o atleta olímpico da ABDA.
Os três atletas têm algo em comum, além de disputar maratonas: nasceram no mês de julho. Paulo Roberto completou 42 anos – é o mais velho da equipe olímpica brasileira de atletismo – no dia 8. Já Daniel Chaves comemorou 33 anos no dia 10.
Daniel Chaves, nascido em Petrópolis (RJ), está em Iten, cidade conhecida como “A Casa dos Campeões”, em referência à expressiva predominância dos quenianos nas corridas de rua em todo o mundo. Daniel segue na segunda-feira (26/7) para o Japão. “Disputar a maratona olímpica será a realização de um grande sonho e treinar em Iten é muito importante. É a grande meca dos fundistas do Quênia. O Paul Tergat, que era daqui, é uma grande referência. Vou ver como eles treinam, participar da preparação deles”, comentou animado o atleta do Pinheiros (SP).
Já Paulo Roberto de Almeida Paula, paulista de Pacaembu, que estava treinando em Portugal, onde mora, viajou com o irmão gêmeo e treinador Luís Fernando de Almeida Paula para Saitama. O calor do Japão, que tem assustado muita gente, não atrapalha muito, segundo Luís Fernando. “Ele se adaptou rápido. Temos tomado cuidados com a hidratação e com o descanso. A única dificuldade, por causa da pandemia, é ele correr 20 km numa pista. Dar 50 voltas não é fácil para quem está acostumado a correr na rua, mas nada disso atrapalha. Ele está muito bem”, declarou.
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