Larissa/Talita deixam bronze escapar: "Talvez não dei meu 100%"

Larissa e Talita perderam a medalha de bronze na Rio 2016 / Foto: Ezra Shaw / Getty Images

Rio de Janeiro – Não deu nem tempo de digerir as derrotas das duplas favoritas à medalha de ouro do vôlei de praia feminino. Larissa/Talita e Walsh/April tiveram por volta de 24h para superar seus reveses na fase semifinal para a disputa do bronze nesta noite de quarta-feira, fazendo uma espécie de final entre duas das melhores duplas do mundo.

Depois de perder a partida semifinal para a dupla brasileira Agatha/Barbara, quebrando um jejum de 26 jogos em Olimpíadas sem derrota pela parte da americana Walsh (que nunca tinha sofrido uma derrota nas campanhas dos três títulos olímpicos que possui), as americanas vieram para a Arena de Copacabana ainda abaladas e começaram o primeiro set visivelmente desconectadas.

Walsh, que havia se emocionado muito no jogo de ontem, após a derrota, teve erros que não condizem com sua história no vôlei de praia e parecia estar entregue no jogo.

Larissa/Talita, que também sofreram com a derrota para a forte dupla alemã nas semifinais, chegaram com uma postura que parecia diferente. Larissa, eleita a melhor jogadora de vôlei de praia do mundo, dominou o primeiro set da partida, com direito a um ace espetacular em cima de Walsh, que pecou novamente na recepção neste jogo, como já havia pecado na partida contra Agatha/Barbara.

Talita, por sua vez, manteve certa irregularidade em quadra, virando bolas no segundo toque que podiam ser mais trabalhadas e que acabaram sendo ataques desperdiçados.

A estratégia de sacar em Walsh, que se mostrou vitoriosa no jogo de Agatha/Barbara, parece ter sido seguida por Larissa/Talita hoje. E deu certo: a dupla brasileira venceu o primeiro set por 21 a 17 e abalou ainda mais as estruturas já frágeis de Walsh/April.

No segundo set, porém, numa daquelas viradas injustificáveis, a dupla americana mesmo estando três pontos atrás no placar conseguiu virar o jogo, graças aos erros de recepção de Talita e a um saque aéreo de Walsh que começou a encaixar nas brasileiras. O resultado não podia ter sido mais desastroso e o placar se inverteu com uma vitória de 21 a 17 dessa vez para Walsh/April.

Walsh e April ficaram com o terceiro lugar / Foto: Ezra Shaw / Getty Images

O tie-break veio e com ele o equilíbrio que simbolizava o que tinha sido a partida até aqui. Ponto de lá, ponto de cá, alguns erros de Talita e até um ataque desperdiçado por Larissa, colocando a bola para fora, levaram as americanas para o intervalo do terceiro set com um ponto de diferença. Na volta, aumentou para dois e jogou uma pressão insuportável nos ombros das brasileiras.

A partir daí a experiente dupla dos Estados Unidos sabia que era só administrar a vantagem que a pressão estava toda sobre as brasileiras, a cada ponto aumentando mais. E com mais pressão, Larissa/Talita sucumbiram aos ataques nas laterais e entregaram a medalha de bronze para as americanas, pelo placar de 15 a 9.

No fim do jogo, as duas jogadoras falaram com a imprensa na zona mista e Talita assumiu certa responsabilidade pela derrota. “Nós jogamos melhor, mas não soubemos aproveitar, o segundo set a gente estava na frente também mas tomamos muitos erros no side-out e não conseguimos depois voltar para o nosso campo defensivo. Eu não saio daqui com o objetivo alcançado, então fico triste sim. A oportunidade estava ali, talvez eu não tenha conseguido dar o meu 100% em todos os momentos, mas isso não quer dizer que eu não tentei”, avalia a jogadora.

Sua parceira foi mais diplomática. Questionada se sentiu mal pelas americanas apenas sacarem em Talita, Larissa não quis culpar sua parceira. “A gente estava bem no jogo, mas são os quatro melhores times do mundo, então você tem que estar muito focado. Dá um certo sentimento de impotência [não poder recepcionar a bola], mas é isso, o acerto dela é o nosso acerto, o erro dela é o nosso. O ponto é sempre nosso”, declara.

Abatidas, as jogadoras lamentaram perder o bronze em casa. “Lógico que ganhar uma medalha de ouro dentro de casa seria fantástico, é o que todo mundo quer. Eu já tenho uma medalha olímpica e sei o que isso representa. Infelizmente a gente não conseguiu, mas são muitos títulos, 91% de aproveitamento no circuito mundial. Então fica o sentimento ruim de não ter conseguido, e o sentimento muito bom de gratidão pela torcida e pela Talita, por tudo que ela me ensinou e eu aprendi com ela, por tudo o que a gente passou”, emenda Larissa.

Questionada pelo EA se seria importante a continuidade da dupla, ela lembrou de Juliana, dupla com a qual foi medalhista de bronze nas Olimpíadas. “É importante, eu não joguei 2008 porque ela se machucou, mas eu joguei dez anos com ela, isso é importante, você cria um entrosamento muito grande. E com a Talita também, cada vez mais a gente aprende uma com a outra, então sem dúvida é importante”, finaliza.

Talita, que parecia estar ainda mais abatida, lembrou que não terá outra oportunidade de subir ao pódio olímpico em casa. “É um sentimento ruim, aqui era um momento especial, uma Olimpíada em casa, Copacabana, quando que nós teremos outra? Tão mágico para o Brasil, para a cidade do Rio de Janeiro, o brasileiro pode mostrar quem realmente nós somos. Então é um sentimento ruim por tudo isso”, afirma.

Sobre uma possível continuidade da dupla para Tóquio, Larissa disse que as duas “vão jogar até parar”. Talita, por sua vez, disse que 2020 está longe e fora de cogitação. “Todo mundo quer perguntar de Tóquio, mas acho que a gente não chega até lá. Nós temos outros planos, eu quero ser mãe, Larissa também. Então a gente não sabe até quando, se é um ano ou dois, mas Tóquio está muito longe, não sei a gente aguenta essa jornada, é muita abdicação, muita coisa”, concluiu a brasileira.

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