Rafael Silva destaca superação para a conquista do bronze

Baby teve que se recuperar de uma grave lesão para subir ao pódio dos Jogos Olímpicos Rio 2016 / Foto: Ana Patrícia/COB

Rio de Janeiro - Do alto dos seus 2,03m e 160kg, Rafael Silva chegou ao Espaço Time Brasil na manhã deste sábado, dia 13 de agosto, mostrando a tranquilidade do dever cumprido para atender os jornalistas presentes para uma coletiva de imprensa.
 
Na véspera, o judoca da categoria acima de 100kg conquistou seu segundo bronze em Jogos Olímpicos, encerrando a participação do judô brasileiro nos Jogos Rio 2016.
 
"Ontem (sexta-feira) foi um dia longo. Quando saí do quarto pela manhã deu aquela sensação de que iria voltar ou triste com a derrota, ou feliz com a vitória. Consegui o bronze e depois foi uma noite de comemorações. Acabei chegando na Vila Olímpica umas duas horas da manhã, fiquei enrolando um pouco e saí 5h30 hoje", disse Baby, como é conhecido.
 
Baby passou por uma grande superação antes da conquista desta sexta-feira. Seu drama começou em 2015, quando rompeu o peitoral maior em julho, véspera dos Jogos Pan-americanos Toronto 2015. Passou por uma cirurgia e o retorno ao tatame se daria somente em janeiro deste ano. E foi nesse momento que ele começou uma verdadeira batalho para a sua recuperação. 
 
"Fiquei desesperado quando perdi minha primeira luta após meu retorno e pensei que seria muito difícil voltar. A partir daí fiz três ou quatro competições em que perdi na primeira ou na segunda luta. É difícil você ganhar confiança assim. Mas tive muita perseverança e minha equipe também confiou bastante na recuperação. Quando voltei a medalhar a confiança foi voltando até definir a minha vaga e ver que eu tinha chance real de conseguir mais uma medalha olímpica", explicou. "Estava bastante apreensivo se estaria ou não nos Jogos e ainda bem que deu tudo certo. Essa medalha vem para coroar o trabalho pelo qual toda a minha equipe passou, desde a lesão até a recuperação".
 
O judoca também divide com a torcida a conquista pelo bronze. Em especial sua esposa que, da arquibancada, incentivava o atleta. "A torcida estava gritando muito, mas consegui identificar a voz da minha esposa. Acho que o torcedor sofre mais do que a gente porque, de certa forma, não podem fazer nada ali de fora. É totalmente diferente quando você está em casa, uma energia muito boa a cada golpe e a cada reação. Me empurraram para ter esse bom resultado", afirmou. "É diferente ganhar em casa e ganhar em Londres. Aqui me senti bem mais à vontade. Mais confortável com os horários, a alimentação e com o ambiente de competição. Parecia que estava lutando realmente no quintal de casa".
 
Para o medalhista de bronze o novo ciclo olímpico começou hoje. "Vou descansar para colocar as coisas no lugar e rever o planejamento. Ver tudo o que acertei e tudo o que errei. A lesão deixou tudo muito conturbado, precisei fazer várias competições para poder voltar bem e ganhar confiança de novo. Agora é acertar tudo isso, alinhar as competições que preciso fazer e traçar uma meta para tentar chegar em 2020. O judô é um dos esportes mais imprevisíveis dos Jogos. Acho que representamos bem e o trabalho foi bem feito. Toda essa preparação feita para 2016 renderá frutos para 2020", afirmou Baby.
 
Presente à entrevista de Rafael Silva, o diretor técnico da CBJ, Ney Wilson, analisou a participação do judô no Rio 2016. "Tivemos uma preparação da nossa equipe melhor do que o desempenho. Os atletas estavam preparados para um desempenho melhor. Nós tínhamos um primeiro dia com grandes expectativas, com dois medalhistas olímpicos de Londres e com certeza eram possibilidades de medalha. No segundo dia tivemos a Erika Miranda, que foi a atleta mais regular durante esse ciclo olímpico, com pódio em todos os Mundiais do ciclo e também era uma possibilidade de medalha. Mas a gente sabe que Jogos Olímpicos têm aquela magia, aquele momento. Atletas favoritíssimos perdem, atletas sem nenhuma expectativa de grandes resultados chegam a esses resultados, e a gente entende que a nossa equipe fez o melhor. Cada um trabalhou o seu máximo. Saio daqui com o dever cumprido no sentido de poder entender cada atleta, que deu o seu máximo e se empenhou durante todos esse ciclo olímpico", afirmou.
 
Ney Wilson destacou a pulverização de medalhas no judô. "Se olharmos um pouquinho para dentro do judô, a gente consegue visualizar que no quadro geral de medalhas, tirando o Japão que está fora da curva, e a França que somente ontem (dia 12) teve um excelente desempenho, acima da expectativa inclusive deles, com duas medalhas de ouro, os demais países não conseguiram mais do que três medalhas. E o Brasil também conseguiu três medalhas. Países tradicionais no judô como a Coreia, Holanda, Alemanha, Mongólia, Azerbaijão, que são países que investem aproximadamente o mesmo que o Brasil, ficaram atrás do Brasil com medalhas menores que a nossa. E também tivemos surpresas, como a Itália que conseguiu um ouro e uma prata. Tivemos 26 países que medalharam, as medalhas de ourou foram melhor distribuídas. Então quase todos os países diminuíram o número de medalhas conquistadas. A competição foi extremamente acirrada e competitiva. Acho que a equipe merecia um resultado melhor. Mas encontramos uma competição muito dura, o que já esperávamos, mas mais do que o normal", explicou.

Veja Também: