Julião Neto perde na estreia dos Jogos Rio 2016

Aos 34 anos, pugilista faz um balanço de sua carreira / Foto: Flavia Ribeiro/COB

Rio de Janeiro - O sonho acabou para Julião Neto na manhã deste sábado, 13 de agosto, quando o pugilista brasileiro peso mosca (até 52 kg) foi eliminado em sua primeira luta nos Jogos Rio 2016, no Pavilhão 6 do Riocentro.
 
Aos 34 anos, Julião se despede de sua segunda edição de Jogos Olímpicos – ele também esteve em Londres 2012 – sem conquistar a tão desejada medalha, perdendo por 2 a 1 para o americano Antonio Vargas, de 19 anos. Mas seu papel no grupo foi exaltado pelo treinador da seleção, Claudio Aires. “Julião é um cara importante na equipe. Um sujeito família, alto astral, com enorme experiência. O grupo tem que abraçá-lo agora e dizer: ‘você fez um bom combate’. Porque ele fez, foi uma boa luta, com resultado dividido de 2 a 1, que juntou a experiência dele à juventude do menino dos Estados Unidos”, avaliou o técnico.
 
Apesar de não esconder a frustração por não ter conseguido a medalha, o pugilista disse, com lágrimas nos olhos, que seu maior prêmio foi conquistado ao longo de uma carreira de quase 15 anos: “Eu queria essa medalha. Mas comprei uma casa para a minha mãe e meu grande sonho mesmo era esse, retribuir o que ela fez por mim e meus irmãos”, contou. A mãe, dona Benedita, criou sete filhos sozinha depois que o marido morreu, quando Julião tinha 7 meses. O garoto cresceu passando dificuldade numa favela em Guamá, em Belém do Pará. Tentou a sorte como jogador de futsal, mas não tinha dinheiro para pegar ônibus até o local de treino. Aos 20 anos, então, entrou para a Academia de Boxe Rocky Balboa, dentro da comunidade.
 
“Comecei tarde, com dois amigos. Eles desistiram logo, não é fácil levar soco na cara. No meu primeiro ano, ganhei tudo em Belém. Em 2007, fui chamado para a seleção, por três meses. Pensei em desistir várias vezes, mas persisti, o Jura (seu treinador, Juraci de Oliveira) ficou do meu lado. Em 2009, quando me firmei na seleção, a coisa começou a melhorar. Foi depois disso que pude comprar a casa da minha mãe. Por isso tudo valeu a pena. Vou lutar mais dois anos, depois não sei. Acho que Olimpíada não dá mais para mim. Quero muito, quando parar, fazer um projeto social de boxe na minha comunidade, tirar crianças e adolescentes da rua, porque a vida lá é difícil”, disse o boxeador, bronze nos Jogos Pan-Americanos Guadalajara 2011, ouro nos Jogos Sul-Americanos Santiago 2014, prata nos Jogos Sul-Americanos Medellín 2010 e campeão Pan-Americano de boxe em 2010.

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