Judoca belga diz ter sido vítima de racismo em SP: “Vou à Justiça”

Judoca Sarah Loko foi “interrogada” na fila de embarque / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro – A judoca francesa de cidadania belga Sarah Loko, em viagem por diversos países da América do Sul para disputar competições classificatórias para a Rio 2016, afirmou ter passado por uma situação de racismo no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
 
Sarah afirma ter sido vítima de preconceito racial por parte de uma funcionária da companhia aérea LAN, responsável por checar os passaportes na hora do embarque do vôo 8096, rumo a Buenos Aires.
 
Na fila para entrar no avião, a judoca precisou responder a várias perguntas feitas pela funcionária da LAN e aguardar que todos embarcassem para que ela então subisse na aeronave. Sarah afirma ter sido “interrogada” pela mulher, que duvidou que ela estivesse viajando como atleta, para competir.
 
"Eu era uma das primeiras da fila e estava usando a jaqueta da seleção. E então ela começou a falar comigo e fez várias perguntas: perguntou de onde eu era e disse que havia um problema com meu passaporte. Eu disse que era impossível porque ele era novo, de dois meses atrás. Depois, questionou se eu estava mesmo competindo e pediu pra ver minha passagem de volta para a Bélgica", contou ao ESPN.com.br.
 
"Então, ela me fez esperar que todos entrassem para depois me deixar passar, como uma criminosa. Eu já estava perdendo a paciência e ninguém fez nada. Disse que ela não tinha o direito de fazer aquilo só por causa da minha cor e que ela nem da polícia era. Ela me ignorou, continuou fazendo perguntas e pediu o convite que eu tinha recebido para a competição Aí questionei o porquê de ela não fazer o mesmo com a seleção da Grã-Bretanha, que estava ali também", continuou.
 
Única negra no avião, Sarah disse que o interrogatório dificilmente foi aleatório. "Falei que ela não podia fazer aqui porque eu era negra, mas pareceu que eu estava falando com a parede. Ela continuou mexendo no computador, sem expressão alguma no rosto, me ignorando. Fui a última a entrar. Ainda estou chocada com o que aconteceu. Tenho 29 anos, viajo pelo mundo e nunca tinha visto isso. Se eu não tiver uma retaliação, vou para a Justiça", concluiu a judoca.
 
A TAM respondeu à reportagem da ESPN.com.br, por meio de sua assessoria de imprensa, que em “nenhum momento agiu de forma discriminatória” e que “seguiu a legislação vigente e os procedimentos de segurança previstos para o setor aéreo, realizando a verificação dos documentos de todos os passageiros do voo".
 
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