Hípica Paulista recebe Longines São Paulo CSI-W Indoor

São Paulo - O principal concurso de salto do continente, Longines São Paulo CSI-W Indoor 2014, vai oferecer ao público que comparecer à Sociedade Hípica Paulista (SHP), entre quarta-feira (15) e domingo (19), muito mais do que a técnica dos principais cavaleiros e amazonas do País. 

 

As provas no picadeiro coberto terão como armador o paulista Guilherme Nogueira Jorge, 47 anos, com quatro olimpíadas e cinco pan-americanos no currículo, e cotado para ser o course-designer nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. 

 

O evento contará também com os talentos de dois renomados artistas plásticos que darão um toque de classe dentro e fora da pista. O carioca Sidnei Tendler, 56, será o designer dos obstáculos, enquanto o paulista Raphael Macek organizará exposição com quadros equestres. O talento desses profissionais, aliado à técnica dos atletas e a exuberância dos animais, deve levar mais de 30 mil pessoas ao longo dos cinco dias à luxuosa arena, com entrada franca. 

 

"O Indoor da Hípica Paulista é sempre especial. Foi onde minha carreira começou e também foi lá que fiz o primeiro grande torneio, a Copa São Paulo, em 1994. São 20 anos de convivência com a SHP", lembra Guilherme, recém-chegado do México onde foi o armador do Concurso Internacional de Xalapa. "Faço questão de deixar a data para o Indoor de São Paulo reservada entre outras provas do circuito mundial. Em termos de apresentação e organização está no mesmo nível dos Grandes Prêmios da Europa". 

 

Sonho olímpico - Graduado com credencial de nível quatro (elevação máxima) pela Federação Equestre Internacional (FEI), Guilherme Jorge é candidato a desenhar os percursos dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Entre os principais momentos de sua carreira estão cinco edições dos Jogos Pan-americanos, sendo quatro, como assistente e uma como armador principal, no Rio de Janeiro, em 2007. Também participou de quatro Olimpíadas como assistente (Atlanta, Sydney, Atenas e Londres) e desenhou duas finais de Copas do Mundo em Las Vegas, 2005 e 2007.

 

"Quem define o armador principal em uma olimpíada é o comitê organizador e sempre existe a tendência de que escolha um ‘local’. Minha expectativa é grande porque participar de uma olimpíada, ainda mais em casa, é o máximo. Tenho a mesma sensação de um atleta", relata Guilherme que há um mês também trabalhou nos Jogos Equestres Mundiais, na França. "Ter um armador nacional é muito importante. Demonstra a qualidade do esporte no País. É um reconhecimento à prática em alto nível". 

 

A evolução de Guilherme na carreira de armador passou pelo reconhecimento de atletas e pelo apoio de colegas mais experientes. "No Pan de 95, em Mar del Plata, e nos Jogos de Atlanta, em 96, tive o privilégio de trabalhar com o venezuelano Leopoldo Palácios e a americana Linda Allen, que passaram experiência e me deram apoio, assim como a CBH e a FEI. E o mais importante, os cavaleiros gostaram do meu trabalho e foram repassando a informação". 

 

Assim como o cavaleiro, o armador também não pode abrir mão da sensibilidade em relação ao animal para obter o resultado desejado na disposição dos obstáculos. "Quando a gente vai fazer um percurso, precisa analisar o nível dos participantes. Conversar com os cavaleiros e respeitar os animais, exigindo deles somente o necessário", revela Guilherme. "No caso do Indoor de São Paulo, como é uma preliminar de Copa do Mundo, existem critérios para se deixar a pista mais leve ou mais pesada". 

 

Obstáculos em harmonia - Quem dirigir um olhar mais atento aos obstáculos do Longines São Paulo CSI-W Indoor vai perceber que os obstáculos estarão mais requintados em relação àqueles utilizados nos concursos tradicionais. "O hipismo está evoluindo e as pistas estão mais modernas, mais leves, mais delicadas. Há mais harmonia entre flores, plantas e outros objetos da pista. Estamos desenvolvendo obstáculos especialmente construídos para o ambiente do Indoor da SHP", afirma o designer Sidnei Tendler. 

 

Ao contrário dos picadeiros europeus, hermeticamente fechados devido ao rigor do inverno, a arena da SHP possui aberturas laterais, o que torna o ambiente mais leve, segundo Sidnei. "Essas aberturas proporcionam uma vantagem para compor os elementos. Posso adiantar, por exemplo, que o ‘muro’ será uma novidade, com verde escuro e prata, as cores predominantes dos obstáculos". Sidnei chegou a montar na adolescência. Teve uma marcenaria no Rio de Janeiro e mora há 12 anos na Bélgica. Ele está trabalhando nos obstáculos há várias semanas internado na marceria da Hípica Paulista. 

 

Arte fora da pista - O fotógrafo paulista Raphael Macek, levará à SHP a exposição de quadros (metacrilato) de algumas das 150 fotos publicadas em seu livro ‘Equine Beauty - A Story of Horses’, lançado no final de 2013 pela editora alemã TeNeues, em cinco idiomas. As imagens retratam cavalos das mais variadas partes do mundo, incluindo as montarias do sheik de Dubai, Doda e Athina Onassis, além de obras inéditas. 

 

"São fotos mais artísticas revelando um detalhe da cultura do local onde foram feitas ou mais focadas na expressão dos animais", conta o também artista plástico de 33 anos, graduado na Escola de Belas Artes de Nova York. "Meu pai era criador e eu cheguei a montar. Hoje, ainda criamos cavalos no Rio Grande do Sul". A exposição começará na quarta-feira, na abertura do concurso, na sede da SHP.

 

O Concurso de Salto Internacional e Nacional é válido pelos rankings brasileiro sênior top e da Federação Equestre Internacional (FEI). A competição será disputada em picadeiro coberto com a participação de mais de 500 conjuntos, entre os melhores do Brasil. Destaque para o medalhista olímpico Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, bronze por equipes nas provas de salto dos Jogos de 1996, em Atlanta, e de 2000, em Sydney, além de atual melhor brasileiro no ranking da FEI.