Telefónica ameaça a liderança do Puma

A quinta etapa da Volvo Ocean Race já pode ser batizada como uma das mais emocionantes e difíceis da história da regata de volta ao mundo / Foto: Volvo Ocean RaceItajaí - A quinta etapa da Volvo Ocean Race já pode ser batizada como uma das mais emocionantes e difíceis da história da regata de volta ao mundo. Nesta quarta-feira, dia 04 de Abril, o barco que liderou a maior parte da perna, o francês Groupama, sofreu uma quebra de mastro e já interrompeu a velejada para fazer os reparos necessários.

 

 

Como o Sanya já tinha abandonado a etapa, o Abu Dhabi tomou a mesma decisão nesta terça-feira e o Camper está sendo reparado no Chile, apenas dois barcos seguem na disputa: o norte-americano Puma e o espanhol Telefónica.

A contagem oficial aponta menos de 1.000 quilômetros para o líder, o Puma, chegar a Itajaí ainda na sexta-feira, um dia antes da previsão divulgada na terça-feira. O Telefónica, porém, que parou no Chile para fazer reparos no casco, voltou com velocidade e sorte: está a menos de 60 quilômetros dos norte-americanos.

Após o conserto e a parada de 12 horas numa das ilhas do cabo Horn, os espanhóis acertaram nas escolhas de rota e tiraram, nos últimos três dias, 400 km de diferença para a liderança, uma vantagem que parecia grande demais para ser revertida. Agora, o time já pode sonhar em vitória. "Nós vamos continuar nesse ritmo para pegar o líder e vencer a perna. A previsão de vento nos favorece para os próximos dias e a esperança não morre", relata o tripulante de mídia Diego Fructuoso. "Nada está definido".

Enquanto isso, o Groupama, que fazia uma disputa equilibrada com o Puma, já está velejando com mastreação de fortuna (usada em emergências) e ruma para o litoral do Uruguai - o acidente aconteceu a 60 milhas náuticas ao sul de Punta del Este. O time ainda não definiu em qual cidade irá fazer os reparos necessários para regressar à disputa. "Perdemos o equipamento, mas a nossa equipe está a salvo. Estamos trabalhando para estabilizar o barco, mas será preciso fazer a mastreação de fortuna", conta o comandante Franck Cammas, logo após o acidente.

Já a tripulação da Camper está confiante em retomar a regata na quinta perna e chegar a tempo em Itajaí. Por causa de danos na proa do barco, a equipe teve de parar em Puerto Montt, no Chile. Eles devem ficar mais três ou quatro dias fazendo reparos. O time de bandeira espanhola e neozelandesa, liderada por Chris Nicholson, chegou ao porto na última terça-feira (3) e não perdeu tempo na avaliação do casco.

Já o Abu Dhabi, que tinha problemas no casco e estava muito atrasado em função da parada que fizera em Auckland para conserto, pegou carona em um cargueiro para chegar a Itajaí antes da Regata do Porto, marcada para 21 de abril.

Em Itajaí - Se os barcos brigam com os ventos para subir o Atlântico, a cidade de Itajaí já vive o dia-a-dia da Volvo Ocean Race e recebeu seu primeiro tripulante: nesta quarta-feira, Antonio Cuevas desembarcou na cidade ao lado de Horácio Carabelli, diretor técnico do Telefónica. Neti, como é conhecido, teve de deixar o barco no sábado, aproveitando o pit-stop feito no Chile, por causa de uma lesão nas costas.

A Vila da Regata foi aberta oficialmente ao público nesta quarta, depois uma cerimônia na noite de terça-feira, que contou com autoridades da cidade e da Volvo Ocean Race. A entrada é gratuita e os visitantes poderão simular a realidade dos velejadores em equipamentos, ver imagens exclusivas no cinema 180º (The Dome) e no 3D. Além disso, a Náutica Show, feira de produtos e serviços voltados ao setor, também será realizada em conjunto com a parada. Outros temas como sustentabilidade dão o tom ao evento, que deve receber 150 mil pessoas nas dependências do Centreventos, antigo prédio da Marejada, até o dia 22, quando a flotilha dá adeus a Itajaí e parte para Miami, nos Estados Unidos.

Operários inauguram coração da Volvo - Os operários que trabalharam no canteiro de obras da Vila da Regata foram os primeiros a conhecer o local. Serventes, pedreiros, carpinteiros e muitos outros profissionais envolvidos direta ou indiretamente com o sucesso da execução do projeto foram liberados mais cedo pela Secretaria de Obras da Prefeitura de Itajaí para visitar o espaço que construíram.

Alvarino Krakeker, de 54 anos, trabalha na área de asfalto e ficou tão emocionado que vai buscar sua família para mostrar o que fez. "Tenho um grande orgulho de ter feito isso. Não é qualquer cidade do País que tem uma área urbana no coração da cidade como esta aqui", garante.

Em pequenos grupos, caminhando atentos pela área externa do Centreventos, os operários comentavam sobre a epopeia que viveram, pois foram 40 dias embaixo de sol e chuva, sem sábados ou domingos, num regime de mutirão. Patrick Aragão, servente de 24 anos está satisfeito: "Ver isso é bonito. Saber que a gente fez o nosso trabalho bem feito é muito bom". De braços dados com o filho de quatro anos, o carpinteiro Volmir Silveira Dutra, 36 anos, relembra: "Ficávamos até às 8 horas da noite trabalhando e agora tenho a satisfação de mostrar para meu menino."

A Vila da Regata ficará aberta até o dia 22 de abril, sempre com entrada gratuita. De segunda a sexta, das 14 às 22 horas e aos sábados e domingos, das 12 às 22 horas.