Regata longa e desafiante abre a Rolex Ilhabela Sailing Week 2012

Golfinhos acompanham Tomgape/ Foto: Rolex / Carlo Borlenghi

Ilhabela - Vai começar a Rolex Ilhabela Sailing Week 2012. E, logo de cara, os velejadores enfrentarão o maior desafio desta edição: 55 milhas (101 quilômetros) no percurso de ida e volta até a ilha de Alcatrazes. 

 

 

A regata Eldorado Alcatrazes por Boreste - Marinha do Brasil será disputada com ventos variando de 8 a 25 nós na direção predominantemente sul e temperatura inferior a 20 graus, ou seja os barcos que disputam a maior competição de vela oceânica da América Latina terão mar agitado e vento de médio a forte.

Estão confirmados 150 embarcações, divididas nas classes S40, C30, HPE, ORC e RGS. As três primeiras são de design único e quem chegar em primeiro vence a prova. Já nas duas últimas é preciso ter uma fórmula para calcular o vencedor, o rating que iguala veleiros de tamanhos diferentes.

"Os barcos irão pegar contra-vento para Alcatrazes. Isso torna a velejada mais difícil. Na volta está previsto vento de ‘través’, que deixa o barco um pouco mais rápido e ondas grandes. A regata é sempre uma aventura diferente, já que as condições pouco se repetem. Todo velejador que corre a prova ganha pontos em experiência", explica o velejador e meteorologista João Hackerott, tático do Miragem, na classe ORC. 


O recorde da travessia é do Brasil 1, de Torben Grael, que completou o trecho de 55 milhas em 6h00min18s, em 2005. A marca, porém, não é oficial porque o veleiro da Volvo Ocean Race não estava competindo. Neste mesmo ano, o barco da Armada Argentina Fortuna III chegou na frente em 6h53min27, recorde oficial da Eldorado Alcatrazes por Boreste. 

Os barcos menores correm a Ilha de Toque-Toque por Boreste (27 milhas/50 quilômetros) e os HPE a Renato Frankenthal (20 milhas/37 quilômetros). O tiro de largada está marcado para 9h30 para a regata longa. Às 9h45 saem os HPEs e às 10 horas os menores.

Candidato a fita azul - Na linguagem náutica, quem cruza a linha de chegada primeiro é chamado de Fita Azul. Esse título é dado em uma prova de percurso longo e envolve todas as categorias. Geralmente, os maiores veleiros levam vantagem. O estreante Saudade, que também sai na ORC, pode ser o Fita Azul. 

"Não temos ideia do que poderá acontecer. Será a nossa primeira velejada logo na estreia da Rolex Ilhabela Sailing Week. Muita coisa pode acontecer, já que dependemos do tempo. Classificação é consequência", conta João Carlos Sampaio Goes. O médico e comandante do modelo Open 44 está com o barco novo em folha, feito para travessias e com última tecnologia a bordo, um projeto francês e construído em Santa Catarina. "É um barco que dá prazer de velejar". O cirurgião plástico e um dos fundadores do IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer) montou uma tripulação especial : trouxe sete colegas de profissão estrangeiros para a estreia em grande estilo. Um da Argentina, quatro dos Estados, um da França e um da Austrália. 

Apontado como o grande favorito na classe ORC, o Tomgape (ex-Touché), de Ernesto Breda, tentará o tricampeonato nas águas de Ilhabela. Com a concorrência em alta, a equipe espera usar o entrosamento para errar as poucas manobras e sair vencedora. "Os adversários estão cada vez mais fortes. Eles investiram mais do que nós e isso tornará o campeonato ainda mais difícil. Temos de adotar a tática logo na Alcatrazes e sair na frente", revela Ernesto Breda. 

O Tomgape e dezenas de outros veleiros aproveitaram o sábado para os últimos treinos para a competição no Canal de São Sebastião. Alguns deles tiveram uma companhia bastante agradável. Cerca de cem golfinhos acompanharam as embarcações durante um bom tempo fazendo evoluções. 

As estrelas olímpicas - Medalhistas olímpicos como Bruno Prada e o maior deles, Torben Grael, participam do evento na chamada Capital Brasileira da vela. Bruno, por exemplo, está de malas prontas para Weymouth para tentar o ouro ao lado de Robert Schedit na classe Star. Ele comandará o HPE Ginga e embarca para a Inglaterra no outro domingo, dia 15. 

Ilhabela também recebe outras duas velejadores olímpicas: Adriana Kostiw e Ana Barbachan. As duas estão na equipe do Corum na classe HPE. O veleiro é um dos quatro da competição tripulado apenas por mulheres. "Vou encerrar com chave de ouro minha preparação. Já estava treinando em Ilhabela e agora sigo para a Inglaterra focada em um bom resultado. Correr a Rolex Ilhabela Sailing Week é imperdível", relata Adriana Kostiw, representante brasileira na classe Laser Radial.

Próxima da sua primeira Olimpíada, Ana Barbachan, proeira de Fernanda Oliveira na 470, irá aproveitar para velejar e descansar. "Não consegui ficar muito longe e resolvi velejar com meus amigos. Bate uma ansiedade em relação aos Jogos, mas estamos prontas e bem preparadas". 

Números - A Rolex Ilhabela Sailing Week é apontada como a maior da América Latina e os números comprovam isso. São 150 barcos entre as principais classes de oceano e mais de 1.400 velejadores de três países - Brasil, Chile e Argentina - e nove estados - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Brasília, Minas Gerais e Bahia. 

Nos últimos 12 anos, o evento ganhou mais importância no meio náutico e atraiu patrocinadores, como a Rolex, que dá o nome há seis anos. Toda essa estrutura é de primeiro mundo, o que comprova a importância da competição. 

A organização conta com staff de 300 profissionais entre produção, técnicos, serviço de buffet, segurança, internet, árbitros, além dos funcionários fixos do Yacht Clube de Ilhagela. O evento contrata prestadores de serviço de Ilhabela e todo o processo de montagem da estrutura dura mais de um mês. A previsão é de que o clube receba cerca de 6 mil pessoas, entre convidados e velejadores. 

"O Yacht Club de Ilhabela (YCI) está na vanguarda da vela de oceano e, a cada ano, inovamos com novas classes e profissionalismo. Basta ver o quadro de árbitros e os velejadores de ponta. Dentro do clube, a organização dá um show de competência e trabalho em equipe, não deixando nada a desejar aos maiores eventos internacionais", explica José Manuel Nolasco, diretor de vela do YCI.

Total de barcos: 150
BRA-RGS: 67
ORC: 45
HPE: 27
C30: 6
S40: 5

Programação da Rolex Ilhabela Sailing Week:

7/7 - 9h às 23h - Inscrições no YCI

8/7 - 9h30 - Regata Alcatrazes por Boreste - Marinha do Brasil (S-40, C-30, ORC 500-600-650 e BRA-RGS A - B Cruiser)
- 9h45 - Regata Renato Frankenthal (HPE)
- 10h - Regata Ilha de Toque-Toque por Boreste (ORC 700, BRA-RGS C e M
24,5)

9/7 - Dia livre

10/7 - 12h - Regatas para todas as classes
- 18h - Premiações Fita-Azul
- 19h - Palestra ABVO - Novos Rumos da Vela Oceânica no País e no Mundo 

11/7 - 12h - Regatas de percurso médio para todas as classes
- 17h30 - Confraternização

12/7 - 12h - Regatas para todas as classes
- 17h - Confraternização

13/7 - 12h - Regatas para todas as classes
- 17h - Confraternização
- 18h - Palestra: "O estado do nosso oceano", por Philippe Cousteau Jr e Thassanee Wanick
- 19h - Premiação do Campeonato Sul-Americano S 40 e ORC
- 19h - Premiação do Campeonato Brasileiro e Campeonato das Classes RGS, C30 e M24,5

14/7 - 12h - Regatas para todas as classes
- 17h - Confraternização
- 19h30 - Primeira Premiação dos vencedores da Rolex Ilhabela Sailing Week
- 21h - Segunda Premiação dos vencedores da Rolex Ilhabela Sailing Week

Estrada interditada - Os velejadores que utilizarem a Rodovia dos Tamoios (SP-099) devem ter atenção durante o trajeto até Ilhabela e no retorno. Em decorrência das obras de duplicação da estrada, a Dersa - Desenvolvimento Rodoviário S/A - interditará totalmente o trecho entre os quilômetros 14 e 55 de terça a quinta-feira no horário das 12h às 14h. O período estimado para execução da obra é de 20 meses. A orientação da Dersa é programar os horários de viagem ao litoral norte. Mais informações pelo telefone  0800 055 5510.