Tiro esportivo tem estrutura de ponta no CNTE em Deodoro

Felipe Wu disputando etapa da Copa do Mundo  / Foto: Ricardo Brenck / CBTE

Rio de Janeiro - Legado dos Jogos Pan-americanos de 2007, o Centro Nacional de Tiro Esportivo (CNTE), localizado no Complexo Esportivo de Deodoro, no Rio de Janeiro, é onde se reúne e treina a seleção brasileira permanente de tiro esportivo para as competições internacionais e principalmente para os Jogos Olímpicos de 2016. 
 
Para aperfeiçoar a estrutura já existente no local, Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) recebeu novo aporte, de R$ 2,5 milhões, em convênio com o Ministério do Esporte, para custear recursos humanos que atuam nos treinamentos e atividades multidisciplinares cuidando da preparação física, técnica e psicológica da equipe. O Projeto CNTE 2016 engloba pagamento de despesas com 31 funcionários de comissão técnica, comissão médica e coordenação, até o fim de 2014.
 
As equipes de preparação vêm sendo definidas como prioridade para a CBTE e, com isso, o esporte estabeleceu, nos últimos dois anos, 60 recordes em competições internacionais. “Estamos conseguindo reverter uma situação histórica”, afirma Luciano Parreira, secretário geral da confederação. Ele explica o estágio de preparação para os Jogos Rio 2016: “Focamos nos treinamentos centralizados (TCs). Nosso objetivo é que todos os TCs sejam feitos no centro de treinamento nacional”.
 
TCs: metodologia intensiva - Os treinamentos centralizados são feitos por atletas da seleção brasileira permanente de tiro esportivo de todo o país e duram uma semana. Com metodologia intensiva, incluem provas internas que somam pontos para o chamado Ranking Qualidade (RQ), válido para todos os atletas da seleção, independentemente da modalidade.
 
O RQ é a soma dos três melhores resultados entre os quatro últimos obtidos em eventos realizados em Provas Presenciais, Seletivas e Treinamentos Centralizados, a cada seis meses. Uma vez convocado, o atleta tem participação assegurada para os próximos três TCs consecutivos e vai permanecendo no grupo sempre que mantiver um índice Mundo ou América em seus resultados válidos no ranking.
 
Um dos representantes do alto rendimento que vêm participando de TCs no Rio é o paulista Felipe Wu, que completa 21 anos este mês e, desde 2008, integra a equipe nacional. O atleta, da modalidade de pistola de ar, acaba de conquistar a oitava colocação na etapa de Fort Benning, nos Estados Unidos, da Copa do Mundo de Tiro Esportivo. Com o resultado, ele esteve entre os finalistas dessa etapa, em maio. Os próximos desafios acontecem em julho: a quarta e última etapa da Copa do Mundo, em Granada, Espanha, e depois a Universíade, na Rússia.
 
“Aproveito muito cada semana intensiva de TC para trazer benefícios para a minha preparação, com o objetivo hoje focado em 2016, para, quem sabe, uma primeira participação olímpica em minha carreira”, aposta Felipe Wu.
 
Quem conhece bem este sonho de estrear em Jogos Olímpicos, realizado ano passado em Londres, é outra atleta de pistola de ar, Ana Luiza Ferrão. A veterana carioca de 39 anos quebrou um jejum de vinte anos em que o Brasil não classificava uma mulher no tiro esportivo. A última brasileira a participar de Jogos Olímpicos havia sido Tânia Giansante, em Barcelona 1992. Ana treina duro para conquistar uma vaga em 2016.
 
“Nesse período, têm aparecido muitas mulheres em destaque, então não vai ser tão fácil conseguir a vaga”, diz ela. “Isso é ótimo porque nos incentiva, temos treinado todas juntas nos TCs em Deodoro”, diz, ressaltando a importância da preparação contínua para as diversas competições do calendário internacional: “Temos vários testes para os Jogos Olímpicos, como o próximo Pan-americano em Toronto. Essas participações e conquistas vão nos trazendo confiança”, comenta.
 
Por ser país sede, o Brasil tem pelo menos nove vagas asseguradas nos Jogos de 2016, com cinco vagas para carabina e pistola e quatro para tiro ao prato, possibilitando a participação em 14 modalidades das 15 possíveis – a única que não tem vaga certa é a fossa dublê. O objetivo da equipe nacional é conquistar de uma a duas medalhas nos Jogos de 2016.
 
Equipe conta com academia de ginástica - Entre os funcionários da equipe técnica há profissionais de educação física alocados em uma academia de ginástica do CNTE, usada para prática de exercícios aeróbicos e anaeróbicos e treinamento funcional. A academia foi construída em 2011 com recursos do Ministério do Esporte, que disponibilizou R$ 1,5 milhão para equipagem das instalações visando à preparação para os Jogos Olímpicos de Londres.
 
“Na primeira fase do projeto, além da contratação de recursos humanos, foram adquiridos equipamentos da academia, carabinas, pistolas e munição, que melhoraram ainda mais a infraestrutura do centro nacional e possibilitaram a realização dos treinamentos centralizados”, explica o secretário geral da confederação, Luciano Parreira.
 
O chefe de equipe e ex-atleta de tiro com pistola Ricardo Brenck coordenou a atividade dos profissionais multidisciplinares e o planejamento de treinos na primeira fase. “Criamos benefícios que os atletas não tinham. A infraestrutura existente em Deodoro permitiu isso, e hoje temos um centro de excelência completo com equipes multidisciplinares e de auxílio técnico atuantes”, avalia.
 
Para a próxima fase, quem assume a missão é Erickson Andreatta. “Nosso grande objetivo é dar continuidade à fase anterior e disponibilizar as equipes multidisciplinares para os atletas, integrando representantes de todo o Brasil nos TCs. As provas e competições centralizadas no CNTE nos permitem nível de precisão para avaliar a equipe nacional, com foco em 2016”.