Maicon Siqueira conquistou a medalha de bronze no taekwondo. Relembre

De virada, brasileiro derrotou atleta britânico e comemora com a família / Foto: Saulo Cruz/Exemplus/COB

Rio de Janeiro - Ex-peão de obra, ex-garçom, sempre um filho dedicado e, desde o dia 20 de agosto de 2016, medalhista olímpico no taekwondo. Maicon Siqueira, 23 anos, conquistou o bronze na categoria acima de 80kg, em uma noite de sábado, no dia 20 de agosto, há exatamente um ano, na Arena Carioca 3 dos Jogos Rio 2016.
 
Tratava-se do o primeiro pódio brasileiro na modalidade em disputas masculinas (em Pequim 2008, Natália Falavigna também foi bronze). Caçula dos oito filhos de dona Vitória – que teve 12, mas perdeu quatro –, Maicon tinha a seguinte rotina até quase dois anos atrás: pedreiro de segunda a sexta, garçom aos sábados e atleta aos domingos. Mas esse não foi seu maior obstáculo: em 2015, recebeu a notícia de que a mãe estava com câncer. A cura veio pouco antes do bronze, e foi para os braços dela, além de irmãos e amigos, que ele correu para comemorar a conquista.
 
“Família é a base de tudo. Como qualquer outro brasileiro, trabalhei para sustentar minha família e poder correr atrás do meu sonho”, disse Maicon após a vitória por 5 a 4 sobre o britânico Mohama Cho. O crescimento nos últimos dois anos foi enorme, principalmente depois que o atleta passou um mês no Irã, às vésperas dos Jogos. “O Maicon voltou muito maduro desse intercâmbio. Ele é um garoto centrado, que sabe o que quer”, afirmou o técnico Alberto Maciel Júnior.
 
Se a caminhada até os Jogos não foi fácil, o percurso até a medalha também não ficou atrás. Maicon começou o dia com uma vitória de virada, a 30 segundos do fim, sobre o americano Stephen Lambdin (9 a 7). Nas quartas de final, derrota para Issoufou Alfaga, de Níger (6 a 1). A partir de então, restava-lhe torcer para que Alfaga ganhasse a semifinal, possibilitando que o brasileiro disputasse a repescagem. “Eu olhei para ele depois da luta e disse: ‘espera que tem algo guardado para você’”, lembrou o treinador. Maicon quis então conversar com a mãe, para se acalmar.
 
“Minha mãe é a pessoa com quem sempre tiro as dúvidas. Ela não entende de taekwondo, não é conversa sobre tática nem nada. É para perguntar como eu fui, como ela estava sentindo. É coisa de mãe e filho, de carinho e amor. Ela falou que eu já estava dando orgulho à família e que, para ela, eu já era campeão”, contou Maicon.
 
O efeito foi imediato. Alfaga passou para a final, e o brasileiro foi para a repescagem com tranquilidade. Então, venceu o francês M’Bar N’Diaye (5 a 2) e o britânico Mohama Cho (5 a 4). Nessa última luta, saiu perdendo por 3 a 1, mas virou o combate.
 
“Entrei ali focado e tentei administrar. Foi uma conquista inédita na minha modalidade. Nunca sonhei que poderia disputar os Jogos Olímpicos no meu país. Até outro dia, perguntava para a minha mãe se isso estava acontecendo mesmo”, comentou ele, ainda escutando os gritos da torcida. “Isso é a coisa mais gostosa que tem na vida. Queria que a medalha desse mais visibilidade ao taekwondo no Brasil, que tem muitos campeões”.
 

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