Basquete masculino é ouro e Brasil ganha 1º título com Magnano

Seleção Brasileira venceu o Canadá na casa do adversário e chegou à sexta medalha de ouro do basquete masculino em Pans /  Foto: Washington Alves / Exemplus / COB

Rio de Janeiro - Os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011 não foram uma competição da qual a Seleção Brasileira de basquete masculina guarde boas lembranças. No México, o time buscava chegar ao sexto título continental, mas teve o sonho adiado após uma campanha irregular na primeira fase, quando, após vencer o Uruguai (80 x 71), caiu diante dos Estados Unidos (88 x 77) e, depois, foi derrotado pela República Dominicana (85 x 77). Restou à equipe a disputa do quinto lugar, contra o Canadá, partida que terminou com vitória brasileira por 74 x 56.

Quatro anos depois, no Pan de Toronto 2015, a história foi outra, tanto para o Brasil quanto para o Canadá, que disputaram, neste sábado (25.07), a final masculina. Os dois times chegaram invictos à final e, diante de um estádio lotado no Ryerson Athletic Centre, o técnico campeão olímpico Rubén Magnano (ouro em Atenas 2004, com a Argentina) conquistou, finalmente, seu primeiro título com a Seleção Brasileira, equipe que comanda desde 2010. Mais do que isso, ele se emocionou quando Marcus Toledo lhe entregou a medalha de ouro, que ele poderá levar para casa para sua coleção pessoal.
 
Em competições chanceladas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), o treinador não recebe medalhas. Mas como o Brasil veio a Toronto com apenas 11 dos 12 jogadores que poderia inscrever – o armador Raulzinho foi dispensado para voltar suas atenções para a NBA depois da contratação pelo Utah Jazz –, sobrou uma medalha na premiação, que foi para no pescoço de Magnano.
 
“Estou feliz, mas a palavra mais apropriada seria orgulhoso por comandar esse time e construir neles uma ideia de jogo solidário, em que a defesa foi uma coisa muito forte”, declarou. Emocionadíssimo ao olhar a medalha, Magnano tentou expressar o que sentia. “É muito difícil falar com palavras a sensação. Eu falei que me sinto muito orgulhoso. Eu tenho uma pequena parte dessa vitória, mas a matéria prima são eles. Eu estou muito agradecido pelo gesto deles”. Magnano revelou que tem uma cópia da medalha de ouro de Atenas 2004, mas é a primeira medalha autêntica que recebe em um torneio que não é organizado pela Federação Internacional de Basquete (FIBA), no qual os treinadores recebem a premiação.
 
Para Rafael Hettsheimeir, a alegria de conquistar o primeiro ouro com Magnano é enorme. “Ele é um técnico que quando chegou mudou a cara da seleção. Ele é um exemplo tanto dentro quanto fora de quadra, já demonstrou isso várias vezes. Com o sistema dele, com o trabalho que ele faz, tanto eu quanto os outros jogadores nos sentimos melhores e a união da equipe fez a diferença hoje”, declarou.
 
O jogo
 
No caminho até a final, a Seleção Brasileira superou, na fase classificatória, a equipe de Porto Rico (92 x 59), passou pela Venezuela (79 x 64) e, no último duelo, triunfou sobre os Estados Unido (93 x 83). Na semifinal, o time de Rubén Magnano fez seu jogo mais difícil antes da decisão e derrotou a República Dominicana por apenas seis pontos de diferença (68 x 62). Já o Canadá avançou à decisão em casa tendo passado pela República Dominicana (105 x 88), Argentina (88 x 83), México (96 x 76) e Estados Unidos (111 x 108).
 
No primeiro quarto, principalmente nos últimos cinco minutos, o Brasil protagonizou uma atuação de gala. O jogo seguiu equilibrado até o 11 x 11. A partir daí, só deu Seleção Brasileira. Jogando com um ótimo aproveitamento dos arremessos de longa distância e dominando o garrafão na defesa, o Brasil chegou a abrir 15 pontos (26 x 11) e fechou a primeira etapa liderando por 13 pontos (26 x 13). Nos primeiros 10 minutos, o destaque foi Rafael Hettisheimeir, que acertou três dos cinco arremessos que tentou de três pontos. No total, foram 11 pontos.
 
No segundo quarto, Magnano poupou vários jogadores que iniciaram a partida (Rafael Luz, Augusto Lima, Benite, Rafael Hettsheimeir e Leonardo Meindl), mas o ritmo do Brasil não caiu. A vantagem construída na primeira etapa foi ampliada e os brasileiros foram para o vestiário liderando por 19 pontos (48 x 29). Metade de do caminho ao ouro estava pavimentado...
 
No retorno do intervalo, a Seleção Brasileira voltou com intensidade. A equipe chegou a abrir 25 pontos (56 x 31), mas, impulsionado pela barulhenta torcida, o Canadá cortou a vantagem para 13 pontos e o confronto, então, foi para os últimos 10 minutos com o Brasil liderando o placar por 67 x 54.
 
As maiores emoções acabaram ficando para o último quarto. Embalados pelo apoio fora de quadra, os canadenses apertaram a marcação e o Brasil sentiu a pressão. Em menos de três minutos, a vantagem caiu para apenas seis pontos, para desespero da torcida brasileira. Entretanto, isso foi o máximo que os rivais conseguiram. Logo depois, um arremesso de Augusto Lima de dois pontos, seguido de uma bola de três de Olivinha deixaram o Brasil 11 pontos à frente (74 x 63) e abriram caminho para o título em Toronto. Fim de jogo, 86 x 69 no placar e o sexto ouro do Brasil em Jogos Pan-Americanos garantido.
 
Seis ouros
 
Com a vitória em Toronto, a Seleção Brasileira masculina de basquete chega à 14ª medalha em 17 edições dos Jogos Pan-Americanos. O time conquistou o ouro em Toronto 2015, Rio de Janeiro 2007, Santo Domingo 2003, Winnipeg 1999, Indianápolis 1987 e Cali 1971.
 
As medalhas de prata vieram em 1963, em São Paulo; e em 1983, em Caracas. Os bronzes foram arrebatados em 1951, em Buenos Aires; 1955, na Cidade do México; 1959, em Chicago; 1975, novamente na Cidade do México; 1979, em San Juan; e em 1995, em Mar del Plata.
 
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