Prova feminina da maratona encerra eventos-teste de agosto no Rio

As provas de maratonas aquáticas fecharam o calendário de eventos-teste do mês de agosto / Foto: Alexandre Loureiro

Rio de Janeiro - Sétimo evento-teste para os Jogos Olímpicos Rio 2016 e última competição deste tipo do mês de agosto, o Aquece Rio Evento Internacional de Maratona Aquática terminou neste domingo (23.08) com a prova feminina. 

 

Disputada no percurso olímpico de 10km montado ao lado do Forte de Copacabana – o mesmo utilizado no sábado (22.08) na prova masculina vencida pelo baiano Allan do Carmo –, a disputa entre as mulheres reuniu 25 atletas, de oito países (Brasil, Japão, Grã-Bretanha, França, China, Canadá, Itália e Alemanha).
 
A competição terminou com vitória da britânica Keri Anne Payne (2h12min18s7). A brasileira Ana Marcela Cunha, em ótima fase, chegou em segundo (2h12min19s9), seguida pela alemã Isabelle Harle (2h12min23s). Com a prova, a maratona aquática se junta ao vôlei, ao triatlo, ao remo, ao hipismo, ao ciclismo de estrada e à vela, todos com eventos-teste já realizados no Rio de Janeiro.
 
Como não valia pontos para o ranking mundial ou colocava em jogo vaga para os Jogos Olímpicos de 2016, o evento-teste da maratona aquática teve como principal objetivo permitir que os atletas conhecessem o percurso de competição e as condições de clima e do mar que eles podem encontrar no ano que vem na capital fluminense.
 
Ainda assim, o evento contou com feras da modalidade, como a francesa Aurelie Muller, campeã mundial dos 10km no Mundial de Kazan (Rússia), disputado neste mês; a britânica Keri Anne Payne, bicampeã mundial (2009 e 2001) e prata nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008; a italiana Rachele Bruni, líder do ranking mundial em 2015); a alemã Isabelle Harle, ouro por equipes nos 5km no Mundial de Kazan; além, é claro, das brasileiras Ana Marcela Cunha – campeã nos 25km (prova não olímpica), prata nos 5km por equipe (ao lado de Allan do Carmo e Diogo Villarinho) e bronze nos 10km em Kazan – e Poliana Okimoto.
 
Apesar de o mar estar bem mais tranquilo do que na prova masculina, no sábado, a temperatura da água, de 18 graus (o mínimo permitido para a prova são 16 graus), dificultou a vida das atletas. Tanto que algumas favoritas, como Aurelie Muller e Poliana Okimoto, abandonaram na segunda volta. Poliana sentiu dores na virilha e, para não agravar a lesão, já que ainda tem provas importantes neste semestre, preferiu não continuar.
 
Em 2016, a disputa da maratona aquática nos Jogos Olímpicos será marcada foi uma situação inédita para a modalidade: pela primeira vez a prova será disputa no mar, em águas abertas, ao contrário das outras edições olímpicas, realizadas em raias de remo ou lagos artificiais.
 
Por conta disso, para a organização o Aquece Rio Evento Internacional de Maratona Aquática para competição deste fim de semana envolveu questões referentes não só ao percurso ou à condição do mar. Cerca de 400 pessoas estiveram envolvidas na preparação e o acompanhamento da competição mobilizou 42 embarcações, entre botes, jet skis, barcos, lanchas, caiaques e o veleiro utilizados pelos profissionais de imprensa, de arbitragem, pelas equipes de alimentação (hidratação dos atleta) e times de resgate. No total, as operações na água e na areia mobilizaram cerca de 100 pessoas.
 
Ao final, Gustavo Nascimento, diretor de gestão de instalações do Rio 2016, avaliou que, no geral, o evento-teste foi um sucesso. Ele frisou que apenas ajustes finos terão que ser feitos para organizar a prova de maratona aquática para 2016.
 
O principal desafio para os Jogos Olímpicos é trabalhar as operações no mar com os barcos para que os atletas possam ter as melhores condições de prova possíveis. Tanto Ana Marcela Cunha quanto Allan do Carmo relataram dificuldades principalmente com os barcos de alimentação por conta das condições do mar.
 
“Estou muito feliz. Foi muito positivo estar aqui para testar a prova. Muitos ajustes são necessários, mas a gente teve condição de mar mexido, uma temperatura um pouco mais fria e ficamos satisfeitos por poder testar nessas condições para garantir que nossa equipe estará pronta para realizar o evento no ano que vem”, declarou Gustavo.
 
“Queria agradecer muito ao Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, que fez a operação de resgate na água, embora não tenha precisado entrar em ação. Nós viemos testar a área de competição e o sistema de resultados. Testamos o que queríamos testar e estamos muito satisfeitos”, continuou. Segundo ele, até a competição olímpica diversos treinamentos com os pilotos dos barcos serão feitos para que eles possam se adaptar ao máximo às condições do mar para permitir que a estabilidade seja a melhor possível em 2016 no atendimento aos atletas.
 
A contrário do evento de vela, encerrado no sábado (22.08), em que houve algumas ressalvas às condições da água na Baía de Guanabara, no evento-teste da maratona aquática os estrangeiros não fizeram qualquer tipo de ponderação negativa às águas de Copacabana.
 
No sábado, O japonês Yasunari Hirai (segundo colocado) e o italiano Simoni Ruffini, (quarto lugar), que pela primeira vez competiram no Rio de Janeiro, elogiaram a qualidade da água e, neste domingo, a campeã Keri Anne Payne foi taxativa.
 
“As pessoas falam demais sobre a qualidade da água... Eu nadei aqui por quatro dias seguidos e não fiquei doente e nem nada. Acho que estão exagerando. Aqui em Copacabana não tem nada de errado com a água”.
 
A britânica não poupou elogios ao cenário da prova deste domingo. “É uma área de competição brilhante. Eu tive que tentar me concentrar nas voltas quando olhava para o lado e via o Corcovado me dizendo ‘bem-vinda’. A Praia de Copacabana é um lugar tão icônico para nadar. O dia estava lindo hoje, todo mundo na rua, e acho que vai ser perfeito em 2016”.
 
Embora tenha levantado questões sobre os barcos de alimentação, Ana Marcela Cunha (que acabou de voltar de férias de 15 dias e, portanto, não estava no auge da forma), também avaliou de forma positiva o evento-teste.
 
“A nossa passagem pelo o lounge dos atletas foi muito rápida. Assim, sobrou muito tempo para colocar a roupa. Achei tudo bem organizado. Não precisamos caminhar até o local da competição, viemos com o carrinho, e foi tudo bem tranquilo”, destacou. “A única coisa que a gente fica mais ou menos assim é com a alimentação e com o pórtico (local de chegada). Precisamos tomar mais cuidado com o pórtico e com os pontos de alimentação, porque o barco não fica parado o tempo inteiro. Temos que tomar cuidado para o barco não ficar de lado, porque alguns atletas têm dificuldade quanto a isso. Mas, de resto, estava bem tranquilo. O percurso estava bom, tínhamos o barco guia e, então, não ficávamos perdidos. Todo mundo sabe que é difícil (uma prova) no mar. Mas acho que agora os atletas têm de passar um feedback para a organização do que a gente sentiu para a gente poder fazer uma boa prova aqui em 2016”, declarou a nadadora, que ficou muito satisfeita com a medalha de prata.
 
“Estou bem contente com a forma como eu nadei. Tive paciência e por mais que todo mundo ache que é difícil, há 20 dias eu nadei 25km (quando ganhou o ouro no Mundial de Kazan). Então, quando a gente nada cinco horas, nadar duas, mesmo depois das férias, é uma coisa que a gente encara de um modo um pouco mais fácil”, encerrou Ana Marcela.
 
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