Após queda, Pâmella fica em 30º

Triatleta cai em prova do ciclismo, e supera machucados e dores no corpo para completar prova no Hyde Park/ Foto:  Valterci Santos/AGIF/COB

Londres- No início da etapa de ciclismo, a brasileira Pâmella Oliveira estava no pelotão de frente na prova do triatlo dos Jogos de Londres 2012. Porém, diante de um Hyde Park lotado por espectadores que não desperdiçaram a rara oportunidade de acompanhar de perto uma competição olímpica, sofreu uma queda logo na primeira volta do trajeto. A partir daí, a disputa deixou de ser contra as adversárias, contra o tempo, contra o percurso. Até a linha de chegada, a brasileira lutou contras fortes dores que quase a impediram de controlar sua bicicleta e de correr normalmente. Pâmella venceu sua batalha particular: completou a prova, em 30º lugar, com o tempo total de 2h04min02s.
 
A brasileira cruzou a linha de chegada 4min14s depois da suíça Nicola Spirig, que ficou com a medalha de ouro ao completar os 1500m de natação, 43km de ciclismo e 10km de corrida em 1h59min48s. A chegada foi decidida com a ajuda da foto, já que Spirig chegou colada à sueca Lisa Norden, que registrou o mesmo tempo e ficou com a prata no detalhe. O bronze foi para a australiana Erin Densham, que fechou o percurso em 1h59min50s.
 
Com o lado esquerdo do corpo bastante machucado (a mão trazia sangue misturado a restos da pista, o braço tinha arranhões de cima a baixo e a perna estava travada), Pâmella não conseguia esconder a decepção ao fim da prova. Embora não tivesse a expectativa de subir ao pódio, o bom desempenho no início da prova animou a brasileira e a queda acabou com as esperanças de um resultado inédito para o país em Jogos Olímpicos, depois do 11º lugar de Sandra Soldan em Sidney 2000.
 
“Fiquei bem chateada, porque me sentia preparada e sei que rendo mais do que fiz hoje. Mas nunca pensei em desistir, porque são os Jogos Olímpicos, não existia a hipótese de parar. Lutei muito para estar aqui e, em respeito a tudo o que fiz, eu tinha ao menos que ir até o fim. Só não sabia como ia terminar”, disse a triatleta. “Essa é uma característica boa que eu tenho, de conseguir manter o foco, a calma. O que tive foram escoriações, um pouco de dor muscular. Isso depois melhora, não foi nada grave. Se eu parasse, sabia que só teria outra chance daqui a quatro anos. Nem cogitei essa possibilidade”.
 
Medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos Guadalajara 2011, Pâmella fez um excelente início de prova e, como havia planejado, fechou a etapa da natação, sua especialidade, entre as primeiras colocadas. A brasileira terminou os 1.500m do percurso no Lago Serpentine em quarto lugar, com 18min27s, atrás apenas da britânica Lucy Hall (18min17s), da dinamarquesa Line Jensen (18min21s) e da japonesa Mariko Adachi (18min25s).
 
“Comecei a prova do jeito que eu queria, mesmo com a roupa de borracha consegui nadar bem forte e terminei entre as primeiras, que era um dos objetivos. Saí para pedalar muito bem, estava muito bem preparada e me sentindo bem. Estava pronta para começar o pedal muito forte, para ditar um ritmo forte para as meninas que estavam na frente e na intenção de manter aquele grupo pequeno”.
 
No pelotão de frente, Pâmella iniciou os 43km de pedalada, que reservavam o um obstáculo inesperado. Apenas seis minutos haviam se passado quando, ao fazer uma curva muito fechada, a brasileira derrapou e acabou sofrendo a queda. Machucada, custou a se reestabelecer e caiu para o último pelotão, mas fez uma prova de recuperação e fechou o ciclismo em 39º lugar entre 55 competidoras – três das quais não cruzaram a linha de chegada.
 
“Não imaginei que aquele ponto estava tão escorregadio, tanto que caí no susto. Havia prestado atenção em outras curvas, que vi que eram mais perigosas, mas nessa, não. Depois vi outras meninas tomando bastante cuidado naquele ponto”, disse Pâmella. “As dores eram muito fortes, não tinha posição para pegar a bike, senti bastante a perna e não consegui acompanhar o pelotão que estava vindo muito forte. Fiquei ali atrás tentando ver se melhorava para a corrida, já que não estava no lugar onde eu queria no ciclismo. As dores foram melhorando, mas senti que saí bem travada para correr. O quadril e a coxa doíam muito”.
 
Apesar das dores, num esforço final a capixaba de 25 anos ainda ganhou algumas posições e terminou os 10km de corrida em 36min01, completando a prova em 30º lugar com 2h04min02s.