Depois de Londres, COB estabelece meta para 2016

Presidente do COB fala à imprensa / Foto: Alaor Filho / AGIF / COB

Rio de Janeiro - Aumentar o número de medalhas nas modalidades em que o Brasil já tem tradição; conquistar medalhas em novas modalidades, como ocorreu na ginástica artística, no boxe e no pentatlo moderno já em Londres 2012; e dar atenção especial às modalidades individuais que distribuem um grande número de medalhas. 

A síntese das ações do Comitê Olímpico Brasileiro para os Jogos Olímpicos Rio 2016, e que integram o mapa estratégico da entidade, foi anunciada neste domingo, dia 12, durante a entrevista coletiva em que o COB avaliou a participação brasileira em Londres 2012. Em Londres, o Time Brasil conquistou um total de 17 medalhas e terminou na 14ª colocação, empatado com Hungria e Espanha. O país registrou ainda o maior número de pódios em uma mesma edição dos Jogos. Foram 3 de ouro, 5 de prata e 9 de bronze.  A marca anterior, com 15 medalhas, havia sido obtida em Atlanta 96 e em Pequim 2008. A meta para o Rio 2016 é colocar o Brasil entre os dez primeiros países pelo número total de medalhas.
 
“O COB veio para Londres com uma expectativa realista, que era conquistar um número de medalhas próximo ao que foi obtido em Pequim. O resultado final foi dentro do esperado e está de acordo com o planejamento do COB para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Temos o desafio de colocar o Brasil entre os Top Ten e já estamos trabalhando para isso. O COB tem detalhado um planejamento para cada modalidade, de acordo com o nível que cada uma se encontra e onde pode chegar. Em conjunto com as Confederações Brasileiras Olímpicas e com o apoio do Ministério do Esporte, do Governo Federal, dos estados, das prefeituras e dos patrocinadores vamos aperfeiçoar a estrutura de treinamento e oferecer todas as condições para que nossos atletas tenham excelente participação diante da torcida brasileira em 2016”, afirmou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.
 
“Para Londres realizamos a melhor preparação da história, com uma oferta de serviços igual à das grandes potências, tais como o Crystal Palace, Ciências do Esporte, Telemedicina (inédito no mundo esportivo), aclimatação do judô e do boxe em Sheffield, aclimatação da ginástica masculina em Ghent e da feminina em Ipswich, hotéis de apoio, quadra exclusiva para o voleibol etc. Agradecemos aos atletas, aos técnicos, aos integrantes das comissões técnicas e às Confederações Brasileiras Olímpicas. O COB reconhece o trabalho e o empenho de cada integrante do Time Brasil em Londres”, afirmou Nuzman.
 
Ao analisar a participação do Brasil e dos principais países em Londres 2012, o Comitê Olímpico Brasileiro verificou maior pulverização das medalhas, com a diminuição do número de conquistas de potências como Estados Unidos, China, Austrália, França e Itália. Além disso, observou que os resultados de alguns países ascendentes no quadro geral de medalhas ocorreram devido ao investimento maciço em poucas modalidades. É o caso, por exemplo, do Irã, Cazaquistão e Coréia do Norte no levantamento de peso, da Hungria na canoagem e da Jamaica nas provas de velocidade do atletismo.  “Vamos investir mais nos esportes individuais, porém acreditamos que as conquistas de um país devem acontecer em um número diversificado de modalidades. Além de termos tradição nos esportes coletivos, que continuarão a ter peso importante no nosso planejamento, precisamos ampliar o leque de possibilidades e conquistas. Nossos carros-chefes em 2016 serão o judô e o vôlei, porém é importante desenvolvermos o esporte com um todo, e não apenas uma ou duas modalidades”, explicou Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB.
 
Além do número total de 17 medalhas, o Time Brasil teve em Londres o primeiro ouro olímpico do judô feminino; a primeira medalha do pentatlo moderno, o bronze de Yane Marques; e a primeira medalha olímpica da ginástica artística, o ouro de Arthur Zanetti nas argolas. Outro ponto de destaque foi o recorde de medalhas do judô e vôlei (4) e do boxe (3) e a boa participação do handebol feminino e do basquete masculino.  Em Londres o Brasil obteve ainda a 100ª medalha olímpica de sua história, com o bronze de Adriana Araújo, do boxe. O país foi representado por 259 atletas em 32 modalidades.
 
Entre os pontos de atenção para 2016, o COB analisará o motivo da diminuição do número de finais (em Pequim foram 41, em Londres 36) e as participações de modalidades como natação, que conquistou duas medalhas, e outras que não obtiveram conquistas, como o atletismo, taekwondo, basquete feminino, futebol feminino e ginástica artística feminina. O COB analisará também modalidades que não se classificaram para os Jogos Olímpicos, como ginástica rítmica e handebol masculino. “Vamos nos reunir com as Confederações e analisar a situação desses esportes. Precisamos avançar em modalidades que distribuem muitas medalhas, como natação e atletismo, e recuperar o nível de algumas coletivas, como basquete e futebol feminino. O desafio para 2016 não será somente do COB, mas de todas as Confederações”, afirmou Marcus Vinícius.
 
No quadriênio 2009/2012 o COB recebeu até junho passado R$ 331,3 milhões de recursos da Lei Agnelo/Piva para aplicação no esporte de alto rendimento, já deduzidos os impostos pagos ao Governo e os 15% que o COB é obrigado por lei a investir no esporte escolar e no esporte universitário. Esse montante foi investido nos programas das Confederações e do próprio COB, proporcionando importantes resultados das mais diversas modalidades em campeonatos mundiais, copas do mundo, grand prixs, nos Jogos Pan-americanos 2011 e nos Jogos Sul-americanos 2010, entre outros, além da participação em Londres e da melhor preparação olímpica dos atletas para uma edição dos Jogos Olímpicos. “Existe uma série de conquistas ao longo de quatro anos que não aconteceriam sem esses investimentos do COB e das Confederações”, ressaltou Marcus Vinícius.
 
Para Londres 2012 o COB investiu R$ 11.610.557,06 no projeto, que incluiu a operação no Centro Esportivo Crystal Palace (R$ 3.254.159,07), que foi a base exclusiva de preparação dos atletas nas fases anterior e durante os Jogos, o período de aclimatação para 16 modalidades em 20 cidades diferentes da Europa (R$ 533.687,21 mil), o projeto Vivência Olímpica (R$ 89.784,63) e a operação de envio da delegação (R$ 7.732.926,15), incluindo as seis viagens precursoras a Londres, a aplicação das Ciências do Esporte antes e durante os Jogos, a operação de logística da missão e a operação na Vila Olímpica.
 
 A evolução da preparação dos atletas brasileiros observada para Londres 2012 será a tônica do COB para 2016. “Realizamos a melhor preparação da história, e este é um caminho sem volta para o COB. Mesmo sem termos Centros Olímpicos de Treinamento, como vários países já possuem há muitos anos, nos aproximamos das grandes potências a partir da oferta de serviços primordiais, como as Ciências do Esporte e a base exclusiva do Crystal Palace. O trabalho de análise de vídeo foi fundamental, e os próprios pugilistas falaram o quanto esse recurso foi importante. O mesmo se aplica ao trabalho específico feito com a Yane Marques. Esta oferta será ampliada, a partir de parcerias como o Time Rio, o Time São Paulo e outros times que surgirem com o apoio de prefeituras e de governos estaduais, além do próprio Governo Federal”, afirmou Marcus Vinícius.
 
No Rio 2016 a base de treinamento do Time Brasil antes e durante os Jogos será no Forte São João, na Urca, e na Escola Naval.