Atletas largam as pistas para representar o Brasil no levantamento de pesos

Jaqueline Ferreira e Rosane Santos abandonaram o atletismo aos 17 anos / Foto: Washington Alves/Exemplus/COB

Rio de Janeiro - Há 12 anos, o atletismo brasileiro perdeu duas promessas. Sorte do levantamento de pesos, que ganhou duas atletas olímpicas. Jaqueline Ferreira foi a primeira a trocar de modalidade, quando abandonou o lançamento de dardos.
 
Dois meses depois, foi a vez de Rosane Santos largar as pistas, onde era velocista. Desde então, as duas atletas, ambas com 29 anos, forjaram uma amizade sólida, reforçada em competições e em longos períodos de treinamento.
 
"Nós estivemos juntas nos piores e nos melhores momentos. Sofremos juntas preconceito e dificuldade financeira, comemoramos juntas resultados em competições. A gente se apoia muito", afirmou Jaqueline, lembrando que as duas até viraram atletas do programa de incentivo ao esporte das Forças Armadas juntas: "Sou 3º sargento da Marinha, Rosane também". 
 
Jaqueline, que compete na categoria até 75kg, terminou os Jogos Olímpicos de Londres em oitavo lugar, melhor colocação de uma atleta da modalidade até hoje. No Rio, mira numa posição ainda melhor. Especialmente depois de ter, ao longo dos últimos quatro anos, visto as três primeiras colocadas de Londres perderem suas medalhas por causa de doping, melhorando sua própria posição oficial para um quinto lugar. "Eu brinco que um dia vou receber um telefonema avisando que sobrou uma medalha de Londres para mim, se mais duas forem pegas no doping. E a mim não pegarão, porque sei que estou limpa", disse, rindo.
 
Com 1,61m, Rosane sonhava jogar basquete. A altura não permitiu, migrou para o atletismo até finalmente se encontrar no levantamento de pesos. Compete na categoria até 53kg, sendo capaz de levantar 90kg no arranque e 110kg, mais do que o dobro de seu peso, no arremesso. "O levantamento de pesos me deu a oportunidade de viajar, conhecer outros países e ainda viver do esporte", contou.
 
Para Jaqueline, que chegou a trabalhar como faxineira para ajudar a pagar as contas, o esporte abriu também uma série de oportunidades. Formada em Educação Física, faz pós-graduação em treinamento esportivo. "Meu treinador, Dragos Doru Stanica, é um pai pra mim. E sempre fez questão que eu estudasse, para eu ter uma profissão depois que parar de competir e porque ele diz que o atleta que estuda fica mais inteligente, e isso ajuda na técnica", contou ela, que levanta 108kg no arranque e 135kg no arremesso.

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