A dor de Rafaela Silva

Judoca é desclassificada após usar técnica proibida. Bruno Mendonça também está fora da disputa por medalhas/ Foto: Divulgação

Londres- A dor de saber que está fora da disputa por uma medalha por um erro que ela mesma cometeu levou a judoca Rafaela Silva, da categoria leve (-57 kg), a um choro sentido já no tatame, onde caiu deitada após ser eliminada pela arbitragem nas oitavas de final dos Jogos Olímpicos Londres 2012. A judoca de 20 anos, vice-campeã mundial e prata nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara (2011), era uma das favoritas a uma medalha nesta segunda-feira, 30 de julho, no Excel Center. Mas pegou a adversária, a húngara Hedvig Karakas, pela perna, num movimento proibido pelas regras do judô, conhecido como kata otoshi, que desde 2009 está proibido pela Federação Internacional de Judô..

 

“Eu senti a adversária descendo, já desequilibrada, e botei a mão. Mas senti errado. Se eu meti a mão, o erro foi meu. Fiquei triste porque sei que poderia sair daqui com uma medalha. É minha primeira edição de Jogos, mas é página virada. Agora é treinar para 2016. Eu queria agradecer a quem acordou cedo para ver essa luta, mas não deu”, disse a atleta, novamente chorando, após uma longa conversa com o chefe de missão do judô nos Jogos e diretor-técnico da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson, que tentou acalmá-la.
 
Para Ney, a punição foi justa. E é esse o principal motivo da decepção da atleta. “A dor maior da Rafaela é que a derrota é culpa dela. Não foi o outro que foi melhor, mais rápido, mais forte, mais habilidoso. E ela tem plena noção disso”, comentou ele, contando que conversou muito com a judoca. “Ela está absorvendo a derrota. Está deprimida, com a autoestima lá embaixo. Vai precisar de umas 24 horas para se recuperar”.
 
No masculino, Bruno Mendonça também está fora da competição. O judoca de 27 anos, ouro na categoria leve (- 73kg) nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara, também caiu nas oitavas de final, ao ser derrotado pelo holandês Dex Elmont por um yuko, depois de ser punido com dois shidos. “A lição que eu tirei hoje é a de trabalhar minha hesitação em colocar o golpe para sair na frente do adversário. Não dá para jogar a culpa na arbitragem. Meu papel aqui era chegar e ganhar por ippon, mas quando eu ajustava minha pegada ele projetava o corpo para frente para se defender. Jogos Olímpicos são assim, só tem luta dura. Foi difícil encaixar o ippon”, avaliou Bruno.
 
A ausência de brasileiros na disputa por medalhas por dois dias seguidos, após a estreia encorajadora com o ouro de Sarah Menezes e o bronze de Felipe Kitadai, não assusta Ney Wilson. “Nossa previsão é de quatro medalhas, mas tem gente falando até em sete. Pode acontecer? Pode. Mas isso são Jogos Olímpicos, há erros e acertos. O Kitadai não era cotado para medalha e ganhou, a Rafaela era cotada e não levou. Essas derrotas não são nada que esteja fora do previsto. Não prevíamos que Rafaela perdesse, claro, mas faz parte. A gente tem bastante munição para acertar alguns tiros”, afirmou Ney.
 
Por via das dúvidas, o diretor-técnico resolveu poupar os atletas que lutam na terça-feira, dia 31 de julho, do clima de tristeza que abateu Bruno e Rafaela. “Mandei o Leandro e a Mariana embora daqui da quadra direto para o hotel assim que houve a segunda derrota, para eles não se envolverem emocionalmente com o que aconteceu”, revelou Ney, referindo-se aos judocas da categoria meio-médio, Leandro Guilheiro (- 81 kg), dono de duas medalhas olímpicas de bronze (2004 e 2008), e a estreante em jogos Mariana Silva (-73gk).

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