Nervos no lugar: essa é a arma do handebol para a estreia contra as bicampeãs

O jovem arqueiro de 18 anos está em período de treinos e competições fora do Brasil em junho / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Brasil x Noruega até poderia ser a final feminina do handebol dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Mas é apenas a abertura do torneio, às 9h30 deste sábado. O público na Arena do Futuro, certamente na torcida pelas brasileiras, verá um grupo de guerreiras em quadra, mas com uma característica importante: controle total de emoções. O foco é o jogo. A festa fica para a torcida. 
 
As norueguesas são bicampeãs Olímpicas. E as brasileiras, sem a mesma tradição no handebol internacional, são campeãs mundiais. Conquistaram o título na Sérvia, em 2013, quando calaram 20 mil pessoas, público recorde na Arena Belgrado, para tirar a medalha de ouro das donas da casa. Alexandra Nascimento já tinha sido eleita a melhor jogadora do mundo em 2012. Duda Amorim seria a escolhida em 2014.
 
Páginas viradas para a psicóloga Alessandra Dutra, que trabalha com as garotas e agora também para o Comitê Olímpico do Brasil (COB). A psicologia do esporte chegou a tal ponto de sofisticação que existe trabalho direcionado apenas para a reta final e, agora, para a estreia. Assim, Alessandra montou o que chama de combinação psicotática com o técnico Morten Soubak, para as diferentes situações de jogo. 
 
“As jogadoras se identificam entre tipologias como a caçadora, a otimizadora, a inibidora e a defensora. A caçadora vai atrás da bola, de gols, de resultados, olha o placar. A otimizadora surpreende – do nada, parece que não tem mais gás, e apronta uma. A inibidora tem atitude, história, presença. A defensora defende o espaço, o grupo, congrega a equipe, dá limites para as adversárias: daqui não passa!”, explica Alessandra.
 
Guerreiras com foco total - As seleções também têm um perfil específico. A Noruega, adversária de estreia, é inibidora, segundo Alessandra. O handebol é o esporte do país escandinavo, e suas jogadoras carregam muita tradição. Daí o trabalho da psicóloga com as brasileiras, de “dessensibilização”, como define. 
 
“É como ficar mais fria. Emoções são para a torcida. As jogadoras precisam selecionar percepções – captar só estímulos que fazem bem: comer só o que faz bem, escutar só o que faz bem, ver só o que importa. No jogo, precisam deixar as emoções de lado para não perder o foco”, explica. 
 
Assim, se a seleção norueguesa é inibidora, a brasileira é otimizadora. Vai entrar em quadra mais controlada, para pressionar, empurrando as emoções para as adversárias. E então... surpreender!

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