Voluntário dos Jogos Olímpicos Rio 2016 dita o ritmo no velódromo

Compenetrado, Ivo Siebert controla os ciclistas antes de liberá-los para as duas voltas e meias finais da prova de Keirin / Foto: Ryan Pierse/Getty Images

Rio de Janeiro - Ivo Siebert pedalou junto com campeões, mas seu nome não estava em nenhuma lista de atletas Olímpicos. Com 35 anos, o ciclista semiprofissional, dono de uma loja de bicicletas no Sul do Brasil, ditou o ritmo nas provas de Keirin no Velódromo Olímpico do Rio 2016, conduzindo calmamente uma bicicleta elétrica, enquanto alguns do ciclistas mais rápidos do mundo estão atrás dele, se preparando para competir. 
 
“Você sente aquela energia atrás de você... mas você precisa se manter muito focado na velocidade, nas curvas”, diz Ivo Siebert, que, com suas calças beges e mochila preta, se parece mais com um homem a caminho de seu trabalho no escritório do que um breve protagonista de um evento Olímpico de ciclismo. 
 
Ele é responsável por comandar o ritmo na Keirin, prova que entrou no programa Olímpico em Sydney 2000 e que consiste em oito voltas na pista do velódromo, sendo que nas primeiras cinco voltas e meia, os ciclistas seguem atrás de uma bicicleta elétrica guiada por Siebert até que os atletas cheguem aos 50km/h. Após isso, "pace bike" sai de cena e o os ciclistas têm mais duas duas voltas e meia para pedalar atrás da medalha de ouro.  
 
De primeira, ele hesitou o convite para conduzir a bicicleta elétrica. “Precisei de algumas horas para pensar”, ele diz devagar, como se estivesse tomando a decisão novamente. “É uma grande responsabilidade.”
 
Ele pode não estar competindo por uma medalha, mas a corrida depende de Siebert, gradualmente aumentando sua velocidade de 25km para 50km antes de saiir para o lado no momento exato. Como milhões de pessoas em todo o mundo estão assistindo a prova, para um novato, pode ser assustador. No dia 12 de agosto, por exemplo, após Bradley Wiggins, da Grã-Bretanha, ganhar seu quinto ouro e sair da arena, Siebert compartilhou o local com faxineiros e repórteres, praticando as voltas na pista. 
 
Seibert leva sua responsabilidade muito a sério. “Quando eu acordei essa manhã, eu não olhei para o meu celular, não falei com muitas pessoas. Só fiquei focado, como costumo fazer antes de uma corrida”, disse ele. “Além do respeito com os atletas, você precisa ter certeza de que nada vai dar errado. Para mim, esses ciclistas são semideuses.” 
 
Ontem (16), Seibert viu o britânico Jason Kenny ser o campeão olímpico, com a prata ficando para Matthijs Buchli, dos Países Baixos, e o bronze para Azizulhasni Awang, da Malásia. Na semana passada, no feminino, Elis Ligtlee, dos Países Baixos, conquistou o ouro, ficando com a britânica Becky James ficando em segundo e da australiana Anna Meares, em terceiro.

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