Exclusivo: "Estar em uma final olímpica é questão de detalhes", diz Ana Sátila

Ana Sátila garante que o principal objetivo na Rio 2016 é medalha / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Quando participou dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, com apenas 16 anos, a canoísta Ana Sátila ficou conhecida por essa alcunha: a de atleta brasileira mais jovem da delegação olímpica do Brasil. Foi eliminada nas baterias classificatórias e não conseguiu chegar à final do K1, sua principal prova. Hoje, quatro anos depois, a atleta considera natural chegar à final na Rio 2016: "questão de detalhes". 
 
Em entrevista exclusiva para o Esporte Alternativo, por e-mail, o principal nome da canoagem slalom do país conta que, depois da experiência olímpica em Londres, estar no Pan de Toronto neste ano, quando subiu ao topo do pódio em duas oportunidades, foi "a maior experiência esportiva" da sua carreira. 
 
Admirada com tudo, Ana conta que chegou muito confiante a Toronto e que a estreia da canoagem slalom no programa pan-americano a deixou empolgada. "Uma competição tão importante exige tudo de você, o máximo da sua força, da sua técnica e principalmente concentração", destaca. 
 
Hoje com 19 anos, a canoísta se considera mais experiente e mais próxima de conseguir um resultado nos Jogos do Rio, em 2016. E não foge da responsabilidade: "Estamos treinando bastante e completamente focados em um só objetivo que é a medalha nos Jogos Olímpicos". 
 
Confira abaixo, na íntegra, a entrevista concedida por Ana ao EA:
 
EA: Nos Jogos Olímpicos de Londres, você foi a mais nova brasileira da delegação na história. Sentiu algum peso por isso ou foi mais fácil, já que era apenas sua primeira experiência olímpica e não haveria tanta pressão?
 
Ana: Em Londres eu estava bem tranquila, a experiência era incrível e o meu objetivo principal desde o início era pegar o máximo de experiência e saber como é competir nos Jogos Olímpicos, eu já tinha na minha cabeça que não poderia me cobrar uma coisa muito grande por eu ser tão jovem, preferi me poupar e essa foi a melhor maneira pensando em um desenvolvimento futuro.
 
 
EA: Antes de Londres 2012, o que você almejava para sua carreira como canoísta? O que mudou depois das Olimpíadas?
 
Ana: Desde quando eu entrei na canoagem já tinha na minha cabeça em ser atleta por muito tempo, esses planos continuam os mesmos, depois disso pretendo ser técnica e continuar no mundo dos esportes.
 
 
EA: O que você acredita ter melhorado de 2012 para cá no aspecto técnico? E em relação ao seu amadurecimento como atleta?
 
Ana: A partir de 2012 começamos um trabalho intenso, até porque não tínhamos tanto tempo até o próximo ano olímpico, decidimos trabalhar duro em busca de um objetivo claro, medalha nos Jogos Olímpicos. Passamos longas temporadas treinando fora do país e competindo em todas as competições internacionais, que com certeza ajudou muito a nível técnico e de experiência também. Depois de tanto tempo competindo já estamos adaptados, estar em uma final olímpica ou de um mundial daqui pra frente vai ser apenas questão de mínimos detalhes.
 
 
EA: Você foi campeã no Pan de Toronto com ampla vantagem sobre a segunda colocada. Acredita que foi um bom teste para os Jogos ou é um cenário muito mais fácil?
 
Ana: O pan foi muito legal, além de tudo era a estreia da canoagem slalom, pra nós foi uma novidade e eu fiquei admirada com tudo, com o meu resultado também, cheguei muito confiante nos dois ouros e minha derrota no K1 me fez acordar para o que realmente é a canoagem slalom, o que é ser um atleta profissional, uma competição tão importante exige tudo de você, o máximo da sua força, da sua técnica e principalmente concentração, foi aí que eu errei, faltou me focar mais no que eu queria e esquecer todo o resto. Resumindo foi a minha maior experiência esportiva depois dos Jogos.
 
 
EA: Nas redes sociais, quem te acompanha vê várias publicações dos seus treinamentos insanos e percebe que você se diverte muito na canoagem. Você gostou de estar na água? Como foi parar na canoagem?
 
Ana: Eu amo remar e gosto demais de estar na água, é o lugar onde eu mais me sinto bem, como se fosse minha casa, é o maior prazer da minha vida. Eu comecei através do meu pai, que já foi atleta quando jovem e ele decidiu começar a me treinar muito jovem, foi aí que nasceu a paixão pelo esporte. 
 
 
EA: O Pepê disse, em entrevista no dia do evento teste, que se sente como num parque de diversões quando entra na água, porque gosta muito daquilo que faz. Com você também é assim? Você consegue abstrair da pressão por resultado?
 
Ana: Acho que são poucos atletas que conseguem sentir um prazer realmente grande pelo que faz, eu amo o meu esperte completamente, é tudo que eu sei fazer e é na água o lugar que eu mais quero estar, claro que o esporte de alto rendimento não é só maravilha, a gente sente pressão sim mesmo fazendo o que ama porque acaba tendo muita coisa envolvida, família, patrocinador e além de tudo você estar representando o seu país.
 
 
EA: O João Tomazini disse que, em se tratando de país sede, os atletas sempre ficam beneficiados. Citou o exemplo do Canadá, no Pan, que conquistou resultados que normalmente não consegue. O quanto você acha que isso pode ajudar o Brasil na Rio 2016?
 
Ana: O Brasil vai ganhar muito, ser o país sede além de trazer benefícios pra cidade e população, os atletas vão ter uma chance única de ter os melhores lugares de treinamento de alto desenvolvimento, depois dos Jogos vamos deixar um legado no Brasil, atletas que terão finalmente lugares adequados de treinamento, oportunidades de patrocínio e o Brasil vai poder acompanhar e conhecer mais de perto um poucos dos esportes olímpicos.
 
 
EA: Acha que tem mais chances de chegar à final na Rio 2016 do que há quatro anos, em Londres?
 
Ana: Claro que quatro anos de treino e foco vai nos trazer melhor resultado, estamos treinando bastante e completamente focados em um só objetivo que é a medalha nos jogos olímpicos.
 
 
EA: Quais são os maiores desafios que você considera para conquistar um pódio em 2016? Quais as adversárias a serem batidas?
 
Ana: Acho que a partir de agora não existe um desafio, nossa meta é continuar trabalhando duro como sempre e ganhando mais experiência até a chegada dos jogos. O continente europeu tem uma grande tradição na canoagem e é a casa das lendas da canoagem.
 
 
EA: Por fim, você tem apenas 19 anos, uma idade em que geralmente os jovens aproveitam para curtir, namorar, estudar. Você consegue conciliar essas coisas com a intensidade de uma carreira de atleta?
 
Ana: Mesmo durante os treinos e essa vida corrida de atleta a gente precisa às vezes se desligar e divertir um pouco, bem raramente mas é necessário. 
 
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