Oswaldo Valdemir Pizani faz parte da história do atletismo nacional

Oswaldo Valdemir Pizani, árbitro número 1 do Atletismo brasileiro / Foto: CBAt

Rio de Janeiro - Um nome histórico do Atletismo nacional. Essa é a definição mais perfeita para Oswaldo Valdemir Pizani. Afinal, foram sete décadas acompanhando torneios atléticos no Brasil e no exterior. Conheceu várias gerações de atletas desde os anos 1930, quando começou a participar do esporte, como árbitro e dirigente.

O "seo" Pizani, como todos no meio o chamavam, morreu nesta quarta-feira 9, aos 97 anos, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, onde morava com sua filha Yara. Sua neta Yara Cristina foi quem avisou de sua morte, por telefone.
 
Orgulhosamente, Pizani sempre lembrava sua condição de "Árbitro número 1 da CBAt". Ao longo da carreira, foi árbitro-chefe de eventos, ministrou cursos de arbitragem, foi vice-presidente da Federação Paulista de Atletismo e diretor de Veteranos da Confederação Brasileira de Atletismo.
 
Pizani viu em ação todos os brasileiros ganhadores de medalhas em Jogos Olímpicos, desde José Telles da Conceição, bronze no salto em altura em Helsinque-1952, até Maurren Higa Maggi, ouro no salto em distância em Pequim-2008.
 
Ele também gostava de falar dos velhos atletas. Em entrevista, que concedeu nas arquibancadas do Estádio Ícaro de Castro Melo, no Ibirapuera, em São Paulo, no começo da década de 1990, Pizani lembrou: "Gostava de ver o Nestor Gomes correr", afirmou. "Era um atleta elegante", complementou, a respeito do fundista, o primeiro tricampeão da Corrida de São Silvestre, vencedor da prova em 1932, 1933 e 1935.
 
Ele destacava outros nomes da época, "atletas como Ivo Salowicz (velocista), Lúcio de Castro (salto com vara), Ícaro de Castro Melo (salto em altura), Sylvio de Magalhães Padilha (barreirista e velocista), José Bento de Assis Júnior (velocista e saltador), Elizabete Clara Muller (atleta eclética) e vários outros".
 
"Mas o nosso maior atleta foi mesmo o Adhemar (Ferreira da Silva)", disse, em referência ao bicampeão olímpico do salto triplo, ouro nos Jogos de Helsinque-1952 e Melbourne-1956.
 
Uma característica do "seo" Pizani era a permanente simpatia. "Professor, o senhor pode me falar a ordem das provas do decatlo", perguntou uma jovem repórter, durante uma edição do Troféu Brasil, no Estádio Célio de Barros, no Rio de Janeiro.
 
Com a paciência ensinada pela vida, o paulistano Oswaldo Valdemir Pizani, nascido em 9 de dezembro de 1916, informou: "O decatlo se disputa em dois dias. No primeiro, os atletas fazem 100 m, salto em distância, arremesso do peso, salto em altura e 400 m. No segundo dia tem os 110 m com barreiras, lançamento do disco, salto com vara, lançamento do dardo e 1.500 m."
 
Em 2004, ainda ministrou um curso básico de arbitragem, realizado pela Federação Paulista de Atletismo e reconhecido pela CBAt.
 
Em 5 de fevereiro de 2006, a Assembleia Geral da Confederação Brasileira de Atletismo concedeu a Pizani o título de "Membro Emérito". Ultimamente, aposentado como despachante no porto de Santos, vivia com uma filha na cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. 
 
"Pizani faz parte da nossa história", afirmou o presidente da CBAt José Antonio Martins Fernandes, o Toninho. "A sua contribuição para a evolução do Atletismo no Brasil, como dirigente e árbitro, é das mais importantes. Temos muito que agradecer ao Pizani", completou o dirigente.