Campeão alemão que mudou de sexo após doping quer cancelar recorde

Andreas antes e depois da mudança / Foto: Getty Images / Twitter

Rio de Janeiro - Foram anos gloriosos para Andreas Krieger no arremesso de peso. No passado, o alemão, que hoje tem 48 anos, atingiu recordes e títulos na modalidade, anotando inclusive a maior marca mundial dentre os juvenis até hoje (20,51m). 
 
Porém, a história dele tem percalços muito grandes. Tudo começou porque Andreas, cidadão da antiga Alemanha Oriental, foi uma das vítimas das intensas doses de doping involuntário promovidas pelo governo alemão. 
 
As inúmeras doses de hormônio que recebeu em todo o processo de dopagem ajudaram ele a decidir pelo processo de mudança de sexo. Hoje, Andreas tem que lidar com sequelas física que parecem durar para sempre e que fazem com que ele tenha dificuldades até para andar. 
 
"Não posso fazer esporte. Às vezes sou mais lento que um senhor de 80 anos. Um médico me disse que precisarei fazer cirurgia nos quadris. Também tenho um problema na coluna e sou dependente químico das substâncias que me mandavam tomar. Inclusive, posso ter câncer por culpa dos hormônios", relata o ex-atleta, em tom de pesar. 
 
Nascido como mulher, com o nome de Heide, o alemão alcançou o título europeu no arremesso de peso, em 1986, o qual lhe deu também o recorde mundia juvenil. Andreas, porém, luta para que a IAAF (Federação Internacional de Atletismo) suspenda a marca. "É um pouco cínico que a IAAF, que diz lutar contra o doping, não cumpra o pedido de anulação. Na Alemanha ele foi anulado", conta. 
 
Casado hoje com a ex-nadadora Ute Krause, também vítima do doping involuntário promovido pela Alemanha Oriental, Andreas diz que sempre pensou em mudar de sexo e que o excesso de hormônios que recebeu forçou o processo ainda mais. "Eu vivia num corpo alheio. Gostava das mulheres, mas não era lésbica. Se não tivesse feito [a cirurgia] hoje não existiria", conclui.
 
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