Após 12 etapas, termina o Estadual Escolar de Atletismo

Ygor (azul) na final dos 80m com barreiras / Foto: Fernanda Paradizo/ZDL

São Paulo - A segunda edição do Campeonato Estadual Escolar - Modalidade Olímpica Atletismo terminou neste domingo (18) cumprindo a missão de revelar os novos talentos da modalidade. Após 12 etapas e duas seletivas, os 12 atletas mais bem rankeados do torneio em cada prova mostraram na pista de atletismo do Estádio Ícaro de Castro Mello, no Ibirapuera, uma disputa de alto nível. Os destaques da temporada serão convocados para entrar no seleto grupo do Centro de Excelência Esportiva (CEE) no ano que vem.

Um dos destaques foi Ygor Vinícius, vencedor dos 1.000m rasos, com 2min44s15, e terceiro colocado nos 80m com barreiras, com a marca de 11s79, ambos na categoria B (Mirim). O atleta de Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo, foi descoberto na EE Victorio Fornasaro há dois anos pelo professor Aparecido dos Santos, o Cidão, e suas habilidades fizeram com que fosse treinar no Grêmio Esportivo Barueri, um dos principais clubes do estado.

"Ele mostrou ser um atleta diferenciado. É um bom fundista, mas a barreira é a sua segunda melhor prova. Em 2013, ele deve experimentar os 400m com barreiras", contou o treinador Rodrigo Dario, do GR Barueri.

Mas Ygor não é o único talento da EE Victorio Fornasaro. Cerca de 60 atletas da instituição participaram do Estadual Escolar e além de Ygor, outros três foram finalistas. A escola foi uma das que mais esteve presente nas etapas da competição, mostrando a boa aceitação da modalidade entre a juventude.

"Nosso maior objetivo com a promoção do esporte na vida escolar é tirar as crianças da rua, da marginalidade. Além disso, também procuramos tirar o foco do futebol. No atletismo, não se depende de olheiros, é uma modalidade que dá oportunidade para todos os bíotipos. O sucesso está diretamente ligado a capacidade de cada um", explicou o professor Cidão.

Preparação para Sul-Americano Escolar - A final do Estadual Escolar também serviu como preparação para os atletas da categoria B (Mirim) que irão disputar o Sul-Americano Escolar, que será realizado de 2 a 4 de dezembro em João Pessoa (PB). Dara Gabriela, vice-campeã no arremesso de peso (11,29 m), compete na mesma prova. Luca da Silva, ouro nos 75m (8s77) e nos 250m (29s94) disputará três provas (80m rasos, 150m rasos e revezamento 4x50m rasos). Graziele Zarri participa dos 1.000m rasos e sua aptidão não é nenhuma novidade.

O talento de Graziele foi descoberto justamente na final do Estadual Escolar de 2011. Na ocasião, a jovem de Cândido Mota, região de Marília, bateu o recorde brasileiro dos 1.000m, que era de Maria Zeferina Baldaia e já durava 15 anos. Este ano, a atleta de 14 anos conquistou o bicampeonato na competição estadual com o tempo de 3min05s44, um pouco acima dos 2min58s92, mas a motivação para vencer permanece a mesma.

"Comecei a correr com quatro anos de idade, por incentivo de um primo e, aos oito , conquistei minha primeira medalha. Desde então não consigo deixar de correr. Também tenho vários títulos de corrida de rua e sei que é apenas o começo. Me inspiro muito em Usain Bolt e na Zeferina Baldaia e espero ter uma carreira vitoriosa como a deles", disse a representante da EE Dr. José Augusto Carvalho.

Já Milena Rodrigues Costa corre os 80m com barreiras no Sul-Americano, enquanto Rawany Pinheiro fará a prova de 75m rasos. As velocistas se enfrentaram neste domingo na prova dos 80m com barreiras. A vitória ficou com Milena (12s09), mas a segunda colocação não desanimou Rawany (13s68), que já estava feliz pela classificação para o torneio no Nordeste. "Não esperava ir tão longe. Fui vice-campeã nos 75 m nas Olimpíadas de Poços de Caldas, com 9s93. Preciso melhorar minha saída e espero voltar da Paraíba com outra medalha", salientou. "Treino todos os dias, sou apaixonada pelo atletismo. Em João Pessoa espero correr abaixo dos 12s para conquistar uma medalha", revelou Milena Costa.

Tricampeão no Escolar - Bruno Germano Spinelli conquistou neste domingo seu terceiro título na final do Estadual Escolar. Em 2011, o jovem de Presidente Prudente foi campeão no salto em distância e no hexatlo. Nesta temporada, foi campeão no octatlo, com 4684 pontos. Apesar da segunda vitória em provas combinadas, o jovem de 15 anos revela que sua especialidade é o salto com vara.

"Sempre tive grande influencia do meu pai, Didi Spinelli, que também compete nesta prova. Desde criança, acompanhei ele nos treinamentos e também participava usando um cabo de vassoura para me projetar no colchão. Como essa prova não faz parte do programa do escolar e tenho uma boa regularidade na maioria das provas exigidas no octatlo, meu treinador Dino Cintra me incentivou a competir. Apesar do bom resultado, pretendo focar mais no salto, que é o que eu gosto. Neste ano fui campeão no Brasileiro de Menores, com 4,15 m, e vice no Brasileiro de Mirins, com 4,05 m", diz o atleta que representou a EE Monsenhor Sarrion.

Mais etapas em 2013 - A Federação Paulista de Atletismo (FPA) acredita que os objetivos com o torneio foram cumpridos: talentos foram descobertos, o atletismo está sendo disseminado e mais jovens e escolas estão aderindo ao torneio. A segunda edição do campeonato teve início no mês de junho e passou pelas cidades de Ourinhos, Presidente Prudente (duas etapas), São José do Rio Preto, Araraquara, Praia Grande (duas etapas), Itapetininga, Pirassununga, São José dos Campos e São Paulo (duas etapas e duas seletivas). A expectativa agora é expandir ainda mais o evento.

"Vamos fazer um estudo para ampliar de 12 para 16 pólos e assim aumentar o número de participantes. A base do esporte no Brasil está na escola e precisamos buscar esses talentos. Com o a ajuda da Secretaria Estadual de Esportes, certamente conseguiremos atingir essa meta", afirmou o presidente da FPA, Mauro Chekin.

A Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo (SELJ) está se mostrando cada vez mais satisfeita com o resultado do Estadual Escolar. "Há 50 anos, os atletas eram 'achados' nas escolas. Hoje os clubes assumiram isso e o objetivo é reverter o processo. A competição escolar precisa ser mais forte. Da quantidade acaba tirando qualidade", disse Cláudio Roberto dos Santos, gestor de desporto escolar da SELJ.