Equipes visitantes levam vantagem na estreia do Match Race Brasil 2012

Gigante Haddad / Foto: AGIF

Rio de Janeiro - A edição 2012 do Match Race Brasil começou com ventos fortes, de 15 nós (27,7 km/h), na Baía de Guanabara. Oito equipes que representam clubes náuticos e marinas do País se enfrentaram na fase de classificação e, os melhores desempenhos desta quinta-feira (8), foram das duas únicas de fora do Rio de Janeiro: Veleiros do Sul (VDS) e Yacht Club de Ilhabela (YCI). 

Os gaúchos, comandados por Samuel Albrecht, venceram os dois duelos barco contra barco do dia e mais a regata de flotilha contra outros três veleiros. Já os paulistas, liderados pelo carioca Maurício Santa Cruz, têm dois pontos. As provas continuam nesta sexta-feira (9) e a previsão é de vento forte novamente.

Com 100% de aproveitamento, o time de Porto Alegre promete fazer valer o entrosamento da tripulação para levar o inédito título e a posse transitória do Troféu Roger Wright. "O match race é levado a sério no clube. Treinamos regularmente e temos até uma escola de formação de velejadores para a modalidade", explicou Geison Mendes, tático do VDS. "Para as próximas regatas vamos definir a estratégia dependendo do adversário. Esperamos repetir a dose nesta sexta-feira".

O Veleiros do Sul venceu o primeiro match contra a única tripulação 100% feminina do campeonato, o Ciaga da Marinha, comandado por Renata Decnop. Na sequência conseguiu passar pelo Búzios Vela Clube (Alexandre Saldanha). Na prova com quatro barcos, os gaúchos estavam em terceiro lugar, mas se recuperaram após a segunda boia de contra-vento passando os atuais campeões, a Marinha do Brasil (Henrique Haddad).

Pela primeira vez, o Yacht Club de Ilhabela (YCI) deu as caras no Match Race Brasil. Nas regatas do dia, os paulistas bateram o Rio Yacht Club (Marco Grael) e Clube Naval Charitas (Renato Pariz). "Foi muito especial estrear com o pé direito e vencer a turma do Rio de Janeiro, que sempre domina o campeonato e conhece a raia na Baía de Guanabara. Conseguimos fazer bem as manobras e errar pouco. Superamos a falta de entrosamento com técnica e tranquilidade", disse Renata Bellotti, tripulante feminina do YCI.

Quem comanda a equipe paulista é Maurício Santa Cruz, bicampeão pan-americano e tricampeão mundial de J/24. Experiente, o atleta reforça que as competições em Ilhabela e a proximidade dele com a turma que veleja de HPE ajudaram nessa inédita campanha de Ilhabela na disputa barco contra barco. "Comecei em maio a correr na classe HPE e fui super bem recepcionado. Quase todos os finais de semana estou lá treinando. É uma experiência interessante participar do Match Race, que serve de treinamento também para os eventos que participamos na classe. A modalidade ajuda a entrosar a tripulação em relação à regra e timming do barco. Vira e mexe numa regata de flotilha, em outras categorias, existem situações de decisão. Essa experiência ajuda muito", ressaltou Santinha, como é conhecido na vela.

A Marinha do Brasil, atual campeã do evento, foi surpreendida no fleet (regata de flotilha) pelos gaúchos. Mesmo assim comemoraram o bom desempenho. "Nossa estratégia foi velejar sem correr riscos nesse primeiro dia e somar o maior número de pontos. Vencemos duas e chegamos em segundo na fleet. O vento estava forte e o objetivo na classificação é passar de fase. Na regata de flotilha acabamos cometendo um erro, justamente quando fomos mais agressivos. Faz parte do jogo", ressaltou Henrique Haddad, que ainda confia no título de 2012.

Um dos destaque do dia foi a vitória da Marinha do Brasil sobre o Rio Yacht Club (Marco Grael). "É sempre especial vencer a família Grael. Eles são os melhores e uma conquista como essa nos enche de motivação", contou Henrique Haddad, que é conhecido como Gigante.

A rotina - O trabalho começou cedo para organização, árbitros e velejadores. A equipe de produção e os juízes montaram a raia na praia de Botafogo e, nas dependências do Iate Clube do Rio de Janeiro, os atletas participavam do congresso técnico. Hora de saber como serão as regatas e tirar as últimas dúvidas sobre as regras do jogo. Afinal de contas, são mais de 70 atletas na competição barco contra barco.

"O Match Race é uma competição cheia de detalhes. Os chefes de equipe precisam passar às tripulações todas as informações para evitar pagar penalidades por um descuido. Os juízes acompanham todas as ocorrências do procedimento de largada até cruzar a linha de chegada. A nossa responsabilidade é grande", explicou Pedro Paulo Petersen, árbitro geral do evento.

Outro que está na linha de frente do evento é Eduardo Penido. O velejador, ao lado de Marcos Soares, se tornou o primeiro campeão olímpico da vela nacional em Moscou/80. No Match Race, a função dele é uma das mais importantes: garantir que toda a parte técnica funcione. E, a atribuição mais exigida, é deixar os Beneteau First 40.7 rigorosamente iguais para as oito tripulações. "Minha obrigação é deixar os quatro barcos funcionando e com velocidades idênticas. O que é julgado é a tática de regatas e não a habilidade de conhecer o veleiro, como regular vela. Isso deixa a competição equilibrada e sempre o melhor vence", contou.

Outros ícones da vela fazem parte da organização, comprovando que o Match Race é um dos campeonatos de vela mais estruturados do País. Walter Boedner, que já treinou campeões olímpicos como Torben Grael e Robert Scheidt, reforçou a importância da modalidade para evolução técnica dos atletas. "Ajuda no conhecimento de regras, parte tática e na capacidade de lidar com manobras em curtos espaços. Nos Jogos Olímpicos atualmente há a medal race, a regata da medalha que vale pontuação dobrada. Quem tem experiência em match pode levar vantagem".

O Match Race - As regatas são rápidas, com duração máxima de 20 minutos, e disputadas entre boias. No caso do Match Race Brasil, os veleiros escolhidos são do modelo Beneteau First 40.7, rigorosamente iguais para as tripulações (7 homens e 1 mulher ou 10 mulheres), que precisam mostrar talento e muito entrosamento para superar os adversários. O time que larga melhor tem enorme vantagem e, por isso, o procedimento inicial é um dos mais tensos do Match Race.

A inspiração do Match Race veio do evento de vela mais tradicional do mundo, a America´s Cup, com mais de 150 anos de existência. Feras já testaram seus conhecimentos na modalidade, como Torben Grael, Robert Scheidt, Eduardo Penido, Marcos Soares, Lars Grael, Bruno Prada, André ´Bochecha´ Fonseca, Joca Signorini, Horácio Carabelli, Fernanda Oliveira e Isabel Swan. Em 2012, nos Jogos de Londres, a modalidade fez parte do calendário.

O Match Race Brasil 2012 tem patrocínio da Volvo, Takeda, Autodesk e SporTV. Esse projeto é incentivado pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte e pela Lei de Incentivo ao Esporte do Estado do Rio de Janeiro/ICMS. O apoio é da Redecard, Ambev, Banco Daycoval, TAM Viagens, Iate Clube do Rio de Janeiro, Confederação Brasileira de Vela e Motor e Marinha do Brasil. A Realização é da Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro e organização da IMX.

Atenção : Mais informações no site oficial www.matchracebrasil.com.br