Brasileiros estreiam no Skandia Sail for Gold entre os top 10

Robert e Bruno/ Foto: Divulgação

São Paulo - Os velejadores da Equipe Brasileira de Vela começaram bem a Skandia Sail For Gold, etapa inglesa da Copa do Mundo de Vela, nesta segunda (4), em Weymouth. O evento ocorre na mesma raia que serão disputados os Jogos de Londres/2012 e podem ser classificados como último teste.

 Com pouco vento (8 nós de média) e frio (12 graus), a Comissão de Regata fez duas provas em poucas classes. A previsão para a terça-feira (5) também é de ventos fracos, o que não é muito comum nessa região da Grã-Bretanha.

Na Star, mesmo com uma regata e com oito horas esperando para largar, a dupla tricampeã mundial Robert Scheidt/Bruno Prada ficou em quarto lugar. A liderança é da dupla dinamarquesa Michael Hestbaek e Claus Olesen. "O frio incomoda, mas não atrapalha. É ruim, entretanto, ficar esperando para correr. Não podemos perder a concentração numa hora dessas", relata Bruno Prada. A parceria conhece bem o local, vencendo o campeonato no ano passado e também evento-teste, sem a necessidade da medal race. "Isso nos dá confiança para buscar sempre o melhor resultado, inclusive na olimpíada", completa o proeiro.

De barco novo, o jovem Jorge Zarif ficou na zona da medal race chegando em nono lugar na regata desta segunda-feira. O Finn foi comprado com apoio do Comitê Olímpico Brasileiro e batizado no dia anterior pela medalhista olímpica Fernanda Oliveira, que também faz parte da Equipe Brasileira de Vela.

Na Laser, Bruno Fontes correu na azul e acabou o dia em quinto lugar, após chegar em terceiro lugar na sua flotilha. "Meu foco é continuar a largar bem e não perder o foco. Deu certo na primeira regata cancelada pela falta de vento. Liderava quando interromperam a prova. Na que valeu também fui bem", explica o representante do Brasil na Laser. O alemão Simon Grotelueschen está em primeiro ao lado do compatriota Philipp Buhl.

Adriana Kostiw, que compete na Laser Radial, largou na flotilha amarela e ficou em 19º e 12º. Na geral, a brasileira é a 30º colocada e a líder é a chinesa Zhang Dongshuang.

Na RS:X, Patrícia Freitas está em 12º lugar. Na primeira regata do dia, a brasileira tirou um 21º lugar, mas logo se recuperou na seguinte terminando em 5º. Na versão masculina,Ricardo ‘Bimba’ Winicki foi apenas o 26º no geral.

"A primeira regata foi com vento muito fraco, difícil para acertar o tempo das manobras. Já na segunda, o vento melhorou um pouco, larguei bem e fiquei entre as cinco", conta Patrícia Freitas.

Na disputa do 470 feminino, as brasileiras Fernanda Oliveira e Ana Barbachan tomaram bandeira preta na primeira regata e foram desclassificadas. Na seguinte, as gauchas se recuperaram e fecharam a raia em terceiro lugar. Na tabela, as atletas ocupam a 18ª colocação. As representantes brasileiras nos Jogos podem descartar o resultado ruim nas próximas regatas. A 470 é liderada pelas britânicas Hannah Mills e Saskia Clark.

"O dia foi bom, mas os resultados não tanto. Velejamos bem, conseguimos fazer os ajustes necessários, mas não precisávamos ter largado escapado na primeira regata, mas faz parte", relata Fernanda Oliveira.

A vela nas Olimpíadas - Como é comum nas Olimpíadas, a competição de vela não será na cidade-sede dos Jogos de Londres. As regatas estão marcadas para a cidade de Weymouth, na costa sul da Inglaterra. O local é a sede da Academia Nacional de Vela, o principal centro da modalidade no País.

A disputa começa no dia 29 de julho e termina apenas no dia 11 de agosto, com a final do Match Race feminino. As medal races para as demais classes serão realizadas entre os dias 5 e 9 de agosto.

Os representantes nos Jogos -Os brasileiros recentemente disputaram os mundiais das categorias e chegam confiantes em Weymouth. A lista olímpica brasileira tem três medalhistas dos Jogos de Pequim/2008, três campeões mundiais, cinco representantes em três classes entre os 10 melhores do ranking da Isaf (Federação Internacional de Vela). Somados, os velejadores verde-amarelos têm experiência de 14 Jogos Olímpicos.

O time é formado pelos tricampeões mundiais e atuais vice-campeões olímpicos Robert Scheidt e Bruno Prada, na classe Star, pela medalhista de bronze em Pequim-2008 Fernanda Oliveira, que velejará com a estreante Ana Barbachan, na classe 470 feminina, pelo campeão mundial de 2007 Ricardo Winicki, o Bimba, na classe RS:X, e pelo vice-líder do ranking mundial da classe Laser, Bruno Fontes, além de Patrícia Freitas (RS:X feminina), Jorginho Zarif (Finn) e Adriana Kostiw (Laser Radial).

Equipe Brasileira de Vela:

Classe 470 feminino
Fernanda Oliveira (19/12/1980) e Ana Barbachan(15/08/1989)
Velejadora gaúcha, Fernanda vai disputar sua quarta edição das Olimpíadas. Em Pequim/2008, ao lado de Isabel Swan, ela conquistou o bronze, a primeira medalha da vela feminina brasileira em Jogos Olímpicos. Em Londres/20012, ela velejará com nova parceira, a também gaúcha Ana Barbachan. As duas estão em décimo lugar no ranking mundial da classe 470 feminina, melhor colocação da carreira da dupla.

Finn
Jorginho Zarif (30/09/1992)
Aos 19 anos, Jorginho é o mais jovem atleta da vela brasileira em Londres. Vindo de uma família de velejadores, ele ficou próximo da vaga olímpica em Pequim/2008, mas acabou em segundo lugar na seletiva nacional. Mais experiente, em 2012 ele não deu chances aos rivais. Campeão mundial júnior em 2009, é apontado como grande revelação da vela brasileira e já foi elogiado pelo tricampeão olímpico inglês Ben Ainslie.

Laser
Bruno Fontes (25/09/1979)
O catarinense é o atual vice-líder do ranking mundial da classe Laser, após atuações regulares desde o ano passado. Os Jogos de Londres serão sua segunda experiência olímpica, após a estreia em Pequim/2008 em 27º lugar. Em 2012, seu melhor resultado foi o vice-campeonato na Semana Olímpica de Miami, nos EUA, etapa dos EUA da Copa do Mundo de vela da Isaf.

Laser Radial
Adriana Kostiw (16/03/1974)
Velejadora paulista, Adriana vai disputar em Londres sua segunda Olimpíada. A estreia foi em 2004, ao lado de Fernanda Oliveira na classe 470 - as duas terminaram em 17º lugar. Desde então, ela mudou para a classe Laser Radial. Conquistou a vaga para o Brasil no Mundial de Perth, em dezembro, e confirmou a vaga na seletiva brasileira, em Búzios, em fevereiro.

RS:X feminina
Patricia Freitas(10/03/1990)
A windsurfista carioca é uma das atletas em ascensão da equipe nacional. Disputou os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, quando ficou em 18º lugar, e, no ano passado, garantiu a vaga olímpica para o Brasil no Mundial de Perth. Em 2011, ficou entre as 15 primeiras em todas as etapas da Copa do Mundo que disputou, incluindo um sexto lugar em Miami, nos EUA, e um oitavo em Medemblik, na Holanda. Na Semana Pré-Olímpica de Weymouth, no ano passado, foi a 11ª.

RS:X masculina
Ricardo Winicki, o Bimba (08/05/1980)
Um dos maios experientes da equipe, Bimba vai disputar sua quarta Olimpíada. Ele foi campeão mundial em 2007 e chega aos Jogos de Londres após meses de preparação específica para as condições de Weymouth. Em abril, por exemplo, ele trouxe ao Brasil o português João Rodrigues para treinar em Búzios. Sua melhor participação olímpica aconteceu em 2004, quando ele foi o quarto colocado.

Star
Robert Scheidt (15/04/1973) e Bruno Prada (31/07/1971)
Maiores estrelas da equipe brasileira, Robert e Prada chegam em grande momento à reta final para os Jogos de Londres. Eles acabaram de conquistar o tricampeonato mundial da classe Star, inédito no Brasil, e vêm de 12 títulos nos últimos 13 eventos disputados desde maio de 2011. Esta será a quinta Olimpíada de Scheidt, que já conquistou quatro medalhas (dois ouros e duas pratas), e a segunda de Prada, que levou uma medalha (prata). Em Weymouth, os dois vão defender o vice-campeonato olímpico conquistado em Pequim/2008.

Preparação ideal para os Jogos - A preparação para Londres foi a melhor já feita para Jogos Olímpicos no País. Com o patrocínio do Bradesco, através da Lei de Incentivo ao Esporte, e a parceria com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), a Confederação Brasileira de Vela e Motor (CBVM) montou um calendário ideal para cada membro da equipe, aproveitou a área de Ciência do Esporte do COB para mapear as necessidades de cada atleta e montou uma equipe multidisciplinar para que nada faltasse para a equipe.