Médico de Lais comemora avanço e indica que lesão não foi total

Lais Souza está forte, segundo o médico que acompanha de perto sua recuperação em Miami  / Foto: Divulgação/CBDN

Rio de Janeiro - O médico responsável pelo tratamento e pelo novo processo de recuperação da esquiadora Lais Souza, doutor Antônio Marttos Jr., conversou com jornalistas por meio de um chat nessa quinta-feira. De acordo com ele, a lesão sofrida pela atleta é "grave mas não completa", segundo alguns sinais da equipe que cuida da brasileira. 

Laís foi transferida nesta quarta-feira para Miami, após uma semana no Hospital Universitário de Utah, próximo do local onde ela sofreu o acidente enquanto esquiava. "Ela está sendo tratada em um dos centros mais avançados do mundo nesse tipo de lesão, o Miami Project Cure Paralysis, comandado pelo Dr. Barth Green", informou o médico.

Segundo Marttos, o ponto mais positivo nessa primeira semana foi em relação à parte respiratória da atleta. "Decidimos pela não implantação do marcapasso no diafragma incialmente. Nesse momento, iniciamos o processo de diminuição do suporte de ventilação mecânica à Lais. Até o momento ela está tolerando bem esse "desmame". Estamos otimistas de que ela sairá do ventilador mecânico. Quanto à parte de movimentação ainda é muito cedo para dar qualquer prognóstico, mas temos alguns sinais de que a lesão é grave mas não completa. Tudo indica que a lesão não foi total. Não sabemos como será a evolução final, mas a melhoria no quadro respiratório foi a melhor notícia até agora", afirma. 

A decisão por não colocar o marcapasso agora veio após a equipe médica identificar a capacidade de Lais de respirar sem a ajuda do ventilador mecânico. 

A diminuição gradual do apoio respiratório foi recebida como um ponto positivo do tratamento de Laís, segundo o médico do COB. Entretanto não está descartado ainda o risco de morte. "Pacientes com esse tipo de lesão apresentam nessa fase aguda riscos, daí a necessidade de terapia intensiva. O fator mais importante agora é a ajuda mecânica respiratória para a Lais. O risco existe, sim, mas por estar em uma terapia intensiva temos condições de controlar e minimizar esse risco. É importante destacar que o quadro dela tem se mantido estável e ajustes têm sido feitos diariamente", mencionou. 

Marttos se recusou a falar em possíveis sequelas, pois segundo ele é muito cedo para esse tipo de prognóstico. 

Perguntado sobre as manifestações da atleta, o médico disse que Lais está forte e busca se comunicar bastante. "Ela se comunica com todos ao redor e só não tem a voz porque está com a traqueostomia, mas sussurra o que quer. Pediu para assistir filmes, escutar músicas e está ciente das manifestações de carinho de todos, da força que vem recebendo da família, dos amigos, e ficou muito feliz de ter visto a foto da equipe brasileira em Sochi com a camisa em sua homenagem", disse Marttos. 

"Lais é uma das pessoas mais fortes que já tratei", afirmou o médico, em relação à postura da atleta durante esse tempo todo de tratamento intensivo. Segundo ele, ela está extremamente tranquila, ciente de que tem pela frente um enorme desafio. 

Agora, em Miami, Lais inicia uma nova etapa do tratamento, voltada, como já mencionado por Antônio, à retirada gradual do apoio respiratório mecânico. "ela está em uma cama especial, que roda de um lado para o outro a fim de prevenir pneumonia, infecções, escaras e coágulos. Está sendo acompanhada também pelo Dr. Stephen Olvey, que é o chefe da unidade de terapia intensiva neurocirurgica do Jackson Memorial hospital e foi chefe da Formula Indy - foi quem atendeu e recuperou o piloto Alessandro Zanardi que sofreu amputacao bilateral das pernas, e tem uma vida normal. Independentemente do nível de recuperação motora da Lais, nosso principal objetivo será proporcionar a melhor qualidade de vida possível, reintegrá-la à sociedade com um sorriso em seu rosto", garantiu o médico.