A um mês dos Jogos, os prós e os contras de Sochi 2014

Isabel Clark, melhor brasileira da história dos Jogos de Inverno / Foto: Divulgação

Rio de Janeiro - Essa terça-feira, 7 de janeiro, marca uma data especial para os russos: nada menos que um mês para a cerimônia de abertura dos primeiros Jogos de Inverno que o país sediará, as Olimpíadas de Sochi 2014. 
 

Ademais os cerimoniais institucionais que o governo de Vladimir Putin certamente realizará Rússia afora, o Esporte Alternativo buscou reunir as principais polêmicas que envolvem os Jogos - os contras - e se esforçou para encontrar, sobretudo nos esportes e nas disputas entre os atletas, aqueles que deverão ser os maiores destaques positivos de Sochi. 

Confira logo abaixo: 

Pontos negativos

Direitos dos gays - A lei russa que bane o que eles chamam de "propaganda" homossexual tem causado furor e indignação no Ocidente e colocado em xeque a reputação da Rússia para sediar um evento multifacetado como uma Olimpíada. Mesmo a Rússia tendo prometido que não haverá discriminação durante os Jogos, críticas ao país crescem exponencialmente, assim como clamores por boicote. Nas últimas semanas, o COI anunciou que haverá em Sochi uma área para protestos durante as Olimpíadas. 

Política - Como se sabe, as relações de Vladimir Putin com o Ocidente nunca foram das melhores. O principal elo, os Estados Unidos, não gostaram nada de saber que o presidente russo concedeu asilo temporário a Edward Snowden, responsável por um dos maiores vazamentos de documentos secretos da história dos EUA e, portanto, inimigo nacional. Além disso, políticas de Putin em relação à Síria e ao Irã têm criado antagonias com líderes ocidentais. Pela primeira vez desde Sydney 2000, o presidente, vice ou a primeira dama estarão presentes na cerimônia de abertura de uma Olimpíada. Outro ponto, encarado como uma provocação, é que Obama está enviando a Sochi vários atletas abertamente homossexuais.

Fã de hóquei, Putin não mantém excelentes relações com o Ocidente

Ameaças de terrorismo - As duas bombas em Volgograd - que mataram 34 pessoas em ataques suicidas na estação de trem e no trólebus - ativaram em definitivo o alarme de segurança. Sochi está localizada na borda da região do Cáucaso, onde insurgentes buscam criar um estado Islâmico. O líder rebelde checheno Doku Umarov convocou seus combatentes a atacar os Jogos de Sochi, o que ele chamou de "dança satânica nos ossos dos nossos ancestrais". Um massivo aparato de segurança será utilizado para as Olimpíadas, como detectores de metal, raio-X e outros pontos de checagens para atletas, espectadores e imprensa. Além disso, os usos de email, telefone e internet serão monitorados pela agências de segurança da Rússia. A expectativa é que Putin participe de vários eventos olímpicos, levando consigo mais e mais forças armadas, o que pode comprometer o espírito festivo e acolhedor dos Jogos. 

Direitos Humanos - O histórico da Rússia com os Direitos Humanos continua suspeitando questionamentos. Com a proximidade dos jogos, Putin parece ter abrandado as coisas: concedeu anistia aos membros da banda de punk Pussy Riot e aos ativistas do Greenpeace. Mesmo com a zona de protestos, ainda há dúvidas sobre a possibilidade de repressão do governo russo. Enquanto isso, a Human Rights Watch acusa autoridades russas de maltratar trabalhadores migrantes e assediar ativistas e jornalistas.

Recorde de gastos - $ 51 milhões. Esse é o preço total gasto para os Jogos de Sochi; de longe, o mais caro da história, seja de Verão ou Inverno. É, por exemplo, mais de três vezes o orçamento dos Jogos de Londres, em 2012. O custo inclui investimentos secundários, como em estradas, túneis e ferrovias. Tudo foi construído a partir do zero. 

Preocupações climáticas - Sochi é um resort subtropical, no Mar Negro. As temperaturas na costa costumam ser suaves mas há ainda incertezas sobre como estará o clima nas montanhas para os eventos de neve. Embora já haja uma considerável camada de neve no lugar, um período de tempo quente ou único pode gerar problemas. Como precaução, os organizadores têm armazenado com frequência centenas de milhares de metros cúbicos de neve. Não bastasse o clima, inundações e avalanches são comuns na região. 

Pontos positivos

Novos esportes - Doze novos eventos estão no programa olímpico de Sochi, com o debute das mulheres no salto de esqui. Em um aceno para a geração X-Games, o COI também incluiu o halfpipe no esqui e no snowboard. Aliás, a estrela do snowboard, Shaun White, promete apresentar uma manobra inédita em Sochi. 

Estrelas do esqui - O esqui alpino conta com o retorno de grandes estrelas americanas, como a bela Lindsey Vonn e Bode Miller, ambas com lesões no joelho - embora a participação de Vonn ainda seja incerta. Outras grandes estrelas com possibilidades de medalha estarão em Sochi: a americana Mikaela Shiffrin, de apenas 18 anos, bem como Aksel Lund Svindal, da Noruega e Tina Maze, da Eslovênia. 

Revezamento da Tocha Olímpica / Foto: Olympictorch2014.com

Layout compacto - Todos os espaços interiores e o estádio onde serão realizadas as cerimônias de abertura e encerramento estarão localizados no Parque Olímpico. É possível caminhar ou pegar um ônibus rápido para chegar a todos os locais. As disputas nas montanhas ficam a apenas 45 minutos de distância. É uma configuração bem mais compacta do que foram os Jogos anteriores, em Vancouver e em Turim. Há, ainda, a possibilidade de um novo serviço de trem para viajar entre a costa e as montanhas. 

A febre do Hóquei - Os jogadores da NHL (Liga de Hóquei dos EUA) estão de volta. O Hóquei é o esporte com que a Rússia realmente se preocupa e que espera se recuperar da desastrosa campanha em Vancouver 2010 - caíram nas quartas de finais para os anfitriões canadenses. Sochi oferecerá uma chance de redenção para a estrela do time, Alex Ovechkin, que busca desesperadamente conduzir a Rússia a seu primeiro título olímpíco desde a vitória em Albertville, em 1992, com o time unificado. Claro que o Canadá e os EUA estarão lá para dificultar o caminho dos russos. 

Locais de competição - Todos novos e prontos, chamarão muito a atenção de quem acompanhar também pela TV. Arenas reluzentes abrigarão eventos do hóquei, curling, patinação de velocidade, artística, dentre outros esportes. 

Veteranos e novatos brasileiros - Até agora sete atletas foram pré-convocados pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN). São eles: Isabel Clark (Snowboard; Isabel tem a melhor marca histórica em Olimpíadas: 9ª em Vancouver 2010), Jaqueline Mourão (Esqui Cross Country e, possivelmente, Biathlon), Leandro Ribela (Esqui Cross Country), Jhonathan Longui (Esqui Alpino), Maya Harrison (Esqui Alpino) e Lais Souza e Josi Santos (Esqui Estilo Livre). 

 

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