Seleção de Handebol celebra um ano do título mundial

Conquista foi inédita para as brasileiras  / Foto: Cinara Piccolo/Photo&Grafia

Santo André - Há um ano, o coração de muitos brasileiros bateu mais forte e os olhos do País se voltaram para um grupo de guerreiras que levantou a bandeira verde e amarela no lugar mais alto do pódio e colocou o handebol brasileiro na história. 
 
Foram momentos de muita luta, suor e, acima de tudo, coragem, para vencer as sérvias dentro da casa delas, diante de um público de 20 mil pessoas. Mas naquele 22 de dezembro de 2013, a união, a vontade e o desejo de realizar um sonho falaram mais alto. Um ano depois, todos que fizeram parte dessa conquista vêem um filme passando pela cabeça e em alguns momentos custam a acreditar, mas têm a certeza de que foi merecido e que esse foi o primeiro passo de um longo caminho de vitória. 
 
O handebol brasileiro vem evoluindo consideravelmente há anos. A Seleção Feminina já estava chamando atenção e despertando cada vez mais o interesse do público e também da mídia. O título mundial na Sérvia veio depois de um quinto lugar no Mundial do Brasil em 2011 e de um sexto nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. Nessas ocasiões faltava pouco, e as derrotas, que tanto machucaram, só serviram de estímulo para buscar algo ainda maior. 
 
Um ano depois, o coração ainda bate mais forte ao ter em mente a imagem do placar em 22 a 20 a favor do Brasil. Uma das que mais se emociona é a capitã Fabiana Diniz, a Dara, responsável por levantar primeiramente a taça no pódio. "Quando me lembro do Mundial da Sérvia, penso em tanta coisa boa! Primeiro que ganhamos", brincou a bem humorada capitã. "Mas, o que mais vem na cabeça foi a nossa convivência em grupo. Foram tantos dias maravilhosos juntas, que foram finalizados com chave de ouro. Foi divertido, foi gostoso. Pode parece que falo isso porque ganhamos, e é mesmo. Ficou claro que quando as coisas caminham em harmonia, não tem como dar errado", exclamou. 
 
Para ela, o diferencial para conquistar o título teve também, além do talento, tática e técnica, muita vontade e união. "Para mim, tivemos coragem e fomos uma equipe de 16 jogadoras dentro e fora de quadra. Para muitos, isso pode não parecer a diferença e nem é importante, mas para nós foi."
 
A vitória trouxe também outras responsabilidades, que segundo Dara, o grupo está sabendo lidar muito bem. Para a capitã, o importante é não ficar parado e continuar buscando ainda mais. "Esse ano foi duro no sentido de aprendizagem. Quando passamos a vencer, a pressão e as dificuldades aumentaram. Nunca havíamos ganhado algo tão grande e isso teve seu preço. Passamos a ser um diferencial, passamos a receber críticas, muitas vezes negativas, mas faz parte de um mundo novo para nós, o mundo dos campeões, e sinceramente é muito bom, desafiador e motivante", explicou. 
 
Eleita a melhor atleta da competição, a armadora Eduarda Amorim também destaca a união do grupo para a realização do sonho há muito tempo buscado. Para Duda, as lembranças trazem momentos extremamente agradáveis. "Sinto uma alegria imensa, lembro dos nossos sorrisos, da celebração, de como foi um momento gostoso de viver", recordou. 
 
Disputar uma final diante de um público de 20 mil pessoas, apoiando fanaticamente a Sérvia, que tinha a vantagem de jogar em casa, poderia deixar qualquer equipe intimidada, mas não foi o que aconteceu com o Brasil. "Acredito que não nos intimidamos contra a Sérvia, contra aquele ginásio lotado. Estávamos focadas e queríamos muito mesmo aquele ouro. E trabalhamos juntas, em todos os momentos do jogo", acrescentou a catarinense. 
 
O técnico Morten Soubak, apesar de lembrar com alegria dos momentos de triunfo, já projeta os próximos passos da Seleção. "Minha cabeça está à frente, nas nossas próximas metas. Ainda fico muito feliz pelo que conquistamos, mas todos nós temos que pensar à frente. Esse título talvez tenha sido uma das maiores surpresas do handebol feminino. Foi a primeira vez que o Brasil alcançou essa conquista e somente a segunda vez que um país não europeu venceu", lembrou. 
 
Ele frisa que o Brasil tem um grande trabalho pela frente se quiser se manter no topo e conquistar os próximos compromissos, como os Jogos Pan-Americanos e o próximo Mundial. "Queremos muito continuar vencendo. Hoje, as Seleções europeias nos vêem como os campeões mundiais. A equipe a ser vencida. Eles já tinham respeito por nós, pela nossa evolução, mas todos querem derrubar o atual campeão. Por isso, vamos seguir trabalhando muito para conquistar nossos próximos objetivos", acrescentou. 
 
O presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Manoel Luiz Oliveira, acompanhou tudo de perto, ao lado de outros dirigentes do handebol internacional. Antes mesmo do final da partida decisiva, estava sendo cumprimentado por todos pelo feito inédito, um motivo inigualável de orgulho, porém, para ele o que vem pela frente também é extremamente importante. "Continuamos muito felizes. O título trouxe uma série de benefícios, mas também compromissos. Passamos a ocupar um lugar maior na mídia e passamos a contar com parceiros que chegaram um pouco antes dessa conquista e que têm nos apoiado muito. Por outro lado, tudo isso nos traz uma série de outras responsabilidades. Hoje somos o país a ser batido e temos que continuar nos esforçando se quisermos nos manter em primeiro lugar", concluiu.