Testemunha achava que Pistorius se mataria após tiro em namorada

Movimentação intensa na chegada de Pistorius à corte, em Pretoria, na África do Sul

Rio de Janeiro - O quarto dia de julgamento de Oscar Pistorius em Pretoria, capital da África do Sul, foi marcado por momentos dramáticos de lembranças do dia da morte de Reeva Steenkamp, namorada do atleta biamputado, com então 27 anos. 

Johan Stipp, que mora a 72m casa do sul-africano, onde ocorreu o crime, foi a principal testemunha desta quinta-feira. Dentre outras coisas, o vizinho, que foi um dos primeiros a chegar ao local do ocorrido, mencionou o choro copioso de Pistorius, a tentativa de reanimar a apresentadora e as orações desesperadas que o campeão paralímpico fazia. 

Stipp, que é médico, foi acordado por três tiros e foi até a residênciad e Pistorius ocm o intuito de ajudar em algo que a vítima precisasse. O vizinho ouviu gritos de uma mulher assustada e viu luzes acesas na casa do velocista. 

O médico descreve com detalhes a cena que viu quando chegou à casa. "Oscar Pistorius estava ajoelhado ao lado de Reeva. Eu lembro que a primeira coisa que ele disse foi: “Eu atirei nela. Eu pensei que ela fosse um intruso e atirei nela”. Eu notei sangue misturado com o que parecia tecido cerebral preso no cabelo de Reeva", afirma.

Segundo Stipp, Pistorius ficou ao lado dela quase o tempo todo. "Enquanto eu tentava determinar se era possível reanimá-la, ele chorava e pedia pela vida de Reeva. Ele rezou para que Deus não a deixasse morrer. Ele disse, enquanto rezava, que dedicaria sua vida a Deus se Reeva não morresse naquela madrugada. Ele definitivamente queria que ela vivesse", descreve.

No depoimento, o vizinho diz interpretar como sincero o choro do atleta, além de destacar que ele tentou salvar a namorada da maneira que pode. Outro destaque do testemunho foi o temor de Stipp de que Pistorius poderia se matar. 

"Eu notei que o Oscar estava subindo as escadas e perguntei ao Sr. Stander (da segurança do condomínio de Pistorius) se ele sabia onde estava a arma, porque estava óbvio que Oscar estava emocionado e muito chateado. Eu não sabia qual era a situação na casa, então pensei que talvez ele fosse se ferir", relembra. 
 
Ao contrário dos depoimentos do terceiro dia de júri, o testemunho de Stipp parece ter sido bastante favorável à defesa de Pistorius, que mantém a tese de que o paratleta teria confundido Reeva com um intruso e, por isso, atirado nela. 

A fala de uma testemunha na quarta-feira não foi nada pró-Pistorius: um de seus amigos assumiu que, um mês antes de matar a namorada, ele havia disparado uma arma embaixo de uma mesa em um restaurante e, temendo chateações da imprensa, havia pedido que um amigo assumisse a culpa por ele. Leia mais aqui