Programa do COB beneficiará 13 atletas em transição de carreira

 Depois de brilharem nas quadras, pistas e piscinas representando o Brasil mundo afora, 13 atletas olímpicos e pan-americanos de nove modalidades passarão a integrar uma nova equipe / Foto: Heitor Vilela/COB

Rio de Janeiro - Depois de brilharem nas quadras, pistas e piscinas representando o Brasil mundo afora, 13 atletas olímpicos e pan-americanos de nove modalidades passarão a integrar uma nova equipe. 

Em processo de transição de carreira, eles agora fazem parte da terceira turma do Programa de Apoio ao Atleta, uma iniciativa do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), área de Educação do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que visa oferecer condições e ferramentas para que os atletas possam se preparar da maneira adequada para a transição de carreira. A apresentação dos novos participantes do PAA foi realizada nesta quinta-feira, dia 17, no auditório do COB, no Rio de Janeiro. Criado em 2012, o PAA já ajudou na capacitação de outros 20 atletas.
 
A terceira turma do PAA terá os seguintes participantes: André Domingos da Silva (Atletismo), Antoine Jaoude (Lutas), Elisângela Adriano (Atletismo), Fabiana Alvim (Voleibol), Franco Vieira Neto (Vôlei de Praia), Gabriel Mangabeira (Natação), Hudson de Souza (Atletismo), Joanna Maranhão (Natação), Juliana Veloso (Saltos Ornamentais), Lígia Silva (Tênis de Mesa), Natalia Falavigna (Taekwondo), Ricardo Mello (Tênis), Tatiana Lemos (Natação).
 
O diretor do Instituto Olímpico Brasileiro, Augusto Heleno Pereira, deu as boas vindas aos novos integrantes do PAA. “Os atletas são a razão de ser da existência do COB, então hoje é uma data muito especial, porque estamos indo diretamente em um dos nossos mais importantes objetivos, que é atender os atletas. Esperamos que o Programa de Apoio ao Atleta ajude a mudar a vida de vocês”, afirmou Augusto Heleno.
 
A campeã olímpica Fabi anunciou no mês passado que estava deixando a Seleção Brasileira de vôlei. Apesar de continuar jogando pelo seu clube, no Rio de Janeiro, a líbero já começa a pensar no que fará quando encerrar a carreira. “Muito bacana a iniciativa do COB de dar oportunidade para ex-atletas, mas eu estou em atividade. Acho que vai ser muito importante, principalmente para decidir o que fazer depois. Ter uma orientação, gratuita, me surpreendeu muito. Não poderia ter um planejamento melhor para o final da minha carreira. Estou muito feliz”, comentou Fabi.
 
A medalhista de ouro em Londres 2012 e Pequim 2008 já têm algumas ideias do que pretende fazer no futuro, mas espera que o PAA lhe dê orientações da melhor carreira a se seguir. “Todos nós queremos desenvolver um projeto de continuidade, pra que possamos capacitar novos atletas para atingir esse objetivo do COB de quebrar o nosso recorde de medalhas olímpicas e alcançar os resultados esperados em 2016. Ainda não sei se vou ser uma gestora tão boa como fui como atleta, mas tenho muita vontade de aprender e contribuir para o esporte brasileiro”, observou a carioca, de 34 anos.
 
Outra que está se distanciando aos poucos dos treinamentos e competições é a nadadora Joanna Maranhão. Quinta colocada na final olímpica dos 400m medley, em Atenas 2004, a pernambucana despediu-se das piscinas em janeiro e agora pretende utilizar o Programa de Apoio ao Atleta como ferramenta principal para especializar-se em uma nova carreira. “Já comecei a tirar o pé desde que pedi dispensa da seleção. Hoje, praticamente eu só nado os campeonatos pela faculdade e os regionais. Não quis uma transição muito brusca. Diminuí os treinos e aumentei a carga nos estudos. Para mim, está sendo um processo tranquilo, apesar de algumas vezes ser um pouco assustador. Eu encaro como um desafio bacana. Agora eu quero ser a melhor que eu possa ser seja lá em qual área que eu escolha”, ressaltou Joanna. 
 
Atualmente com 26 anos, Joanna pretende seguir trabalhando nas piscinas, mas desta vez como treinadora, atividade que ela já vem desenvolvendo em um clube do Recife. “Esse projeto do COB se torna mais importante por que ser atleta de alto rendimento no Brasil não está ligado com o desenvolvimento acadêmico. Então é muito importante termos uma estrutura educacional caminhando lado a lado com a carreira esportiva. Estou muito animada., gosto de tudo o que é novo. O coaching do PAA vai me dar um norte e ajudar a mostrar quais são as minhas prioridades”, avaliou Joanna, que dedica-se ainda a uma ONG criada por ela para ajudar crianças vítimas de abuso sexual.
 
O lutador Antoine Jaoude, 37 anos, tentará vaga para os Jogos Olímpicos Rio 2016, mas já pensa no pós-carreira de atleta. “Fico feliz que vou poder conciliar esse programa com o meu esporte. Gosto muito dessa área de gestão esportiva. Vou aproveitar muito, principalmente com os jovens, para orientá-los para que não cometam alguns erros que eu cometi. O Brasil já está colhendo resultados, principalmente com os atletas mais jovens. É possível ver isso nos Jogos Olímpicos da Juventude, no nível dos nossos Jogos Escolares. Nunca vi uma iniciativa dessas nos países que tenho mais contato, como Bulgária e Rússia. Impressionante essa iniciativa. Acredito que a gente terá um futuro muito promissor”, projetou Jaoude, medalha de prata nos Jogos Pan-americanos Santo Domingo 2003, na luta livre.
 
Programa já capacitou 20 atletas - O Programa de Apoio ao Atleta (PAA) é desenvolvido de forma a dar aos atletas condições favoráveis para que possam conquistar o mesmo sucesso alcançado em suas carreiras esportivas, agora na fase de transição e no futuro ingresso no mercado de trabalho.  Os atletas são beneficiados por meio de diferentes serviços, visando à promoção educacional e o suporte na transição de carreira, tais como: oportunidades de estágios, programas de trainees e vivências profissionais; aquisição de bolsas de estudos em diferentes áreas, entre outros. O programa dura em média um ano e uma das atividades que permeia todas as outras é o processo de atendimento de Coaching, visando à criação de um plano de desenvolvimento de carreira profissional. 
 
Todos os atletas passam por um ciclo de atendimentos, totalizando, em média, 12 sessões por ano. O Coaching é liderado pelo especialista Antônio Carlos Moreno, que disputou quatro edições de Jogos Olímpicos como jogador de vôlei. Os objetivos principais desta ação são: enaltecer os pontos fortes; ensinar a lidar com os pontos fracos; ajudar a descobrir seus objetivos e como alcançá-los; propiciar autoconhecimento; ajudar a nortear as ações para conquistar objetivos. 
Uma novidade desta terceira edição é a participação de atletas que já participaram do PAA, agora como orientadores, dando um suporte aos novos participantes.  Fabiola Molina e Daniela Polzin participarão como orientadoras da nova turma.
 
Desde 2012, foram atendidos pelo PAA 20 atletas olímpicos e pan-americanos:: Adriana Behar (Vôlei de Praia), Anderson Rodrigues (Vôlei), Bruno Souza (Handebol), Camila Carvalho (Remo), Cassius Duran (Saltos Ornamentais), Daiane dos Santos (Ginástica Artística), Daniela Polzin (Judô), Emanuel Rêgo (Vôlei de Praia), Fabiola Molina (Natação), Hugo Hoyama (Tênis de Mesa), Lara Teixeira (Nado Sincronizado), Marina Canetti (Pólo Aquático), Marcelo Elgarten (Vôlei), Marcelo Machado (basquete), Maurren Higa Maggi (Atletismo), Monique Ferreira (Natação), Nalbert Bitencourt (Vôlei), Pedro Cunha (Vôlei de Praia), Raquel Peluci (Vôlei) e Vicente Lenilson (Atletismo).