Mudanças nas regras aproximam boxe Olímpico do profissional e dividem opiniões

O brasileiro Robson Conceição, ainda com o protetor de cabeça, em combate válido pelos Jogos Olímpicos Pequim 2008 / Foto: Jonathan Ferrey / Getty Images

Rio de Janeiro - Importantes mudanças nas regras do boxe vão estrear em Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016. As alterações buscam aproximar o esporte Olímpico do profissional e foram testadas pela primeira vez no fim do mês de outubro, em Almaty, no Cazaquistão, durante o Campeonato Mundial 2013 da AIBA, federação internacional que regulamenta o boxe Olímpico. Entre as mudanças, as mais relevantes são: a criação de uma nova liga, a APB (AIBA Pro Boxing), a retirada do protetor de cabeça (apenas para os homens), que também tem como objetivo facilitar o reconhecimento dos atletas pelo público, e a mudança na contagem dos pontos.

Para saber se as mudanças são positivas ou negativas, o site rio2016.com ouviu pugilistas medalhistas Olímpicos e mundiais, como o italiano Clemente Russo e o brasileiro Robson Conceição, o ex-campeão mundial dos superpenas e dos leves, Acelino Popó Freitas, que nunca lutou em Jogos Olímpicos, mas conquistou uma medalha de prata nos Jogos Pan-americanos Mar del Plata 1995, e Breno Pontes,  líder de Competição do Boxe do Comitê Rio 2016.
 
Detentor de duas medalhas de prata (Pequim 2008 e Londres 2012) em três participações Olímpicas, Clemente Russo é uma das estrelas do boxe italiano da atualidade. No Mundial de Almaty, ele voltou a subir no pódio (foi derrotado pelo russo Evgeny Tishchenko na final dos pesados) e garante que estará presente nos Jogos Rio 2016.
 
“A criação da Liga Profissional APB foi oportuna. Adoro o fato de poder combater como profissional e manter a minha elegibilidade Olímpica”, afirmou Clemente, que também apoiou a retirada do protetor de cabeça.
 
“Eu gosto delutar sem o protetor. Consegui aproveitar a minha experiência semiprofissional na WSB (World Series of Boxing), onde também se luta sem protetor de cabeça. No Mundial de Almaty, eu me senti seguro, lutando com maestria e mantendo uma distância justa. Nos adversários, eu notei  a hesitação”, disse Clemente.
Já o brasileiro Robson Conceição, medalha de prata nos Jogos Pan-americanos Guadalajara 2011 e no Mundial de Almaty, afirmou que atletas, árbitros e todos os demais envolvidos no esporte estão passando por um período de adaptação.
 
“As mudanças foram muito boas para o público, mas para os atletas ficou um pouco complicado. Com a retirada do proteor de cabeça, o atleta tem chances reais de levar uma cabeçada. Como o tempo de recuperação é muito pequeno entre os combates, principalmente da semifinal para a final, se você abrir um corte no supercilho, por exemplo, e precisar de um ponto cirúrgico, você estará automaticamente eliminado”, avalia Robson Conceição.
 
“Ou seja, os atletas têm que mudar a forma de lutar, entrar menos com a cabeça e priorizar a defesa. Os árbitros também precisam se adaptar às novas regras e acredito que até 2016 todos estarão mais acostumados às mudanças”, opinou o pugilista baiano.
 
Líder de Competição do Boxe do Rio 2016, Breno Pontes acompanhou o Mundial de Almaty in loco desde o início e também opinou sobre as mudanças. Ele disse que o campeonato foi bem organizado e, acima de tudo, bem competitivo. Mas fez algumas ressalvas. “As mudanças nas regras dividem opiniões. Sem protetor, o maior campo de visão ajuda muito, e o público consegue ver o rosto do ídolo, além de ver mais claramente se o golpe realmente atingiu e magoou o boxeador. Mas quanto ao número de cortes, realmente atrapalha para o vencedor que tem que lutar o combate seguinte, já com um corte a um soco de reabrir”, alertou.
 
“Hoje, o número de WO em função de vencedor sair do ringue com graves cortes é mais alto do que como era antes, o que é péssimo. Mas, com o tempo, os boxeadores ajustarão o estilo de lutar e, certamente, esse número voltará ao normal. Acredito que os juízes também estão ainda no processo de adaptação em relação às mudanças de regras e, por isso, um ou outro resultado surpreendeu negativamente. Mas, no geral, o Mundial foi ótimo”, lembra.
 
As mudanças nas regras do boxe Olímpico também foram motivadas pela sensível queda de audiência do esporte, principalmente no Brasil, muito em função do crescimento do MMA (Mixed Marcial Arts), conhecido também como vale-tudo. Para o baiano Acelino Popó Freitas, o país sofre com a carência de ídolos nacionais no esporte.
 
“Não acho que público e mídia se distanciaram do esporte por causa do MMA. Acho simplesmente que faltam ídolos no boxe. Eu fui campeão mundial depois de 25 anos que um brasileiro conquistou um título. No MMA, por exemplo, nós temos diversos campeões mundiais e ídolos internacionais do esporte como o Cigano, o José Aldo, Anderson Silva e Minotauro. Acredito que é só aparecer um novo ídolo para reaproximar o esporte do público e da mídia”, opinou o atleta, de 38 anos, que deverá voltar aos ringues para enfrentar o filipino Manny Pacquiao.
 
Além disso, a contagem de pontos do boxe Olímpico não é mais feita pelo número de golpes computados, mas em uma pontuação parecida com o boxe profissional (até dez, com a diferença que em todos os assaltos haverá obrigatoriamente um vencedor). Cinco árbitros são escalados para cada combate, e três são escolhidos por sorteio para definir o vencedor.
 

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