Espanha busca colaboração com o Brasil no controle antidopagem

Reunião entre representantes de Brasil e Espanha / Foto: Ministério do Esporte

Rio de Janeiro - Diretor da Agência Espanhola de Proteção à Saúde no Esporte (AEPSAD), Enrique Gómez Bastida está no Brasil para iniciar uma colaboração com a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). O objetivo tem como foco principal a experiência que o país irá adquirir com a Copa do Mundo de Futebol (entre 12 de junho e 13 de julho) e os Jogos Olímpicos do Rio 2016.

“Podemos não ter modelos iguais, mas partimos de ideias, de lições acumuladas com experiências anteriores, em busca de conclusões que possam ser aplicadas”, diz o diretor da AEPSAD, que esteve em Brasília, em visita ao secretário nacional para a ABCD, Marco Aurelio Klein. 

A AEPSAD tem apenas um ano e atua desde que todos os departamentos de controle de dopagem das várias federações esportivas espanholas foram unificados. “É uma agência nova e estamos aqui no Brasil para trocar informações em matéria de trabalho de inteligência”, explica o diretor espanhol.
 
Além das provas analíticas, relacionadas a testes de urina e sangue, por exemplo, para detecção de substâncias proibidas, a Agência Mundial Antidopagem (AMA) vem investindo em infrações não-analíticas — o que é um passo adiante no combate à dopagem. Daí a extensão do trabalho, com investigações que necessariamente envolvem a polícia, a alfândega, a área de saúde e a indústria farmacêutica.
 
Em seu país, Enrique Gómez trabalhou na inteligência da área policial no combate a substâncias proibidas em dois períodos — de 2005 a 2008 e de 2011 a 2013. Com apenas 36 anos, ele está estabelecendo parcerias como essa, com a ABCD, e ainda com agências de potências como a dos Estados Unidos, Austrália e Noruega, que têm mais tempo na área de antidopagem, além do Reino Unido – que vem da experiência dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
 
“Nessa colaboração procuramos a eficácia de controles e de investigações de centros de conduta ilegal. Podemos lembrar o caso do Lance Armstrong (ciclista norte-americano, ganhador de sete Voltas da França), que nunca foi pego em testes analíticos, mas que acabou banido do esporte devido a investigações e colaborações conjuntas da polícia, da polícia de fronteira, etc”, lembra o diretor da AEPSAD.
 
Dessa forma, o Brasil pode ter a Espanha como mais uma referência de trabalho quanto ao uso de inteligência no combate às substâncias ilícitas e ainda na educação de atletas (e da sociedade em geral), na prevenção e no controle de substâncias proibidas no esporte. Ao mesmo tempo, é do interesse da agência espanhola participar dos grandes eventos no Brasil, como observadora.
 
Mesmo com problemas diferentes — Enrique Gómez assinala que as fronteiras brasileiras, por exemplo, têm extensão continental se comparadas à maioria dos países da Europa —, há pontos comuns entre o Brasil e a Espanha. E a troca de ideias e experiências, diz o diretor, irá contribuir no desenvolvimento dos programas nacionais antidopagem das duas jovens agências, a do Brasil e a da Espanha.