O impacto dos Jogos Rio 2016 na cidade do Rio de Janeiro

Carlos Nuzman e o Diretor Executivo do COI Gilbert Felli (atrás, de óculos) na sede do Comitê Organizador Rio 2016 / Foto: Alex Ferro /Rio 2016™

Rio de Janeiro - Em artigo publicado no 1º. de maio de 2013 no jornal O Globo, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e do Comitê Olímpico Brasileiro, destaca a importância e o poder de transformação que os Jogos terão para a cidade e para o país. 
 
Confira o artigo:
 
Os Jogos Rio 2016 e a questão Capital - Em 2016, o Rio de Janeiro viverá a inédita experiência de sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o maior evento do mundo. Há mais de 50 anos, após a transferência da sede do governo federal para Brasília, poucos ousariam arriscar um palpite tão promissor para o Rio. Muito menos dimensionar que os desafios assumidos teriam como recompensa a transformação total da cidade: da infraestrutura à nossa autoestima.
 
No século XXI, o Rio de Janeiro será a primeira cidade a sediar os Jogos sem ser a capital do país. Em 120 anos de Era Olímpica Moderna, é apenas a 11ª vez que essa situação acontece. É inegável que, ao estabelecer uma jornada que difere daquelas percorridas por Atenas, Pequim e Londres — históricos centros políticos e naturais polos de atração de investimentos, pelo fato de serem capitais nacionais —, o Rio supera o fato de estar longe do poder central para ter a oportunidade de organizar e realizar Jogos que orgulharão o país inteiro.
 
Com a vantagem estratégica de ter um projeto técnico em total compatibilidade com o plano de desenvolvimento da cidade, o Rio, graças ao esporte, está tirando da gaveta projetos que aguardavam há décadas pela perfeita conjugação entre vontade e alinhamento políticos, dotação orçamentária e capacidade de realização. Mudanças urbanas históricas e sintonizadas com as mais caras aspirações dos cariocas em termos de mobilidade, segurança, avanço social, impacto cultural e infraestrutura esportiva finalmente estão ganhando um contorno prático e, por mais que o efeito a longo prazo signifique uma nova cidade, estamos diante de transtornos intrínsecos a todo processo de transformação.
 
O fato é que hoje os Jogos ainda estão associados às obras e aos naturais transtornos da transferência de instalações esportivas para novos endereços. Nas quatro regiões definidas para receber competições — Barra, Copacabana, Deodoro e Maracanã — as intervenções são de tal ordem que já começaram a sensibilizar os cariocas. É preciso, porém, ter em vista a certeza de que a cidade avança celeremente a passos largos, fazendo o futuro acontecer agora.
 
Na forma como está desenhado, o projeto Rio 2016 vai permitir que todos os cariocas sejam favorecidos pela modernização urbana, com um crescimento sustentável. Além disso, em pouco mais de três anos, teremos dois Parques Olímpicos: o da Barra, que legará ao Rio o Centro Olímpico de Treinamento, o mais moderno da América do Sul; e o de Deodoro, onde, após os Jogos, a população poderá usufruir do Parque Radical e de outras instalações esportivas, na região que concentra enorme quantidade de jovens em torno dos 18 anos. Com a nova estrutura voltada à prática de esportes, o Rio oferecerá diferenciais que favorecerão diretamente não só a cidade, mas todo o país.
 
A importância dos Jogos Rio 2016 é tão evidente que o setor privado entendeu ser necessário apostar no futuro de uma cidade que sabe aonde sempre almejou chegar. O aumento de 50% da capacidade hoteleira, associado à revitalização da região portuária, reconcilia a capital carioca com sua vocação turística natural. Além do Porto Maravilha, outras parcerias foram formadas, e os governos puderam ser desonerados dos custos de uma série de projetos de larga escala.
 
O segredo do sucesso dos Jogos Rio 2016 está na união dos três níveis de governo e de toda a sociedade, na compatibilização de expectativas em favor de uma mudança histórica. O esforço de organização do maior evento do planeta é daqueles casos em que as dificuldades adicionais tornam os resultados ainda mais recompensadores. Tudo para que o Rio possa substituir outra cidade-sede que não era capital — Barcelona — como o maior exemplo de transformação promovida pelos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.